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5 perguntas para o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos

Para o autor de "Casamento: missão quase impossível", não dá para idealizar a vida a dois e nem cair em generalizações

Por Liliane Prata
Atualizado em 27 out 2016, 22h58 - Publicado em 16 jan 2016, 07h00

1 Que mudanças fundamentais o casamento sofreu nas últimas décadas?
Houve uma mudança gigantesca de comportamento e isso alterou o significado do casamento. Antigamente, a mulher era dependente do homem, e o homem se escorava na submissão feminina. As relações tendiam a durar, mesmo que fossem brutalmente infelizes. Desse modelo patriarcal, o casamento foi para o dualismo. O objetivo era a família e, agora, mesmo que haja filhos, o objetivo é ter ao seu lado um companheiro ou companheira, compartilhar amizade, ideias, diversão.

2. Qual é o principal desafio hoje para se manter casado e feliz?
No começo da relação, tudo são rosas. Com o tempo, vão aparecendo as dificuldades, as divergências, principalmente depois que os filhos nascem. As pessoas precisam renunciar a desejos individuais em prol da família, e hoje é muito difícil renunciar. Além disso, antes a renúncia cabia mais à mulher. Hoje, mesmo que a mulher, em muitos casais, ainda renuncie mais que o marido, espera-se que o homem seja um bom pai, um marido atencioso – ou seja, que faça concessões e se dedique à vida em família também, assim como sua esposa. Também existe uma maior variedade de modelos, e não só o formato tradicional de casamento, aquele do “até que a morte os separe – ainda que estejam infelizes juntos”. Enfim, toda generalização é uma burrice, porque cada caso é um caso, mas o principal desafio continua sendo o da convivência harmoniosa.

3. Relacionamentos abertos funcionam?
São incomuns, mas estão se instalando em casais moderninhos e podem funcionar em alguns casos. No entanto, vejo muitas relações que têm esse formato se deteriorando. Minha impressão é que, no começo, funcionam bem e, depois, o casal vai se desgastando. Mas é claro que o desgaste também existe nos casamentos monogâmicos. Mentir é necessariamente ruim? De novo, cada caso é um caso e não há solução mágica que valha para todo mundo.

4. A infidelidade feminina tem aumentado?
Sim. Sempre existiu, mas, antigamente, era muito mais rara. Percebo esse aumento no dia a dia do consultório. Até já aconselhei uma paciente que era feliz no casamento, mas tinha um amante, a continuar com os dois. É uma questão que depende da personalidade. Tem gente que precisa ter uma relação estável, sólida, e viver as aventuras fora de casa. Não é que seja o ideal, ou, pelo contrário, que seja nocivo para a relação. É simplesmente o que ocorre, o modo como cada um conduz seus desejos. Mas sim, a mulher hoje trai mais e, entre meus pacientes, percebo que para o homem costuma ser mais dolorido e humilhante ser traído do que para a mulher. Afinal, ainda se condena a mulher “namoradeira”, que ainda é chamado por muitos de “vagabunda”. Há os que santificam a imagem da mulher e perdem o chão quando descobrem que ela ficou com outro. Todos, homens e mulheres, querem ser felizes e ter uma vida sexual satisfatória, mas a mulher que trai ainda é mais malvista pela sociedade do que o homem. O aspecto cultural nesse sentido é muito forte.

5. O que você gostaria de falar para quem está casando agora e idealiza muito a convivência a dois?
Deus o ajude! (risos). Procure manter o companheirismo, a constante troca, esteja sempre presente. Casamento é um período importante na vida, contribui para o amadurecimento, mas não é para qualquer um e não precisa ser para a vida toda. Essa consciência da finitude da relação pode gerar ansiedade, mas também pode dar força para continuar junto com o parceiro ou parceira, sempre renovando a relação.
 

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