Eu x eles – Conto de Amor e sexo
Recém-casada, Aline desconfia do marido e contrata uma detetive especializada em traições
Foto: Getty Images
Nunca me conformei por que os homens odeiam tanto ir ao shopping com a mulher. Meu Marcus não é diferente. Naquele verão de 1990, a três semanas do nosso casamento, ele não se ofereceu para me ajudar com os últimos preparativos para a festa. “Vou jogar bola com meus amigos. Na volta, pego você, gata”, disse ele, ao me deixar na entrada do centro de compras.
Na maior parte das vezes, para não me sentir tão sozinha, chamava uma amiga. Ele nos dava carona. “Seu marido é como todos: odeia esperar a mulher na loja… Por que adoramos tanto essa raça, hein?”, brincava Giulia, minha companheira nesses momentos “sem noivo”.
Se ele não curtia muito a ideia de me ajudar com o enxoval, por outro lado adorava me levar para tomar vinho com seus amigos. Ele participava de um grupo de amantes de charuto chamado “Os Lords”. Nesses encontros, as esposas iam para um lado do salão, falar de receitas, bolsas, sapatos e regimes, enquanto os rapazes fumavam cigarros fedorentos e discutiam futebol e política.
Marcus era de uma família de posses. Eu não. Para nos casar, tive de vencer a resistência de uma sogra muito preconceituosa. “Aline, mamãe só está se acostumando com você… Apenas isso”, dizia, quando percebia meu incômodo com a cara feia que ela costumava fazer ao me ver.
Em casa, meus pais também não aprovavam a união, mas me apoiavam. “Filha, esses ricos nem sempre tratam as pessoas com respeito. Se ele lhe fizer algo de errado, fale para nós”, recomendava papai. Eu sorria e agradecia muito aquele torneiro mecânico maravilhoso que havia me educado e permitido que eu fizesse minha faculdade de administração.
Finalmente, o dia do matrimônio chegou. A igreja estava ricamente decorada, e todos os convidados nos aguardavam com ansiedade. Ao entrar com meu pai, vi Marcus no altar. Ele chorava como nunca tinha feito antes. E eu? Estava muito feliz por me unir ao homem que amava.
Depois dos votos, Marcus continuou chorando copiosamente. Na hora do beijo, lágrimas ainda caíam. Isso era estranho demais. “É muita emoção, amor…”, murmurou. Pela primeira vez nos cinco anos de relacionamento, achei que não estivesse dizendo a verdade. Aquilo não era emoção, e sim puro arrependimento.