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O amor é cego

Márcia se apaixona pelo seu colega de trabalho

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 16 jan 2020, 15h27 - Publicado em 29 mar 2012, 21h00

Eu não sabia exatamente qual era a marca daquele perfume, mas conhecia seu odor como ninguém. Todas as vezes que ele passava por mim, sentia aquela fragrância invadir o ambiente, me deixando hipnotizada e… excitada. Acho que havia uma mistura de almíscar com patchouli na dose exata. Provavelmente era uma colônia pós-barba. Durante muitos meses fiquei com aquela dúvida. Toda vez que cruzava com ele nos corredores do escritório onde trabalhava sentia vontade de falar: “Olá, tudo bem? Nunca nos falamos, mas mesmo assim gostaria de saber o nome do perfume que você usa…”. OK, eu sei, seria estranho uma mulher que ele mal notava fazer esse tipo de pergunta. Porém, em algum momento, eu teria que satisfazer minha dúvida. E foi o que fiz naquela tarde de sexta-feira, quando as pessoas da minha área, telemarketing, se preparavam para ir embora.

“Gustavo, tudo bem? Sou a Márcia do departamento ao lado”, murmurei, estendendo-lhe a mão. Ele me encarou como se eu fosse uma extraterrestre visitando a Terra. “Bem, pelo menos, você já sabia meu nome”, devolveu, sem graça. Quando notei o desconforto no ar, inventei uma mentira cabeluda: “Eu quero dar um perfume para meu namorado. E talvez você possa me indicar algum”, falei com vontade de rir porque, evidentemente, não tenho ninguém.

Gus, como era chamado pelos colegas, riu gostoso e ficou com o rosto corado. “Eu não entendo dessas coisas. Quem compra minhas colônias é a patroa”, disse. P-A-T-R-O-A: aquela palavrinha mágica me desconcertou. Ele era casado?! Por que não usava aliança? Mantive a pose e esperei pelo nome da tal fragrância. “Acho que uso uma chamada Banho de Montanha”, falou. Agradeci a dica – embora achasse o nome esquisito para um perfume – e me despedi. Ele, sem graça, foi embora, levando suas pernas grossas, barriga tanquinho e um bumbum de tirar o fôlego. Pense: “Ai, meu Deus… esse gostosão é casado!”.

Passei o final de semana tentando esquecer de tudo aquilo: dele, do perfume, do meu desejo. Se consegui? Não! Na segunda-feira seguinte, lá estava eu no escritório, observando-o discretamente. “Será que ele amava a esposa a ponto de não me desejar nem um pouquinho”, pensei, cheia de ideias na cabeça.

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