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Além da música, Diogo Nogueira se recompõe e encanta na cozinha e no surfe

O cantor mostra, em suas lives e na rotina, que a junção de samba e comida é um remédio poderoso para espantar a monotonia e tristeza

Por Ana Carolina Pinheiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
19 jun 2021, 11h00

“Um gentleman, não levantava a voz pra nada, sempre tinha algo interessante pra ensinar, oferecia conforto e fazia samba sobre todos os assuntos”: é assim que o cantor Diogo Nogueira, 40 anos, define um de seus mestres, o sambista Nelson Sargento, de quem se despediu dois dias antes desta entrevista.

O vínculo com o presidente de honra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira – que morreu no dia 27 de maio, após o diagnóstico de Covid-19 – era íntimo e regado de muita admiração.

“O Seu Nelson era um grande amigo da família, me viu nascer e tive a honra de dividir o palco com ele. Um dos encontros mais marcantes foi na volta do Clube do Samba, projeto que reunia sambistas de várias gerações. Naquele dia, conversamos por horas. Fico superemocionado de lembrar, porque foi uma aula de vida pura e sincera”, diz o carioca, que carrega desde então os valores passados por Nelson.

Acostumado às rodas de samba desde a infância, Diogo não via, a princípio, a música como uma escolha profissional. Isso ele deixava para o pai, o grande compositor e sambista João Nogueira, que, por sua vez, também era filho de músico. O futebol era o que fazia os olhos de Diogo brilharem e ocupou boa parte da sua rotina até os 25 anos, quando uma lesão no joelho o obrigou a parar.

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Mas ainda não foi isso que o aproximou dos palcos. Em 2000, após um infarto levar seu pai à morte, Diogo cantou para homenageá-lo. Desde então, não parou mais – primeiro em bandas e, depois, solo – e tem Beth Carvalho como sua madrinha musical.

Sem poder fazer shows presenciais desde o começo da pandemia, Diogo apostou nas lives para continuar conectado ao público. A experiência como apresentador do programa Samba na Gamboa, da TV Brasil, ajudou na desenvoltura em frente às câmeras. Ainda assim, ele sente falta da troca única que acontece numa apresentação.

Aprendi em casa a ter caráter e discernimento para alcançar meus sonhos sem passar por cima de ninguém. É uma herança familiar que carrego comigo

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“A gente se comunica por meio da tela, mas não é a mesma coisa. Temos que esperar decisões governamentais para colocar a cultura, que, neste momento, está calada, de volta na rua”, considera o artista. Enquanto espera, ele tem aproveitado o período para compor faixas inéditas, como Bota Pra Tocar Tim Maia, lançada no seu último álbum visual, Samba de Verão.

“O processo criativo é importante para a chama não se apagar e ficarmos no escuro. Precisamos abrir essas portas para transmitir nossa verdade e a cultura, além de manter a história viva”, reflete Diogo, que também reconhece a responsabilidade de conduzir a carreira e a equipe de forma independente agora, sem o apoio de uma gravadora.

Na cozinha

No Dia das Mães deste ano, o cantor levou o público para dentro de sua casa, mais especificamente, para a cozinha. Na companhia da mãe, Dona Ângela, o sambista se desdobrou entre o microfone, samba no pé e o preparo de uma paella – tudo com maestria. Para ele, música e comida são indissociáveis.

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“Faz parte da cultura do samba. Onde tem samba, tem comida e vice-versa”, afirma o cantor, que aprendeu a manusear as panelas e dosar os temperos com a família. “Gosto de preparar e de comer. Cozinho desde a adolescência e estudo diariamente, observo o trabalho de chefs de cozinha. Aprendo com eles, mas também gosto de inventar as minhas coisas”, explica o taurino (óbvio!).

diogo nogueira
(Divulgação/Reprodução)

A partir dessas criações, surgiu a ideia de registrar vinte receitas no livro Diogo na Cozinha (Pé na Areia, 24,90 reais, no site diogonacozinha.com.br). “Tenho meus segredos pra fazer minha comidinhas. Quis dar aos leitores um material para consultar e poder criar seus pratos”, explica Diogo, que ensina de entradas a sobremesas.

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Além da gastronomia, outro bálsamo na vida do carioca é o surfe, um amor antigo. “Pratico desde os 7 anos. Comecei a surfar antes de jogar futebol, que, inclusive, foi o motivo de eu ter parado de pegar onda”, revela.

O esporte voltou à sua rotina depois da guinada de carreira para a música. Em viagens de férias – uma das últimas foi para as Ilhas Mentawai, na Indonésia –, Diogo aproveita para registrar as manobras com a prancha. “Estou juntando cenas para fazer um documentário sobre a minha história nesse esporte que tanto admiro, respeito e amo. Temos grandes surfistas brasileiros, como o Italo Ferreira e a Tatiana Weston-Webb. Somos os melhores do mundo”, diz o cantor.

A lista de hobbies de Diogo é extensa, o que gerou nas redes sociais brincadeiras comparando o cantor ao apresentador Rodrigo Hilbert. Quando pergunto se ainda sobra espaço para a calmaria, o sambista é preciso: “Não é uma faca no peito, pelo contrário, é vital”, afirma ele, que se separou durante a pandemia e passou a ficar ainda mais tempo na própria companhia.

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“Ficar de boa é maravilhoso, porque você faz reflexões. Você se encontra, se revê. Gosto de estar sozinho e ter essa interação comigo mesmo. Daí que surgem as ideias”, garante.

Mesmo confortável com a sua individualidade, o que move e estrutura o sambista é a família. Os valores nutridos em seu lar são transmitidos por meio de muita conversa com o filho Davi, 15 anos, fruto do seu casamento com Milena Nogueira.

“Ele é um cara muito importante em toda a minha evolução como homem e pessoa. Mostro os caminhos para que ele seja um cara feliz, que concretize sonhos e desejos com integridade, respeitando as pessoas e fazendo a diferença nessa loucura de mundo que vivemos. Foi isso também que aprendi com meu pai”, fala.

Para Diogo, a transparência que usa em casa também é a chave para se conectar com o público de forma verdadeira. “Aprendi com a minha família a respeitar as diferenças entre indivíduos. Isso faz com que tanto uma menina de 20 anos como uma senhora de 80 anos possa se identificar e criar admiração por mim e pelo meu trabalho”, considera Diogo, que segue os passos do pai e do mestre Nelson Sargento, esbanjando jogo de cintura e talento, como um bom malandro carioca, mas sem perder o toque de gentleman.

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