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O guia de viagem de Berlim por Maju Coutinho

A responsável por anunciar as previsões climáticas no "Jornal Nacional", relembra seus dias de sol explorando as ruas da capital alemã a pé e de bicicleta e fala de belezas arquitetônicas, delícias gastronômicas e muita cultura

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 1 nov 2016, 18h52 - Publicado em 12 out 2016, 07h00

“Ela bailava entre nós. Ora tremulava para a esquerda, ora para a direita. Por vezes, a cor amarelo-alaranjada ficava mais intensa; depois, o azul dava o tom. A chama dançava dentro de um pequeno recipiente sobre a mesa do restaurante tailandês The Ponch, na Ackerstrasse, em Berlim. Ali, o slogan é ‘Fique, coma e ame’. De repente, a pontinha do cardápio de papel que meu marido, Agostinho, segurava pegou fogo. Nosso jantar romântico de despedida da capital alemã começava a virar uma comédia-pastelão. Um garçom prontamente veio nos socorrer e caímos na risada sob os olhares compreensivos dos outros clientes. Escolhemos os pratos: eu fui de gaeng phed daeng; ele, de gaeng kiew wan. Ambos levam frango, tofu e vegetais, mas muda a cor do curry. O meu era vermelho; o dele, verde. Poucos minutos depois que a comida chegou, todo o diminuto salão gargalhou: uma das nossas colheres de louça, do nada, partira-se ao meio. Agostinho brincou: ‘Imagine se esse fosse nosso primeiro encontro?’

Reprodução/Instagram
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O gaeng kiew wan (curry verde), prato que conquistou Agostinho no The Ponch. 

Comecei pelo inusitado final da viagem, mas já volto ao início, também em um restaurante asiático de Berlim – eles têm alguns ótimos exemplares da culinária oriental. O Minty serve comida vietnamita e nos foi apresentado por um amigo brasileiro, Marcus Vinícius Marinho, que é diplomata na Alemanha, e sua namorada, a ucraniana Valentina Gheorghita. No jantar, os dois nos contaram como vivem na cidade. Se no Brasil um diplomata tem carrão, lá tem magrela. É de bicicleta, ônibus, metrô ou a pé que a maioria da população se locomove pelas ruas planas e bem sinalizadas. Fizemos, então, como os locais.

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Getty Images
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Um dos monumentos históricos mais famosos da cidade é o Portão de Brandemburgo, no centro. 

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Flanando pelas vias da capital alemã, é impossível não notar o Ampelmann. Trata-se das imagens exibidas no semáforo de pedestres: um homenzinho vermelho de chapéu, pernas unidas e braços abertos, que sinaliza o impedimento da travessia; e outro, verde, que parece caminhar, indicando permissão para atravessar. Essa figura tem 55 anos e foi criada por Karl Peglau, psicólogo de trânsito da então República Democrática Alemã (Alemanha Oriental). Peglau inventou esse boneco porque acreditava que as pessoas reagiriam melhor a sinais de trânsito simpáticos. Com a queda do Muro de Berlim e o fim do regime socialista, muitos desses símbolos desapareceram, mas o Ampelmann resistiu e se espalhou pela cidade.

Reprodução/Instagram
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A bela vista do Museumsinsel, a Ilha dos museus, no Rio Spree. 

Nós nos hospedamos justamente no antigo lado oriental – em um apartamento encontrado via Airbnb. O barato de abrir mão da comodidade de um hotel é sentir-se, mesmo que por pouco tempo, morador local: ir ao mercado, preparar o próprio café da manhã, encontrar vizinhos no elevador. Nosso lar alemão ficava ao lado do Memorial do Muro de Berlim. Nele, pedaços de concreto se alternam com vigas de ferro, resquícios da barreira derrubada em 1989. Uma exposição de fotos, vídeos e áudios oferece detalhes de como as pessoas levavam a vida em Berlim, que ficou dividida por 28 anos entre o lado oriental, comunista, e o ocidental, capitalista. O muro, de 155 quilômetros de extensão, separou amigos, amores e familiares.

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Na imagem acima, o Memorial do Holocausto.

Foram o calor humano e a música, entretanto, que marcaram a minha experiência na capital. Às margens do Rio Spree, vi pessoas dançando tango (sim, tango) ao ar livre e convidando quem passasse a entrar no ritmo. Topei com um rapaz dedilhando um violão, uma moça tocando flauta e garanti lugar para assistir ao show dos jovens do grupo alemão Yxalag, que mistura bossa, tango, suingue e melodias russas. A apresentação gratuita rolou em frente à entrada do Museu Bode, um dos cinco que formam a Museumsinsel ou Ilha dos Museus, Patrimônio Cultural da Humanidade tombado pela Unesco. Nesse reduto, visitei o Neues Museum, cujo acervo tem peças da pré-história e do antigo Egito. Destaque para o busto da rainha Nefertiti, uma relíquia de mais de 3,4 mil anos, que atrai milhares de turistas anualmente.

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Prédios da Escola de Design Bauhaus. 

Longe dos holofotes, na Klingelhöfer, 14, fica o arquivo da revolucionária Escola de Design Bauhaus, criada em 1919 pelo arquiteto alemão Walter Gropius. Descobri a Bauhaus na adolescência pela música Eduardo e Mônica, do Legião Urbana – ‘Mônica gostava do Bandeira e do Bauhaus’, diz a letra. Ali, pude imaginar por que Mônica se encantou com o movimento que postulava que tudo deveria cumprir uma função. A escola disseminou a ideia de minimalismo, influenciando, por exemplo, as formas geométricas de Oscar Niemeyer e os produtos criados por Steve Jobs. Com nossos celulares minimalistas em mãos, wi-fi e a ajuda do Google Maps, eu e meu marido visitamos a pé outros pontos turísticos, como o Portão de Brandemburgo e o Memorial do Holocausto. Berlim me inspirou a continuar acreditando em ‘um novo começo de era, de gente fina, elegante e sincera, com habilidade pra dizer mais sim do que não’, como cantou Lulu Santos.”

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