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O aumento dos anos de estudo das mulheres ainda não se refletiu em igualdade de salários

Colunista comenta o que impede as mulheres de evoluírem mais em carreiras corporativas ou negócios próprios

Por Cynthia de Almeida
Atualizado em 26 out 2016, 11h05 - Publicado em 1 abr 2015, 07h00

Na próxima vez em que você estiver em uma reunião de trabalho, em torno de uma mesa com homens e mulheres, preste atenção em quantas vezes ouvirá dos participantes uma intervenção que começa com “só para…”. Se ficar atenta, verá que, em geral, são as mulheres que iniciam qualquer frase com “só para” ou “só complementando” – ou “só uma observação”. Os homens, normalmente, dispensam o “só”. Apenas dizem o que querem dizer. Elas falam (às vezes muito), mas com “só para…” na frente. O uso excessivo da expressão, que em inglês é “just to”, já virou tema de estudo neurocomportamental nos Estados Unidos (país que estuda tudo!) e revela, segundo pesquisadores, falta de autoconfiança. É como se, antes de se manifestarem, as mulheres já se sentissem obrigadas a abreviar o assunto ou se justificar, seja lá o que venha a seguir. Parente da mania de pedir desculpa a cada atitude ou palavra, o uso do advérbio “só”, seguido da preposição “para” no início da fala, indicaria a intenção de minimizar o que vem depois, como se o que você quisesse dizer não se sustentasse em pé. Pode ser um vício bobo de linguagem, mas, se considerarmos o aspecto da falta de confiança, entenderemos que é mais grave que um simples cacoete.

Do mesmo modo, saber levantar a mão com determinação (não meio bracinho tímido) para pedir a palavra em um auditório é o que garante a palavra a quem a pede. A insegurança ao se expressar tem o efeito nocivo de introduzir uma dose de desimportância ao que se quer comunicar. Resultado: inconscientemente, prestamos menos atenção no que vem a seguir ou temos menos paciência caso a pessoa demore a finalizar. Tudo isso “só” faz piorar a nossa autoestima.

A autoconfiança (ou melhor, a falta dela) é o que impede as mulheres de evoluírem mais em carreiras corporativas ou negócios próprios. É a raiz de um suposto perfeccionismo, que se traduz em agir como se estivéssemos menos preparadas para uma função – e, para resolver a questão, dá-lhe estudo, dá-lhe superqualificação. Nada contra a dedicação à formação, atitude muito bem-vinda, mas, como mostram os índices de estagnação na ascensão das mulheres a cargos seniores e ao topo das empresas, o aumento dos anos de estudo das mulheres ainda não se refletiu em promoção, reconhecimento e igualdade de salários.

Uma autoridade em assuntos femininos ligados a negócios, a americana Irene Natividad, presidente do Global Summit of Women (espécie de Fórum de Davos das mulheres, que fará sua próxima edição no Brasil, em maio), acha que está na hora de investir na autoconfiança. “Acredite em você em primeiro lugar”, ela sugere. “Se não fizer isso, ninguém fará. Olhe para os homens: a maioria não sabe nada”, diz entre risos, “embora aja como se fosse o máximo”. No rastro da autoconfiança masculina, vem outra vantagem competitiva: eles falam sem modéstia sobre si mesmos e suas realizações. Até pecam pelo excesso, mas nunca deixarão de abraçar oportunidades por não se considerarem à altura ou de ser promovidos por falta de marketing pessoal. Quem pode condená-los?

Já nós continuamos usando o “só para…” e achando que precisamos de não sei quantos diplomas para nos sentirmos preparadas. Irene afirma: “A verdade é que as mulheres já sabem muito. E está na hora de pôr tudo o que já aprenderam no trabalho a serviço delas mesmas”. “Só para” concluir então: vamos começar a acreditar mais? 

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