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Danuza Leão: “Faz parte da viagem aquela sensação de liberdade”

Colunista comenta as delícias e as torturas de uma viagem

Por Danuza Leão (colunista)
Atualizado em 22 out 2016, 19h17 - Publicado em 1 abr 2015, 06h00

É muito bom viajar, e faz parte da viagem aquela sensação de liberdade. Sem compromisso de nenhuma espécie e com o tempo totalmente livre, poder sentar num café às 11 da manhã para ler um jornal e almoçar às 4 da tarde – ou não almoçar –, sem ter que ir a nenhum museu, nem exposição, nem peça de teatro. Poder andar sem rumo, conhecendo a cidade do seu jeito, indo para o hotel na hora em que quiser e tomando o avião de volta no dia em que bem entender.

Mas o mundo mudou e viajar hoje é quase uma tortura. Tudo começa com a pesquisa na internet para conseguir a passagem menos cara. Logo você desiste e prefere o telefone. Depois de diversas musiquinhas e instruções, consegue ouvir, finalmente, uma voz humana, que emoção. E descobre que existem diferentes preços dependendo do mês, dos feriados, do dia da semana e de cada companhia. É preciso anotar todas as informações para poder decidir, e tudo vale ao pensar na delícia que vai ser quando você estiver num terraço em Paris tomando um copo de vinho, sem lenço nem documento.

Mas não são permitidas indecisões: é comprar, e com a ida e a volta já marcadas. E se você nem sabe quanto tempo vai querer ficar? Tem que saber, e com um detalhe: se mudar de ideia quanto às datas, terá que pagar um xis, não sei bem o porquê. É o princípio da perda da liberdade.

A passagem vem por e-mail num papelzinho parecido com os de supermercado. Então é só reservar o hotel. Se for procurar pela internet, prepare-se: antes de saber o preço da diária, tem que dizer quando vai chegar e quanto tempo vai ficar. Durante dias receberá montanhas de ofertas, cada uma mais tentadora que a outra e cada uma mais perigosa que a outra. Dificilmente se encontram os números de telefone dos hotéis, mas quem procura acha, e é sempre mais seguro falar com alguém de carne e osso; pra mim é. Pronto, está quase.

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Agora é só curtir. Dar um pouco de inveja aos amigos faz parte. Papo vai, papo vem, começam as sugestões. “Você não pode deixar de…” é o que mais vai ouvir até entrar no avião. É o endereço do melhor croissant, do melhor chocolate, das melhores ostras, da melhor carne, da melhor batata frita, do melhor pão, da melhor manteiga. Mais: onde encontrar as bolsas, as bijuterias, os sapatos, as calcinhas, a fivela de cabelo, tudo muito mais barato. Sem falar na lista de restaurantes, claro, com o nome dos pratos que deve pedir em cada um deles, claro, os vinhos para acompanhar, claro. E o fundamental: a melhor farmácia. Os produtos são sempre os mesmos, mas a farmácia só pode ser aquela. A maldição das grifes.

Como todos esses preciosos endereços foram transmitidos de boca, um dos amigos, daqueles bem organizados, copia tudo, com os respectivos números de telefone e lembra que dá para reservar daqui os restaurantes, museus, passeios, cinemas, com dia e hora marcados, e tudo pago com cartão de crédito. Compreenda, então, que aquela viagem com que você sonhava, nunca mais – só se fugir, como se estivesse sendo procurada pela polícia.

No escritório, é a secretária que anota as reuniões de trabalho, os almoços de trabalho, as viagens a trabalho mais o médico, o dentista, os pagamentos e, além disso, o aniversário dos amigos, dos filhos e o de casamento. De tudo, a secretária cuida, o que faz você pensar que vai ter que comprar uma agenda, tudo o que odeia. É duro viajar. 

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