Destaque no desfile da Vai-Vai, consulesa da França fala sobre o preconceito que sofre no Brasil

Mulher do representante diplomático, Alexandra Loras passou a militar contra o racismo

Por Ana Carolina Castro SEGUIR SEGUINDO
Atualizado em 28 out 2016, 12h26 - Publicado em 6 fev 2016, 12h32

Alexandra Loras, consulesa da França, foi destaque do abre-alas da Vai-Vai. A escola desfilou na madrugada desta sábado (6) no Anhembi com o enredo Je Suis Vai-Vai: Bem-vindos à França! O desfile marcou o início das atividades do último ano no posto de consulesa da França. Em 2013, ela desembarcou no Brasil com o marido, Damien Loras, para representar o país do presidente François Hollande. O trabalho tem duração de três anos e em agosto o casal retorna a Paris.

No entanto, sua atuação no Brasil não se limita a um papel figurativo. Ela realiza trabalhos voluntários com refugiados haitianos na capital e em abril, lança em parceria com o historiador Carlos Eduardo Dias Machado o livro Gênios da Humanidade: Ciência, Tecnologia e Inovação Africana e Afrodescendente.

Em entrevista a VEJA, ela revelou que sua estadia no Brasil foi marcada por incidentes de preconceito – incidentes estes que motivaram sua militância contra o racismo.

No tradicional Clube Pinheiros, do qual tem o título de sócia-convidada, certa vez foi impedida de entrar por ter sido confundida com uma babá. Ela revelou que quando desembarca em Guarulhos todas as vezes tem sua mala revistada na alfândega, mesmo com a apresentação do passaporte diplomático. “Acham que eu sou uma ‘mula’ trazendo drogas”, afirmou.

Alexandra confessou ainda que já perdeu as contas das vezes em que foi confundida com uma empregada –inclusive na recepções semanais promovidas no Jardim Europa. “Em geral, os brasileiros ricos estão acostumados a ver os negros como funcionários. Neste caso, olham para mim e já pensam que estou prestando algum serviço.”