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A incrível história de Maria Clara de Sena, que luta por condições dignas nos presídios do Recife

Finalista da 21ª edição do Prêmio CLAUDIA, ela também é uma militante LGBT.

Por Lucas Castilho
Atualizado em 12 abr 2024, 16h42 - Publicado em 6 set 2016, 16h11

As pessoas não nascem com as mesmas oportunidades – e privilégios -, mas algumas delas, como a pernambucana Maria Clara de Sena, de 37 anos, uma das finalistas do Prêmio CLAUDIA 2016, conseguem vencer os cenários desfavoráveis e realizar trabalhos sensacionais e importantes.

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Negra, pobre e mulher transexual, ela conheceu de perto o fundo do poço: na juventude, assim como dezenas de outras garotas trans e travestis, precisou recorrer à prostituição para conseguir sobreviver. Tomou hormônios sem orientação médica, fez cirúrgias plásticas em clínicas clandestinas… E, sim, acabou “nas drogas”. “Sou aquela travesti que foi expulsa de casa e fez uso de diversas coisas para tentar esquecer. Mas, sabe, eu tive uma chance”.

A “chance” da qual ela se refere é o Grupo de Trabalhos em Prevenção (GTP), ONG que auxília profissionais do sexo. A partir dessa ajuda, conseguiu livrar-se do vício e passou a se interessar pelo tema direitos humanos. E, pronto, começava aí um caminho sem volta para a luta dos direitos LGBTs! Paralelo a isso, candidatou-se a uma vaga no Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT), órgão do estado pernambucano que atua em parceria com a ONU e monitora abusos no sistema penitenciário. Tornou-se a primeira mulher trans do mundo a assumir um cargo como esse.

“A gente começou esse trabalho por acreditar na mudança, sabe? Eu nunca tive muita alternativa na vida a não ser entrar na militância. E, de repente, tudo o que eu lutei e acreditei ganhou uma proporção maravilhosa. É preciso mostrar para essas meninas que estão lá dentro [do sistema prisional] que elas, têm, sim uma chance. Esse é meu maior sonho e, enquanto eu não ver outras mulheres bem, não vou conseguir dormir em paz “, diz.

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Dificuldades

O Brasil é o país mais perigoso e o que mais mata pessoas trans no mundo. De acordo com a ONG alemã Transgender Europe, foram absurdos 546 casos entre 2011 e 2015. O segundo lugar, o México, teve 190 no mesmo período. E, Maria Clara, que já foi ameaçada de morte por um agente penitenciário não se sente segura: “Tenho muito cuidado ao sair na rua. Penso, para onde irei recorrer? E ainda mais aqui no Recife, onde o machismo ainda é muito forte e faz com que nós, mulheres trans, estejamos sujeitas a muitos constrangimentos e piadas ao procurar ajuda da lei”.

Segundo ela, outro grande desafio das mulheres transexuais e travestis no país é a questão da empregabilidade. “A gente já conquistou muitas coisas, como a dignidade mínima de colocar o nome social no registro, mas é preciso muito mais. É preciso qualificação. Falta uma educação fundamental de qualidade.  E a falta de emprego delas é um reflexo social e um dos nossos grandes desafios é mostrar para a sociedade que essas meninas têm, sim, um grande potencial. Só assim elas irão assumir um espaço significativo e sairão da prostituição, por exemplo”, finaliza Maria, deixando bem claro que a história dela, apesar de linda, é uma exceção.

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