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Como três mulheres incríveis evitaram uma tentativa de estupro

Às vezes basta não se calar ao testemunhar algo errado

Por Redação Brasil Post
Atualizado em 21 jan 2020, 08h08 - Publicado em 6 jul 2016, 10h55

A internet está celebrando uma história de três mulheres que evitaram uma tentativa de estupro, de acordo com a publicação que viralizou no Facebook de uma delas.

Sonia Ulrich escreveu que ela e outras duas mulheres — Monica Kenyon e Marla Saltzer — estavam em Santa Monica, Califórnia no restaurante FIG na noite de quinta quando Kenyon testemunhou um homem colocando uma substância de aparência suspeita na bebida da mulher com ele, quando ela foi ao banheiro.

 

Ok, então nós ainda estamos nos recuperando do ocorrido, mas queríamos contar a história. E se parecer que a foto está querendo dar leveza à uma situação pesada, é porque sabemos que o FB prioriza as fotos E precisávamos chamar sua atenção. Esta questão não é brincadeira.

Monica, Marla, e eu fomos ao restaurante Fig em Fairmont. para curtir um happy hour delicioso (“Fig às 5”. Permita-se). Eu estava falando sobre alguma coisa e vi Monica encarando alguma coisa atrás de mim e fazendo uma cara esquisita. Daí parei. “O que está acontecendo?” Após alguns segundos ela disse “Aquele cara acabou de pôr algo no drink daquela moça”.

 

Ulrich disse que seguiu a mulher até o banheiro e contou a ela o que elas viram. Embora ela esperasse ouvir que a mulher e o homem tinham acabado de se conhecer, ela ficou visivelmente abalada ao descobrir que o homem era um dos “melhores amigos” dessa mulher.

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Agora veja, Fig é um restaurante legal. Nós estávamos curtindo nosso prato de charcutaria e alguns queijos sofisticados. Sabe, esse tipo de lugar. Eles pediram uma garrafa de vinho que estavam compartilhando. Parecia ser um primeiro, segundo ou até terceiro encontro. Depois de alguns “Ai meu deus. Que vamos fazer? Eu me levantei para encontrá-la no banheiro e contar o que vimos. Avisá-la. Dizer que ela podia se levantar e ir embora. Que fizesse ele beber. Fizesse algo.

Então, depois de me sentir estranha ao esperar no lavatório por ela eu fiz a aproximação. “Ei! Olha, isso é meio esquisito, mas, sabe, vimos o cara que está com você colocar algo na sua bebida”.

“Meu Deus.” Ela disse. Chocada, meio que anestesiada, então eu balbuciei “É, minha amiga disse que o viu colocando algo na sua bebida e nós tínhamos que dizer algo. De mulher para mulher…sabe. Tínhamos que falar. Você conhece bem esse cara?” Eu estava esperando ela dizer “Nós acabamos de nos conhecer”, mas ouvi:

“Ele é um dos meus melhores amigos”.

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Merda. É. Um dos seus melhores amigos. Eles se conheciam há um ano e meio. Eles trabalharam juntos.
Eu continuei falando um pouco mais e disse para ela que poderia perguntar “para a de cabelo curto e loiro” qualquer coisa já que fora ela quem viu e daí deixei que ela voltasse à mesa.

Leia também: #ESTAMOSJUNTAS – empatia, força e companheirismo entre mulheres é fundamental

A mulher alertou a gerência, o que levou o segurança do restaurante a rever as imagens que pegaram ele no flagra, disse a publicação. Ulrich descreveu o sentimento assustador enquanto os empregados do Fig ficavam paralisados antes da polícia aparecer:

 

A pobre mulher teve que ficar ali sentada por mais 40 minutos, na frente de “um de seus melhores amigos” sabendo que ele estava tentando drogá-la. Marla percebeu que ele várias vezes tocava a sua taça contra a dela para fazer com que ela bebesse. Ela levou de boa. Em grande parte, acredito, aturdida apenas. Os funcionários queriam pular e quebrar a taça, derrubá-la, fazer algo! Eu me peguei fantasiando, indo até lá e exigindo que ele bebesse a taça de vinho contaminada. Eventualmente, eles terminaram o jantar. Houve uma demora na hora de chegar a conta “O sistema está fora do ar ” é o que o garçom continuava dizendo para ele. Daí, entrou a polícia de Santa Monica. Eles disseram “Venham com a gente” e ele não protestou. Não perguntou o motivo. Nem pareceu surpreso.

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Acabou sendo bom que os funcionários não derrubaram a taça, já que a polícia a levou para usá-la como evidência, de acordo com Ulrich.

Mas uma das partes mais emocionantes — e perturbadoras —foi quantas outras pessoas no restaurante agradeceram a mulher e estiveram bem próximas de um caso de abuso sexual:

 

“De cada mesa próximo à nossa, e de todo o restaurante, pessoas vinham nos agradecer por ter feito agido.
“Aconteceu com minha irmã…Eu fico feliz de ter estado lá e tê-la levado para casa”.
“Aconteceu com minha colega de quarto em uma festa de seu produtor. Ele ainda está em confusão por causa disso”.
“Aconteceu comigo. Em churrasco de quintal”.
“Aconteceu comigo. No bar em que trabalhava”.
“Alguns heróis não usam capas. Obrigada. Aconteceu comigo. Gratidão”.
“Vocês são foda! Demais!”
Pelo menos 10 histórias de serem pessoalmente afetadas por alguém como esse cara. Algo assim. Aqueles eram apenas os que sabemos foram pegos. Tenho certeza que existem muito mais histórias no restaurante e no hotel”.

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O tenente da polícia de Santa Monica Saul Rodriguez confirmou ao Huffington Post que eles prenderam o jovem de 24 anos, Michael Hsu, sob acusações de tentar cometer estupro e drogar com intenção de cometer estupro. Ele foi detido sob fiança de $1 milhão e sua citação é na terça, disse Rodriguez.

Ele disse que as três testemunhas reportaram ter visto o homem colocar uma substância não identificada na bebida da mulher. “Nós apreciamos essas testemunhas terem se apresentado”, disse Rodriguez. “Elas podem ter prevenido um crime sério de ocorrer”.

A mulher que respondeu o telefone do Fig disse que ela não podia comentar sobre a publicação no Facebook. Mas no sábado, uma outra mulher do Fig disse ao Jezebelque tudo descrito na publicação era verdade.

As pessoas podem ter um receio esquisito de intervir em uma situação de abuso em potencial — em parte porque elas podem estar enganadas sobre o estupro.

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“O abuso sexual e os estupros com frequência não são considerados ‘estupros reais’ pelas vítimas, amigos, família, ou oficiais de justiça a não ser que envolva o uso de força, violência e estiverem comprometidos pelo uso de uma arma por alguém”, disse a professora de justiça criminal Sarah Nicks ao HuffPost ano passado.

“Então quando alguém que observa está ciente do abuso sexual, essa pessoa pode não ver como um problema ou uma emergência, devido às normas sociais do seu grupo ou condicionamentos. Eles podem procurar por pistas para ver se outras pessoas a definem como emergência, e se não veem nada, nada fazem.”

Esse é muitas vezes o motivo pelo qual muitas universidades estão cada vez mais focadas em uma intervenção dos que observam como forma de prevenir o estupro. Mas, por enquanto, saiba que se envolver ao ver algo suspeito pode fazer realmente uma enorme diferença.

Leia aqui a postagem de Sonia Ulrich na íntegra:

 

Ok, então nós ainda estamos nos recuperando do ocorrido, mas queríamos contar a história. E se parecer que a foto está querendo dar leveza à uma situação pesada, é porque sabemos que o FB prioriza as fotos E precisávamos chamar sua atenção. Esta questão não é brincadeira.

Monica, Marla, e eu fomos ao restaurante Fig em Fairmont. para curtir um happy hour delicioso (“Fig às 5”. Permita-se). Eu estava falando sobre alguma coisa e vi Monica encarando alguma coisa atrás de mim e fazendo uma cara esquisita. Daí parei. “O que está acontecendo?” Após alguns segundos ela disse “Aquele cara acabou de pôr algo no drink daquela moça”.

Agora veja, Fig é um restaurante legal. Nós estávamos curtindo nosso prato de charcutaria e alguns queijos sofisticados. Sabe, esse tipo de lugar. Eles pediram uma garrafa de vinho que estavam compartilhando. Parecia ser um primeiro, segundo ou até terceiro encontro. Depois de alguns “Ai meu deus. Que vamos fazer? Eu me levantei para encontrá-la no banheiro e contar o que vimos. Avisá-la. Dizer que ela podia se levantar e ir embora. Que fizesse ele beber. Fizesse algo.

Então, depois de me sentir estranha ao esperar no lavatório por ela eu fiz a aproximação. “Ei! Olha, isso é meio esquisito, mas, sabe, vimos o cara que está com você colocar algo na sua bebida”.

“Meu Deus.” Ela disse. Chocada, meio que anestesiada, então eu balbuciei “É, minha amiga disse que o viu colocando algo na sua bebida e nós tínhamos que dizer algo. De mulher para mulher…sabe. Tínhamos que falar. Você conhece bem esse cara?” Eu estava esperando ela dizer “Nós acabamos de nos conhecer”, mas ouvi:

“Ele é um dos meus melhores amigos”.

Merda. É. Um dos seus melhores amigos. Eles se conheciam há um ano e meio. Eles trabalharam juntos.
Eu continuei falando um pouco mais e disse para ela que poderia perguntar “para a de cabelo curto e loiro” qualquer coisa já que fora ela quem viu e daí deixei que ela voltasse à mesa.

Quando voltei, Marla tinha conversado com o garçom sobre o que aconteceu. Ver se ele ou o gerente poderiam fazer algo. Monica nos contou um pouco mais do que ela viu.

“Ele empurrou a taça de vinho na direção dele, meio sem jeito, daí tirou um frasco preto. Ele abriu e deixou cair algo nela. Daí ele tentou parecer tranquilo, checando seu telefone e escondendo o frasco em sua mão e daí tentou pôr a taça de volta sorrateiramente.”

Ele aparentemente viu a Monica olhando. Marla disse que ela ia se inclinar e dizer “aquele cara está sendo bem bizarro” quando viu que Monica já estava olhando. Testemunhando.

Levou apenas um minuto para o gerente ir até a mesa, ver se estava tudo bem, deixou a garota pedir uma água com gás. Tudo supertranquilo. Ele parou na nossa mesa e disse que ele não poderia fazer muito mais porque ele não viu. Mas avisou o segurança.

A pobre mulher teve que ficar ali sentada por mais 40 minutos, na frente de “um de seus melhores amigos” sabendo que ele estava tentando drogá-la. Marla percebeu que ele várias vezes tocava a sua taça contra a dela para fazer com que ela bebesse. Ela levou de boa. Em grande parte, acredito, apenas por estar aturdida. Os funcionários queriam pular e quebrar a taça, derrubá-la, fazer algo! Eu me peguei fantasiando, indo até lá e exigindo que ele bebesse a taça de vinho contaminada. Eventualmente, eles terminaram o jantar. Houve uma demora na hora de chegar a conta “O sistema está fora do ar ” é o que o garçom continuava dizendo para ele. Daí, entrou a polícia de Santa Monica. Eles disseram “Venham com a gente” e ele não protestou. Não perguntou o motivo. Nem pareceu surpreso.

O chefe de segurança veio e disse que porque nós notificamos imediatamente, eles conseguiram rever as imagens da câmera de segurança.

Eles conseguiram pegá-lo no ato. Eles tinham prova do rapaz drogando a garota. Os policiais pegaram a taça como evidência. E nos mantiveram ali para depoimentos. Perguntamos à garota se ela precisava de carona para casa. “Meu carro está na sua casa. No seu prédio. Viemos juntos”. Parte do plano. Nós estávamos espantadas. Ela ainda em choque.
Mas ainda não acabou.

De cada mesa próximo à nossa, e de todo o restaurante, pessoas vinham nos agradecer por ter agido. “Aconteceu com minha irmã…Eu fico feliz de ter estado lá e tê-la levado para casa”.

“Aconteceu com minha colega de quarto em uma festa de seu produtor. Ele ainda está em confusão por causa disso”.
“Aconteceu comigo. Em um churrasco de quintal”.
“Aconteceu comigo. No bar em que trabalhava”.
“Alguns heróis não usam capas. Obrigada. Aconteceu comigo. Gratidão”.
“Vocês são demais! Fodaaa!”

Pelo menos 10 histórias de pessoas afetadas por alguém como esse cara. Algo assim. Aqueles eram apenas os que sabemos foram pegos. Tenho certeza que existem muito mais histórias no restaurante e no hotel.

Continuamos agradecendo o gerente por ter agido. Nós estamos cientes que muitos não teriam levado a sério o que nós dissemos. Que não teriam agido. Diriam simplesmente que não tinham nada a fazer.

Então, obrigada, a todos do Fig em Fairmont, Santa Monica, por evitar que esse cara ferisse alguém. E obrigado antecipadamente a todos que verem isso e compartilharem e nos fazerem lembrar que sim, cada um de nós, DEVE dizer algo. Mesmo que seja esquisito e estranho ou se não tivermos certeza que qualquer coisa possa ser feita.

Saiba que VOCÊ fez algo. E que isso ajudou.

 

Essa matéria foi originalmente publicada no HuffPost Brasil

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