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Não sabe por que as mulheres não denunciam estupro? Pergunte a Kesha

Culpar a vítima é a reação mais comum nesse tipo de denúncia

Por Redação Brasil Post
Atualizado em 12 abr 2024, 08h38 - Publicado em 26 fev 2016, 07h03

Há uma semana, um juiz recusou o pedido de Kesha para ser liberada de seu contrato com a Sony. O contrato obriga a popstar de 28 anos a gravar mais seis discos com a empresa e, portanto, a liga ao produtor que ela acusa de ataques sexuais.

Em 2014, Kesha entrou com um processo contra o produtor Dr. Luke (Lukasz Gottwald), cuja empresa é parte da Sony. Segundo a revista Billboard, o processo detalha as acusações de Kesha contra Dr. Luke.

Ele teria abusado da artista durante anos, forçando-a a usar drogas, dando a ela remédios para acordar e estuprando-a. Desde então, ela briga com o produtor na Justiça, para livrar-se do contrato e do convívio com ele.

>>> Leia também: Cultura do estupro: antes de dizer que não existe, entenda o que significa 

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Kesha é uma celebridade rica, linda e branca, que opera nos mais altos escalões de uma indústria de elite. Mas nem mesmo esses privilégios a diferenciam de outras vítimas de abuso sexual que têm de lidar com um sistema judicial que muitas vezes não oferece proteção.

A história de Kesha joga luz sobre o fato de que o estupro é um dos crimes menos denunciados.

Mulheres (e homens) costumam esperar anos para falar sobre abuso sexual. Considere as vítimas de Bill Cosby, algumas das quais só se sentiram seguras de vir a público décadas depois.

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Ainda assim, isso não impede as pessoas de questionar por que as vítimas não se manifestam antes e sugerem que a hesitação significa que elas estejam mentindo.

 

 

“Por que as vítimas de estupro não se manifestam e contam para alguém?”
Vítima: *se manifesta*
Justiça: “Menos você rs” #FreeKesha

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A verdade é que existem poucos incentivos para fazer acusações de ataques sexuais. Significa ter de reviver um trauma repetidas vezes, para pessoas que podem nem sequer acreditar no que se está dizendo. Significa enfrentar a censura das pessoas mais próximas e, no caso de Kesha, do público, que é quem determina seu sucesso.

Significa ter a vida esmiuçada, como se as pessoas quisessem descobrir se você é uma “vítima perfeita”. Significa lidar com uma polícia e um júri que acreditam em mitos sobre o estupro.

“Você já foi estuprada?”, disse Madonna a Howard Stern no ano passado, quando ele perguntou por que a cantora não denunciou um ataque violento para a polícia no fim dos anos 1970. “Não vale a pena. É muita humilhação.”

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Na maioria das vezes, mesmo depois de toda essa “humilhação”, o acusado nunca vai ser preso. Segundo a organização não-governamental RAINN, apenas 2% dos estupradores são condenados à prisão e, embora seja um pouco mais fácil vencer um caso civil do que um jurídico, nada é garantido.

Pelo menos em 2016, o tribunal da opinião pública pode oferecer algum apoio para mulheres e homens que fazem denúncias. As hashtags #FreeKesha e #SonySupportsRape estiveram entre as mais tuitadas. Mas é claro que hashtags não têm nenhuma influência sobre o caso.

Kesha veio a público com suas acusações. Ela enfrentou um turbilhão – emocional, físico e profissional. Mas a distância que ela quer manter do seu agressor ainda não está a seu alcance.

A mensagem para quem quer fazer uma denúncia é: o risco de perder é grande e de ganhar, pequeno.

Que tipo de “justiça” é essa?

Esta notícia foi originalmente poublicada no HuffPost Brasil

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