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6 mitos e verdades sobre finanças pessoais

São tempos desafiadores para as finanças pessoais. Afora a crise, investimentos antes considerados vantajosos perderam o valor e novas aplicações tornaram-se mais lucrativas. Especialistas sugerem direções para administrar seus bens.

Por Simone Costa (colaboradora)
Atualizado em 22 out 2016, 18h26 - Publicado em 22 ago 2016, 16h18

A matemática da crise tem preocupado os brasileiros como há muito não se via. A dívida pública federal avançou, em junho, 2,77% (o maior crescimento em um ano); a taxa de desemprego subiu de 10,9% no primeiro trimestre para 11,3% no segundo, e é a mais alta desde 2012. A inflação, mesmo em queda suave, deve ficar em 6,75% segundo o Banco Central. Mas, no dia a dia das famílias, o impacto parece muito maior: só o feijão-carioca, por exemplo, subiu 58% de junho para julho, como divulgou o IBGE. De acordo com uma projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), esse cenário não deve se descomplicar antes  de 2018 – no ano que vem, o crescimento do país será de apenas 0,5%.

Em meio a tanta instabilidade, blindar as finanças é fundamental. Comece revendo seu planejamento financeiro. “Avalie pagamentos e investimentos, mas lembre-se de que é preciso considerar seu momento de vida e de que a fórmula deve ser adequada à sua realidade”, diz Eliane Habib, administradora e sócia da Practa, empresa de treinamento em finanças, em São Paulo. Vale destacar que muito do que era vantagem econômica em outros tempos passou a ser negativo para sua balança. A seguir, veja os conceitos da administração financeira que já perderam o valor e o que há de novo para proteger o seu patrimônio. 

1. EVITE PARCELAR
“Prefira sempre comprar à vista. Assim, os gastos interferem menos no planejamento financeiro e há possibilidade de negociar descontos maiores”, defende Marcia Dessen, diretora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), em São Paulo. Atualmente, os juros rotativos do cartão de crédito (cobrados quando a fatura não é paga integralmente) chegam a alarmantes 450% ao ano. Em se tratando de algo urgente, divida pelo menor número de vezes possível, lembrando que esse gasto não deve comprometer mais do que 30% da sua renda líquida.

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2. REPENSE A COMPRA DO SEU PRIMEIRO IMÓVEL
Até os especialistas divergem quando o assunto é a casa própria. Para alguns, a compra de um imóvel é uma decisão emocional. “Significa segurança e, portanto, não deve ser comparada a valores”, defende a administradora Eliane. Entretanto, é preciso refletir sobre o futuro. Você tem uma carreira estável? Pretende se fixar nessa cidade? Se não sabe, opte por alugar. “O dinheiro destinado à compra de um imóvel, quando aplicado no mercado financeiro, está rendendo mais do que custa um aluguel”, explica Marcia. “Dá para ganhar 0,9% líquido ao mês sobre o valor investido enquanto paga um aluguel de 0,4% sobre o valor do imóvel”, exemplifica.

Ela lembra ainda que a valorização do apartamento ou da casa nem sempre é vantajosa. A compra é indicada somente para quem a considera um objetivo pessoal e já possui uma boa quantia em banco. “Se procurar bem, dá para encontrar opções bacanas de negócios, mas atenção: em nenhuma circunstância comprometa todo o dinheiro guardado no pagamento à vista nem feche um acordo que ocupe mais do que 30% da sua renda mensal em um financiamento que dure anos”, diz Navarro.

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3. REVEJA SEUS GASTOS COM TRANSPORTE
Ainda que as vendas de veículos tenham caído, os preços permanecem altos. Mas não é só isso que deve entrar na conta: ao comprar um automóvel, considere gastos como seguro, IPVA, manutenção e estacionamento. “O custo mensal pode impedir a realização de outros projetos”, diz Marcia. Além do táxi, os especialistas indicam a utilização de transporte público, serviços de compartilhamento, como Uber, e até aluguel de carro – alguns aplicativos oferecem cerca de 30% de desconto em comparação às locadoras. “Se o carro ainda for indispensável para seu estilo de vida, dê preferência ao usado, que agora está mais vantajoso financeiramente”, explica Conrado Navarro, da consultoria Dinheirama. É possível encontrar um usado superior ao novo pelo mesmo valor. Mas atenção para o modelo, que deve estar em boas condições e ter baixo custo de manutenção. “Procure algo que você quite em 24 meses, pois é o tempo médio que o brasileiro fica com o mesmo carro”, completa.

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4. VÁ ALÉM DA CADERNETA DE POUPANÇA
Criada no final do século 19, a poupança está gravada na memória e nos costumes dos brasileiros. Mas atualmente não é mais vantajosa. “Como rende menos do que a inflação, gera perdas”, explica Navarro. Em 2015, a poupança acumulou 8,15%, enquanto a inflação fechou o ano em 10,67%. No primeiro semestre deste ano, ficou em 4% ante 4,42% de inflação. A baixa rentabilidade, somada à crise, gerou uma enxurrada de saques da aplicação: 42,5 bilhões de reais no primeiro semestre do ano, o maior valor desde o início da série histórica do Banco Central, em 1995.

Em vez de apostar nela, pense em outros investimentos como alternativa. “Dá um pouco de trabalho, porque é preciso estudar para encontrar a opção que melhor se encaixa no seu perfil”, completa Marcia. Entretanto, ela dá uma dica: o Tesouro Direto apresenta juros bastante atraentes. Basta ter um CPF, uma conta corrente e escolher uma instituição financeira – pode ser um banco ou uma corretora – para se cadastrar. Ela fará toda a parte burocrática. Há aplicações a partir de 30 reais.

5. NÃO DEPENDA DO ALUGUEL DE IMÓVEIS
Esse recurso financeiro foi difundido e defendido por anos, mas os especialistas são unânimes: hoje já não há vantagem. “O imóvel pode ficar desocupado e os gastos com condomínio, IPTU e manutenção são altos”, explica Eliane. Ela ressalta ainda que a valorização de conjuntos residenciais ou comerciais pode ser inferior à inflação, gerando déficit. Por fim, com as mudanças nas cidades, você ainda corre o risco de o bairro deixar de ser tão atraente para compradores. Vale lembrar também que o preço dos aluguéis está em declínio – no acumulado em 12 meses até junho, a queda foi de 12,93%, segundo o índice FipeZap.

A crise ainda traz outros riscos: menor procura e maior inadimplência. Se mesmo assim você desejar diversificar suas aplicações incluindo imóveis, considere os fundos de investimento imobiliários. Como funcionam? Por meio de uma corretora de valores, você adquire uma cota de donos de edifícios comerciais, shopping centers e outros empreendimentos, contando com a gestão profissional de quem entende do mercado. Há aplicações a partir de 10 reais, mas você também pagará uma taxa de administração. Pesquise os valores e a rentabilidade de cada fundo para descobrir qual é mais lucrativo. 

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6. CONTE COM O CRÉDITO ESTUDANTIL PARA SE ESPECIALIZAR
Mesmo em tempo de adversidades, investir em educação nunca é desperdício. “Apesar de o crédito estudantil ainda exigir muitas melhorias no Brasil, é uma forma de ingressar em uma universidade, já que as instituições públicas não conseguem atender a todos”, defende Fabio Gallo, especialista em finanças e professor da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. Há, inclusive, a opção de começar a pagar depois de estar formada e inserida no mercado de trabalho. Para quem vai cursar a graduação, os bancos oferecem crédito estudantil com juros em torno de 25% ao ano, taxa menor do que outras modalidades de crédito existentes no país.

É possível também conseguir financiamento com as próprias universidades, negociando de acordo com as necessidades pessoais. Para os que têm renda familiar mensal bruta, por pessoa, de até três salários mínimos e fez o Enem a partir de 2010, há ainda o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa do Ministério da Educação, com taxa de juros de 6,5% ao ano e carência de 18 meses para pagar. Caso a busca seja por um MBA ou uma pós-graduação, é aconselhado medir o retorno que trará para a carreira. “Se for apenas pelo desejo de voltar a estudar, o ideal é esperar um momento em que o orçamento permita pagar integralmente”, aconselha Navarro.

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