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Coluna: “Ninguém resiste àquela história contada em tom de confidência”

Nossa colunista Mônica Martelli faz uma reflexão sobre as típicas fofocas

Por Mônica Martelli (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 06h21 - Publicado em 15 mar 2016, 14h29

A fofoca é muito malfalada. “Ah! Fulana é fofoqueira! Vive papeando sobre a vida dos outros.” Eu não vejo assim. Saber da vida de algumas pessoas, conhecer alguns dos seus segredos é, pra mim, informação. Importante dizer que o prêmio que um professor ganhou ou os louros sobre sua vida acadêmica não interessam a ninguém. Quem é bacana, culto e politicamente correto não rende fofoca boa. Do outro lado, quanto maior o drama pessoal, a desgraça dos rivais, dos famosos e dos ricos, melhor. Também tem aquela sobre os amigos e, com certeza, os casos amorosos.

Clássico, o boca a boca, aquele tipo de fofoca que ninguém sabe bem onde começou, tem grande chance de virar verdade. Pura especulação de gente que vigia sua vida e tira conclusões a seu respeito. Há muitos anos, morei numa vila de casas geminadas, no Humaitá. Nessa época, eu era estudante de teatro e sempre ensaiava em casa com alguns colegas de turma. Um dia, eu e dois amigos estávamos passando uma cena de Nelson Rodrigues, com muita gritaria e palavrões, o que levou a minha vizinha de parede, uma senhora portuguesa, a imaginar loucuras a meu respeito. Que logo foram transmitidas às outras senhoras da vila. Para piorar, eu era casada com um fotógrafo cabeludo e motoqueiro, o que com certeza fez a fofoca render mais. Dois dias depois, fui comunicada que, em uma reunião de vizinhas, tinham decidido que gritaria não seria mais permitida; afinal, aquele era um ambiente de família. Expliquei que se tratava do ensaio de uma cena que iria apresentar no curso de artes cênicas. 
A senhora então me olhou com cara de pena, como quem vê uma menina perdida, dessas que gritam e fazem teatro, e ainda casada com um cabeludo, coitada.

Daí vem o segredo. É quando alguém vai te contar uma história ótima, mas exige: “Não fala pra ninguém. Eu nunca contei pra ninguém”. Olha a responsabilidade! Se o próprio dono do caso não conseguiu guardá-lo, eu é que vou conseguir? E agora? O que eu faço com aquela informação? Não acho justo! É quase como chegar em casa feliz, depois de um dia de trabalho, e ouvir do marido: “Olha, eu preciso te falar uma coisa que está me sufocando. Eu te traí. Mas eu te amo”. O cara tá culpado, tá mal e vem ferrar a minha vida também?
Conheço uma moça que sabe de tanta coisa sobre tanta gente que chego a invejá-la. Numa roda de amigos, é sempre o centro das atenções. Estou chegando à conclusão de que, quanto mais fofoca você pode contar, mais interessante se torna. Fora que ninguém resiste àquela história contada em tom de confidência: “Menina, você não sabe da maior!” Depois de ouvir isso, o mundo à sua volta para e você não ouve mais nada, apenas mira a pessoa à sua frente à espera do que vai ouvir.

Um minuto depois da revelação, nada na sua vida mudou, não te acrescentou coisa nenhuma e você não ficou mais culta – mas dá uma alegria momentânea saber daquela novidade. No dia seguinte, provavelmente já vai ter esquecido, mas a vida também é feita de momentos.

Tenho uma amiga que tentava falar comigo fazia semanas, mas nossos horários não se encontravam. Aí ela me mandou uma mensagem de texto: “Me liga urgente, fofoca quente pra te contar”. O coração até palpitou. Falamos no minuto seguinte. Fica a dica.

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