Corrida no Ibirapuera beneficiará projetos sociais em defesa dos direitos das mulheres

Movimento pela Mulher, organizadora pela promotora de justiça Maria Gabriela Manssur faz parte do calendário do "Março Lilás"

Por Victória Della Manna (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 04h08 - Publicado em 4 mar 2015, 15h42

Nesta quarta-feira (04), a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei do Senado que inclui no Código Penal o “feminicídio”. Pela proposta apresentada, a pena para o homicídio simples vai de 6 a 20 anos de reclusão. Na mesma manhã, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apresentou os resultados de um estudo que avaliou a efetividade da Lei no 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha (LMP), sancionada em 2006. De acordo com a pesquisa, a lei cumpriu um papel relevante para conter a violência de gênero nesses nove anos, ainda que sua efetividade não tenha se dado de maneira uniforme no país, uma vez que a sua eficácia depende da institucionalização de vários serviços protetivos nas localidades, que se deu de forma desigual pelo Brasil.

Maria Gabriela Manssur, promotora de justiça do Ministério Público de São Paulo, é coordenadora do Movimento pela Mulher, corrida mista que será realizada no dia 15 de março, no parque do Ibirapuera, que beneficiará projetos sociais em defesa dos direitos das mulheres, desenvolvidos por ONGs e outras entidades. O evento esportivo faz parte do calendário do Março Lilás, cor que simboliza a igualdade e é símbolo da luta das mulheres em todo o mundo. Em entrevista à CLAUDIA, Maria Gabriela explica o movimento.

1. Qual é o objetivo da corrida Movimento pela Mulher no dia 15?
O principal objetivo é promover o empoderamento, justiça e saúde da mulher. Muitas sofrem violência e não têm forças para romper esse ciclo. Falta apoio, coragem para denunciar o agressor ou terminar o relacionamento e elas acabam desistindo de lutar. A agressão existe em diversas áreas – psicológica, física, profissional, e sexual. Como corredora amadora eu percebo que a corrida me traz forças para lidar com a violência que eu sofro, indiretamente, atendendo a quase 10 mil processos que estão em curso na minha promotoria. Espero conscientizar a população a respeito do tema.

2. Qual a importância da corrida?
É uma grande oportunidade para unirmos esforços e mostrar a necessidade das empresas privadas de terem mais responsabilidade social. É comum sofrer violência no trabalho ou deixar de comparecer ao emprego por vergonha de ter sofrido algum tipo de agressão visível. Por isso, é importante que as organizações se conscientizem do problema e passem a ter um olhar diferente para elas. É a primeira vez que conseguimos fazer com que as empresas invistam dinheiro na nossa corrida e conseguimos todo o apoio financeiro necessário para que ela ocorra.

3. Onde busca forças para atuar no combate a violência contra a mulher?
Eu me fortaleço nas mulheres que atendo, pois sei que elas precisam de mim e não posso desistir. A corrida me ajuda a criar forças para lutar. Eu tenho uma pressão interna muito grande também, pois fiz um pacto comigo mesma de fazer valer os direitos da mulher. Eu acredito que é possível mudar uma realidade e transformar uma cultura. As pessoas se alimentam de sonhos, e se eu puder concretizar esse sonho e alcançar esse objetivo eu vou me sentir eternamente satisfeita. Ainda tenho um longo caminho a percorrer. Já pensei em abandonar tudo, pois quando fazemos algo revolucionário, tendemos a ser criticados e isso me enfraquecia em alguns momentos. Busco inspiração e apoio na minha família, que é composta por juristas e pessoas ligadas à área do direito, que me ensinaram que o bem sempre vence o mau. Saber que os outros dependem do seu trabalho é uma cobrança diária também.