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“Pensei que estava no apocalipse, mas era só a tocha”

Por Giuliana Bergamo (colaboradora)
Atualizado em 12 abr 2024, 15h07 - Publicado em 12 ago 2016, 18h51

Ainda na estrada notei que havia algo de errado. Estávamos seguindo rumo a Novo Hamburgo (RS), a caminho da última entrevista para conhecer as candidatas ao Prêmio CLAUDIA. É estranho, mas, toda vez que esse trabalho acaba, eu sinto um misto de sentimentos. Tem um alívio porque vou, finalmente, poder voltar à minha vida mais ou menos rotineira. Meu armário voltará a ter mais de 55 centímetros de altura, 35 de largura e 25 de profundidade – o tamanho máximo da mala de mão em aviões. Eu poderei, então, variar mais de um par de calçado por semana. Ficarei inversamente feliz por poder descansar minha cabeça sobre o mesmo travesseiro toda santa noite, logo depois de beijar meus filhos e abraçar meu marido. Por outro lado, nada de novas histórias surpreendentes a cada dia, nada de desbravar o país, ficar louca com as contradições, ser surpreendida por paisagens com as quais eu nunca imaginei compartilhar a nacionalidade. 

Era nisso tudo que eu pensava, ainda meio embriagada do sono que me entorpece todo santo dia, até as 11h da matina e não passa sem, pelo menos, meio litro de café. Foi em meio a esse mini torpor que avistei um helicóptero voando baixo sobre a cidade aonde eu chegaria em poucos minutos. A cena seria absolutamente banal se estivéssemos em São Paulo. Mas era Novo Hamburgo, um município cuja população não chega a 250 mil pessoas. Algo estava estranho. Colaborou para minha impressão o bloqueio policial justamente no acesso por onde o Waze indicava nossa entrada. Definitivamente, havia alguma coisa de errada naquele lugar. 

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Entramos logo depois e fomos direto para a padaria, no centro, onde estava marcado o nosso encontro com a dupla Samantha Karpe e Letícia Camargo, candidatas a Revelação. O motorista do carro ficou um pouco inquieto. Tinha trânsito e estava difícil achar um bom lugar para estacionar. Pedi que ele encostasse no acesso a uma garagem, só para eu desembarcar e, então, fosse achar uma vaga. Assim que abri a porta do carro, passaram por nós ambulâncias e carros de bombeiro com sirenes ligadas. Pisei na calçada e o sino da igreja começou a soar. E eram 10h20, não um horário cheio. Em resposta à barulheira, a população começou a sair das lojas e casas, vindo para a rua. Não havia mais dúvida. Tinha acontecido alguma tragédia e só eu não estava informada. “Parece o apocalipse!”, exclamei para o fotógrafo Pablo Saborido.

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Antes que o céu escurecesse e, das nuvens, surgissem bichos gosmentos com asas de morcego, dentes de mamute e língua de cobra cuspindo bolas de fogo para me atacar, resolvi me informar para, então, procurar um refúgio mais, digamos, eficaz. Informação é tudo nessa vida. “Com licença, a senhora sabe o que está acontecendo?”, perguntei para a moça com braços cruzados como quem se protege do frio ou do perigo, que esticava a cabeça para fora da loja. “Ah, é a tocha…”, respondeu. “A tocha? Como assim?” Por um instante, eu simplesmente esquecera que estávamos a alguns dias da abertura dos Jogos Olímpicos, que eu moro no país sede e a chama que não se apaga há sei lá quantos milênios cruzava o território nacional. Informação é tudo nessa vida. 
Meio envergonhada, respondi um “Ah, a tocha… Obrigada”, antes que a moça tivesse que me explicar o que para ela e para toda a população de Novo Hamburgo era tão óbvio. Eu não sabia também: a dupla que eu entrevistaria ainda naquele dia havia carregado – e ganhado – a tocha no dia anterior. Antes de ir embora, ainda pedi para posar com a dita cuja. Sem fogo, claro. 

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