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Como cuidar da relação com a sogra e deixá-la participar da educação dos netos

Sua sogra pode ser muito ligada aos netos, sim: é só você deixar. Sabendo administrar, essa relação vai trazer ganhos para todos.

Por Larissa Purvinni (colaboradora)
Atualizado em 22 out 2016, 22h47 - Publicado em 4 Maio 2015, 09h20

Talvez você já tenha ouvido o provérbio “os filhos da minha filha meus netos são; os filhos do meu filho serão ou não”. Para além da desconfiança biológica, o ditado encerra um elemento cultural, já que tradicionalmente a avó paterna é mais distante.

Apesar de as piadas serem feitas pelos genros, o bicho pega mesmo entre elas. Segundo estudo conduzido pela psicóloga britânica Terri Apter – especializada em dinâmica familiar, identidade e relacionamentos -, durante duas décadas, com centenas de famílias, mais de 60% das mulheres casadas relatam infelicidade e constante estresse causado pela relação com a sogra contra apenas 15% dos homens. “Esse é um confronto entre duas mulheres que amam o mesmo homem e acreditam saber o que é melhor para ele”, diz a terapeuta de casais e de família Lidia Aratangy, coautora, ao lado do pediatra Leonardo Posternak, do Livro dos Avós – Na Casa dos Avós é Sempre Domingo? (Primavera Editorial). E, quando chegam os netos, o conflito corre o risco de se prorrogar por mais uma geração.

“Em alguns casos, a sogra é malvista logo de cara. Não pode dar opinião, pois a nora não aceita. Para minha sorte, na minha família não é assim. Eu saio, passeio com minhas netas, sem problema algum. Sou amiga da minha nora. É como se fosse minha filha”, diz a microempresária Marilda Torres Antônio, avó que cuida dos netos vindos da sua filha e do seu filho.

Outra hipótese para a falta de envolvimento da avó por parte de pai seria uma espécie de autodefesa. “No caso de uma separação, o mais provável é as crianças ficarem com a mãe e, se a mãe não for sua filha, você pode ter problemas. Então, algumas avós acham que é melhor, preventivamente, não se apegar demais às crianças”, imagina Marcia Lobo, jornalista carioca e autora de Uma História Universal da Fêmea – Grandeza e Submissão Sexual da Mulher ao Longo dos Séculos (Religare), que tem três netas, de seu filho único.

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Para Lidia, a proximidade maior entre a avó por parte de mãe e os netos pode não se confirmar quando a mãe da mãe mora longe ou tem uma vida profissional ativa, enquanto a mãe do pai está mais perto e mais disponível. Embora more a duas horas e meia das netas, Marcia não se refugiou na distância emocional segura. Aproveitou a oportunidade de outra maneira, para sorte das netas e da nora. “Emocionalmente, sou mais próxima das minhas netas do que fui do meu filho. Não só por elas serem mulheres mas, principalmente, porque sou mais velha, não estou batalhando por sonhos e carreira. Não penso mais tanto em mim quanto na época em que meu filho era pequeno. Outro dia, minha neta caçula, lá pelas tantas, comentou: “Vovó, você devia morar mais perto!”.

A relação mais calorosa da avó materna com os netos estaria no fato de que mães e filhas têm, supostamente, mais intimidade. Já a sogra é vista quase como uma rival que quer mostrar como exerce a maternidade melhor que a nora. Felizmente, muitas avós paternas estão quebrando o tabu. “Desde que o Gustavo nasceu, minha nora disse: ‘É seu filho também’. Se eu virar de ponta-cabeça, tudo bem, der bronca, levar pra tomar sorvete, ela não reclama”, conta Maria Lúcia Cesarini Pugliesi, professora aposentada e avó de três meninos: dois da filha e um do filho.

A psicóloga Elizabeth Monteiro, autora do livro Avós e Sogras – Dilemas e Delícias da Família Moderna (Summus Editorial), mãe de quatro filhos e avó de seis netos, diz que a relação de mãe e filha pode ser muito mais difícil e delicada do que a que acontece entre sogras e noras. “É bom lembrar que as mães exercem uma influência muito grande, tanto positiva quanto negativa sobre as filhas e que toda mulher se vê repetindo os erros que detestava em sua mãe.

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Se a maternidade e a “avosidade” podem significar reviver feridas do passado, também são oportunidades para escrever uma história diferente. “Tive um relacionamento muito difícil com a minha sogra. Ela era uma pessoa rígida: sabonete, pra ela, tinha de ficar na geladeira para não pegar micróbio. Tudo diferente daquilo em que eu acreditava. Sempre disse que, quando chegasse a minha vez de ocupar o papel de sogra, faria diferente. E foi o que fiz”, conta Maria Lúcia. A receita dela é simples, mas funciona. “Para os relacionamentos darem certo, temos de entender que somos apenas avós. Vó tem de acrescentar, ajudar, não definir como serão as coisas. Esse é o papel dos pais.”

Por mais que tentemos não transparecer, as crianças percebem como é nossa relação com nossos pais e responde de acordo. “Obviamente os pequenos terão mais afinidade com uma ou outra avó por inúmeras questões, como simpatia, reciprocidade ou estilo de vida, mas a proximidade que eles sentem que seus pais têm com cada uma delas acaba influenciando inconscientemente a opinião deles”, afirma a psicóloga e psicopedagoga Cynthia Wood Passianotto.

Lidia ressalta que, para as crianças, as avós são avós, sem diferenciação e estão guardadas na mesma gaveta. E alerta: “A maneira como seus pais tratam os avós dos filhos serve de modelo para a maneira como eles vão tratar seus próprios pais quando esses envelhecerem e se tornarem avós de seus filhos. Ou seja, não cuspa pra cima, porque vai te cair na cara!”.


Como administrar a relação

  1. Nunca, em hipótese alguma, fale mal da sogra para o pai das crianças. Queixar-se da própria mãe é um direito do filho, mas críticas soam mal quando vêm da parceira.
  2. Evite comparar as avós, na linha: “Minha mãe (ou minha sogra) é tão mais próxima dos netos, por que você não é igual?”. As avós são diferentes, e os netos ganham com isso.
  3. Estabeleça regras apenas para o essencial. A sogra deixa as crianças acordadas até mais tarde quando estão na casa dela? Tudo bem. A casa da avó tem funcionamento próprio.
  4. Lembre-se de que as avós são um excelente contrapeso aos pais. Se vocês são muito rígidos, é bom que os avós sejam mais liberais. Se os pais são desencanados, é bom que os avós sejam mais atenciosos.
  5. Na casa dos pais, devem valer as regras dos pais. Se sua sogra interfere, procure ser firme, mas sem perder a ternura. Vocês agradecem a preocupação, mas educam assim.
  6. Casa da avó não é berçário. Combine com antecedência quando precisar deixar os netos com ela. Assim como as mães, hoje as avós são ativas, trabalham ou têm outros compromissos e também precisam se organizar.
  7. Se uma das avós é mais distante, procure incluí-la na vida da família. Convide para passeios juntos, crie um almoço especial periódico, mostre que está aberta e faz questão que os netos tenham contato de qualidade com ela.
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