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“O parceiro deve ser colocado em primeiro lugar”, defende Andrew G. Marshall

O inglês Andrew G. Marshall, terapeuta de casais com quase 30 anos de experiência, desafia o senso comum e propõe que, em vez das crianças, o parceiro seja colocado em primeiro lugar. E ele garante que a família toda ganha com isso.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 22h20 - Publicado em 22 dez 2013, 22h00

Marshall orienta que os casais fortaleçam a comunicação e priorizem o sexo.
Foto: Getty Images

Inverter a ordem de prioridades e colocar o parceiro no topo da lista, antes dos filhos, parece uma ideia absurda? O inglês Andrew G. Marshall, terapeuta de casais há três décadas, garante que não. “Quando duas pessoas decidem se casar, em geral desejam que seja para sempre. Enquanto os filhos, apesar de extremamente importantes, crescem e vão viver a própria vida. Por isso é fundamental investir na relação”, diz. “O problema é que muitas pessoas, empenhadas em se tornar pais perfeitos, põem o casamento no piloto automático e esquecem de si mesmas.” Autor de 12 livros sobre relacionamento e de colunas em jornais, como os britânicos The Guardian e Daily Mail, Marshall defende essa tese em sua obra mais recente, I Love You, But You Always Put Me Last (Eu te amo, mas você sempre me deixa por último), ainda sem previsão de lançamento no Brasil. O expert ressalta que, embora a sociedade cobre que as mães ponham os filhos em primeiro lugar, deixando os pais mais livres para fazer outras opções, suas recomendações valem tanto para homens quanto para mulheres. Em entrevista a CLAUDIA, o terapeuta conta que demorou a abordar publicamente suas ideias porque, no consultório, percebia que muitos pacientes resistiam a aceitar que deviam mudar a postura com relação às crianças. A seguir, as principais conclusões do escritor ao se aprofundar em sua teoria.

Um estranho no ninho

A chegada de um bebê provoca mudanças tão intensas que pode colocar em risco a vida sexual dos pais e, às vezes, até o casamento. Mesmo as crianças um pouco mais velhas demandam tanto que é comum não sobrar espaço para o casal. Isso acontece, especialmente, quando a mulher foca toda sua energia – ou quase toda – na maternidade. O parceiro, então, se sente excluído e busca uma válvula de escape, como mergulhar fundo no trabalho. Já a mulher, apesar de lamentar o afastamento do marido, não se esforça para mudar a situação porque se sente valorizada como a figura mais importante para a cria. E a situação só piora: por existir uma cobrança social para que a criança receba toda a atenção da família, o casal não conversa sobre o distanciamento, os ressentimentos vão se acumulando e um abismo maior se abre entre os dois. O problema, diz Marshall, é que, ao embarcarem nesse ciclo, pai e mãe se esquecem de que também são marido e mulher. Mas é possível virar a mesa. “Já ajudei muitos casais que passaram anos submersos no mundo dos filhos a reverter o jogo”, conta. Nesse caso, os conselhos do inglês estão baseados em dois pilares: revisão de prioridades e equilíbrio entre casamento, bem-estar dos filhos e as próprias necessidades. “Priorizar o parceiro não é bom apenas para ele e para você mas também para as crianças”, analisa. “Todos ganham com a felicidade do casal.”

Sem bancar a supermãe

“Canalizar toda a energia para a criação da próxima geração, além de levá-la à exaustão e ameaçar arruinar seu casamento, faz você e seus filhos ficarem tão identificados que o sucesso deles passa a ser o seu sucesso, assim como o fracasso. Isso os coloca sob uma pressão desnecessária”, analisa o inglês. Aqueles que se preocupam em ser “pais perfeitos” em geral não preparam os filhos para os percalços da vida. “Liberem-se para ser apenas bons, pois, quando se permitem errar, os pais também ensinam as crianças a conviver e a aprender com os próprios erros”, defende. Marshall garante que os filhos dos casais que topam o desafio de inverter as prioridades e colocam a relação em primeiro lugar se tornam mais felizes. Por outro lado, se eles são o centro da casa, o perigo é grande. “Tendem a perceber a infelicidade dos pais, tentam reaproximá-los e, assim, apesar de não ter maturidade suficiente, se envolvem com uma situação complexa. Pior: imaginam que são culpados pelos desentendimentos.”

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Combate à traição

Colocar a relação como prioridade faz com que o parceiro se sinta valorizado e amado e, sobretudo, que o casamento fique menos suscetível à infidelidade. Tanto de um lado quanto do outro. Em seu recente livro, Marshall conta a história de uma paciente que teve um caso extraconjugal porque depois da chegada das crianças passou a se sentir abandonada pelo marido. “Em um relacionamento saudável, os filhos surgem como um acréscimo positivo e podem unir definitivamente os pais. Basta que eles não percam de vista que também são amantes.”

Investimento erótico

O principal erro dos casais quando se trata de sexo é apostar que o desejo sempre deve surgir espontaneamente. Baseados nisso e diante de tantas novas atribuições no dia a dia, muitos agem como se o amor fosse autossustentável. Não é. “Para uma relação não morrer, deve haver espaço para o romantismo e o flerte. Que tal passar um e-mail ou torpedo com uma mensagem sexy para o parceiro no meio do dia?”, diz. “Não há nada de errado em planejar o sexo.” Embora a maioria dos casais retome a intimidade nos primeiros meses após a chegada do bebê, a frequência tende a despencar. E atenção: focar nos filhos, segundo o terapeuta, pode ser uma forma de compensar a solidão quando o relacionamento já não satisfaz. “É mais fácil colocar as crianças como prioridade do que falar sobre o assunto e assumir a responsabilidade pelo próprio prazer.”

"O parceiro deve ser colocado em primeiro lugar", defende Andrew G. Marshall

Evitar discutir a todo custo pode ser tão prejudicial quanto brigar o tempo todo.
Foto: Richard Cannon

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Boa conversa

Marshall alerta que a base de uma relação saudável e duradoura é a boa comunicação. É essencial o casal se sentir à vontade para que cada lado diga ao outro como se sente e conte as próprias aspirações e necessidades sem precisar usar de subterfúgios. No entanto, vale manter a vigilância em relação ao tom de voz (que não pode ser acusatório) e, sobretudo, ao modo de se expressar. “Disfarçar desejos em um discurso de que se está fazendo aquilo em prol da família ou dos filhos não permite que o parceiro perceba o que é importante para você”, avalia Marshall. “Não mencionar o que incomoda é comum entre casais que se distanciam. Jogar os problemas para debaixo do tapete é ruim porque passa a impressão de que aquele ponto não é tão fundamental para você. Além disso, sentimentos positivos podem ser varridos junto com os negativos”, avalia o terapeuta. “É preciso acabar com o mito de que bons relacionamentos são livres de conflitos. Evitar discutir a todo custo pode ser tão prejudicial quanto brigar o tempo todo.”

Como um time

Quando os dois se dedicam um ao outro, nasce um casal afinado, no qual o homem não é privado das decisões a respeito dos filhos. Assim, sobra mais tempo para a mulher, e a relação entre pai e filho se fortalece. Incluir o parceiro nas deliberações sobre o andamento da casa e a educação das crianças mostra que a opinião dele realmente importa. “Caso contrário, ele se sente desprestigiado”, alerta Marshall. O terapeuta explica que quem não está no controle da relação acaba ressentido e que, pouco a pouco, isso mina a convivência. “Por que não funcionar como um time, em condição de igualdade?”, pergunta. “É preciso deixar claro que a opinião dele tem o mesmo peso da sua.”

Diversão a Dois

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Pequenas atitudes são capazes de renovar a relação. Uma delas é fazer programas de casal com regularidade. “Capriche no visual nessas ocasiões”, lembra Marshall. “Com isso, você passará a mensagem de que se importa com o parceiro e está apaixonada.” Não ocupe toda a agenda com compromissos com os filhos e todos se beneficiarão. “Se você não negligencia o casamento, mantém a família unida”, acredita. “Atender às demandas dos outros sem desconsiderar as próprias pode ser difícil, mas vale tentar. Assim, você aprende a expor seus desejos, ouvir o parceiro e ser assertiva, negociando com firmeza quando as necessidades e vontades de ambos forem incompatíveis.”

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