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“Tenho 45 anos e estou no sexto mês de grávidez. Me deem o direito a essa ousadia”

Grávida aos 45 anos de sua terceira filha, a empresária paulista Pilar Guido de Castro encara os olhares de desconfiança ou indiferença para sua barriga que cresce a cada dia

Por Maria Flor Calil
Atualizado em 11 abr 2024, 17h58 - Publicado em 12 nov 2015, 21h13

“Tenho 45 anos e estou no sexto mês de gravidez. Percebo que sou um ser estranho para a sociedade. Agora, que minha barriga já aponta proeminente embaixo de qualquer roupa que eu vista, ninguém, mas ninguém mesmo, se atreve a comentá-la. Alguns duvidam e outros naturalmente pensam que estou gorda. Para as pessoas, a gravidez nessa idade deve ser algum tipo de tabu. Algo improvável, estranho, perigoso…

Eu nunca tinha pensado em ser mãe, quando, aos 27 anos, veio uma vontade enlouquecedora de engravidar e então nasceu Isabel, hoje com 17 anos. Depois, já com 38 anos, tive a Olivia. Essas duas gestações foram bem tranquilas, saudáveis e sem preocupações.

Eu não pensava mais em engravidar e tomei um susto quando descobri que esperava outro bebê. Achava, inclusive, que seria impossível, já que havia passado dos 40. Fiquei muito tensa, pela idade e por estar em um relacionamento novo, depois de 14 anos de casada. A princípio, meu marido ficou apreensivo, depois se animou, já que é seu primeiro filho. Minhas filhas ficaram felizes de cara, me apoiaram e fazem planos, pensam em nomes para a irmãzinha (sim, é outra menina). Meus pais não tiveram uma boa reação, mas acho que por preocupação comigo. E todos os amigos ficaram muito surpresos.

Agora, nada, mas nada mesmo, me preparou para a minha primeira consulta de pré-natal. Como estou sem plano de saúde, fui ao SUS. O médico que me atendeu duvidou de mim e pediu meu teste de gravidez. Friamente, perguntou duas vezes se eu tinha certeza que estava realmente grávida! Logo disse que não podia me atender ali e me mandou para um hospital onde fui encaminhada para o setor de “alto risco”, em meio a outras parturientes com problemas sérios: diabéticas, hipertensas, depressivas, drogadictas etc… Por conta desse carimbo no meu prontuário, estou impossibilitada de fazer um parto natural. Também passei por uma consulta com outro obstetra, que me deu uma bronca: Como uma mulher na sua idade engravida assim, “sem querer”? Um absurdo! Vamos fazer uma laqueadura, se não a senhora engravida de novo!

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É chocante como quase não existem relatos e informações sobre gravidez com essa idade. Quando existem, são apenas para te deixar apavorada, com medo de má formações na criança, partos traumáticos, entre outros problemas. Fisicamente me sinto bem. Alguma dor nas pernas e nas costas, refluxo, certo cansaço e sensibilidade emocional aumentada, nada que grávidas de 20 ou 30 anos não sintam também. Meus exames estão normais, minha pressão está ok, não tenho diabetes gestacional, anemia, nada. A criança está se desenvolvendo dentro do esperado. Já fiz a ultrassonografia que verifica possíveis anomalias genéticas e o resultado foi bom. No entanto, leio relatos de bebês que nasceram com síndromes cromossômicas e a idade da mãe é sempre o fator principal de risco. Ainda penso em fazer exames mais apurados, como a aminiocentese, pois quero me acalmar. Também espero que minha filha seja uma criança tranquila, sem dúvida não tenho mais tanta energia física como antes. E me preocupa, só um pouquinho, que eu viva o suficiente para deixá-la com idade para se virar sozinha. Quero poder ser mãe dessa criança o maior tempo possível. Faço as contas e constato que quando ela tiver 35 anos, terei 80!

Mas eu tenho vocação para ser mãe. Ter mais um filho é aperfeiçoar minha técnica e minha personalidade, pois percebo que existe a oportunidade de a gente melhorar muito como pessoa. Desta vez, como foi de surpresa já com essa idade “avançada”, senti como se fosse uma benção. Por um segundo pensei em não ter, mas não tive coragem. Tanta gente quer engravidar e não consegue, e eu estou aqui com mais uma chance de colocar alguém no mundo, que pode vir para ajudar e não para estorvar. Vou encarar a despeito do que os outros vão achar, família, mundo, vão me julgar, mas lá vou eu de novo!

Mulheres mais velhas podem engravidar como eu, de forma natural, ou por algum meio artificial e temos que estar preparados para isso. A maternidade mudou a minha vida, a minha personalidade. Sou abençoada por poder ser mãe. Me deem o direito a essa ousadia.”

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