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Depressão, pânico, ansiedade: como falar sobre saúde mental com crianças?

Diálogo aberto por parte dos pais e participação de familiares, amigos e escola são essenciais após o diagnóstico de um transtorno psiquiátrico infantil.

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 15 jan 2020, 14h00 - Publicado em 29 jun 2019, 23h13

Problemas de saúde mental não escolhem sexo, etnia ou classe social das pessoas. E nem idade: crianças também estão sujeitas a sofrer de depressão, ansiedade e síndrome do pânico. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 8% das crianças do mundo têm depressão. No Brasil, o índice é um pouco menor – 3% –, mas mesmo assim é um número alarmante: aproximadamente 2 milhões de menores de idade.

Aconteceu com Laura, filha da analista de vendas Renata Farias. Diagnosticada com depressão e ansiedade aos 8 anos, a menina está em tratamento há pouco mais de um ano e já apresenta um quadro muito melhor. “A única coisa em que eu pensava quando a psiquiatra me disse que era um caso de saúde mental era ‘Mas ela não tem nenhuma preocupação na vida, como é que pode estar com depressão? E ansiosa com o quê?’”, conta a mãe.

Bem, são muitas as causas da depressão infantil, como lista a psicóloga clínica Marilene Kehdi: “Ela pode estar relacionada a aspectos como perdas importantes, divórcio dos pais, bullying, dificuldades de relacionamento no núcleo familiar, na escola ou em outros ambientes sociais, estresse dentro do lar, maus tratos, situações traumáticas, estresse na rotina, sentimento de abandono e rejeição. Também pode estar associada a outros transtornos psiquiátricos e à carga genética”.

No caso de Laura, descobriu-se que o problema era a sobrecarga de cursos e ocupações. “Ela fazia pelo menos duas atividades extracurriculares por dia: inglês, espanhol, natação, judô, balé, musicalização… Deixamos que ela escolhesse apenas as que quisesse continuar – inglês, judô e música – e ela já começou a melhorar”, conta Renata.

Conversar em casa é essencial

Uma vez fechado o diagnóstico de depressão, ansiedade e/ou síndrome do pânico da criança, é preciso haver envolvimento do núcleo familiar no tratamento. A tríade do sucesso é composta pelo respeito às recomendações de tomar medicamentos ou não (ou seja, não ter medo de dar os remédios indicados pelo psiquiatra nem partir para a automedicação caso ele ache que não seja o caso de prescrever algo), pela assiduidade às sessões de terapia e pela conversa franca e aberta em casa.

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“Cada paciente terá suas particularidades, e entender a dinâmica do transtorno em seu filho é essencial para ajudá-lo de forma mais assertiva”, afirma Cezar Melo, psicólogo do Hapvida. “É necessário diálogo, paciência e respeito com a dor dele”, continua.

Marilene complementa: “É fundamental que os pais estejam muito próximos do filho, oferecendo todo o respaldo por meio de um olhar atento e conversas diárias, procurando identificar o que ele está sentindo, como estão seus aspectos emocional e psicológico e se ele manifesta vontade de realizar novas atividades”.

Ou seja: mães e pais podem e devem perguntar como ele está se sentindo, deixar que ele desabafe – e ouvir de fato, sem interromper nem pressionar que o papo seja acelerado ou com mais detalhes – e acolher. Muitas vezes, um simples abraço no final do desabafo é o suficiente para a comunicação ser bem-sucedida. “A criança precisa se sentir acolhida, amada e valorizada pelos pais”, diz Marilene.

A psicóloga dá, ainda, uma dica prática para facilitar as conversas: “Os pais devem organizar suas agendas profissionais para que façam as refeições junto dos filhos. Se isso não for possível, fazer pelo menos uma refeição diária com toda a família reunida, proporcionando a oportunidade para conversarem e se conhecerem melhor. Esses encontros constroem e fortalecem muito a união de todos. Quanto mais próximos e atentos os pais estão dos filhos, mais fácil ajudá-los no tratamento e na cura.”

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Família, amigos e escola também entram na conversa

Avós, tios, primos, amigos, professores e todos que façam parte da rotina da família também contribuem no processo de tratamento da criança que esteja com depressão, ansiedade ou síndrome do pânico. “Uma grande rede de apoio ajuda a criança a se sentir amada”, esclarece Marilene. Cezar aconselha: “A dica é a conscientização. É orientar estes grupos sobre do que se tratam os transtornos, ouvir bem o que psicólogos e psiquiatras envolvidos recomendam.”

Quanto aos relacionamentos nas escolas, a psicóloga explica que “os professores são bem preparados para identificar mudanças de comportamento e de humor nas crianças e bem capacitados para ajudá-las dentro da sala de aula.” De toda forma, fazer reuniões com a coordenação, levar o diagnóstico médico e bater papos periódicos sobre o andamento do tratamento é fundamental para que os resultados sejam bons.

E se a criança não quiser falar sobre seus problemas?

É comum pessoas com depressão, ansiedade ou síndrome do pânico, independentemente da idade, terem dificuldades para se abrir sobre seus problemas. “Nestas situações, é interessante abrir espaço para os psicólogos atuarem”, diz Cezar. “Por estarem em campo neutro e com a garantia do sigilo, o set terapêutico é o lugar mais propício para a investigação a a intervenção nos transtornos.”

Atenção aos sintomas de depressão, ansiedade ou síndrome do pânico infantil

Um passo anterior a isso tudo é perceber sinais de problemas de saúde mental nas crianças. Marilene destaca os principais sintomas:

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– estado de ânimo irritado

– tristeza persistente

– perda de interesse por coisas que antes despertavam muita animação

– falta de vontade de brincar

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– isolamento

– dificuldade para se separar da mãe ou do pai

– baixa autoestima

– cansaço sem motivo aparente

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– apatia, passividade, letargia

– agitação

Ao notar um conjunto desses sintomas, é legal conversar na escola sobre como anda o comportamento da criança em aula e no recreio e, ao menor sinal de dúvida, procurar ajuda médica. Quanto antes for fechado um diagnóstico, antes a criança melhorará e voltará a ter um dia a dia mais feliz e saudável.

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