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“Meus filhos veem que estou sempre tentando fazer o correto”, diz o ator Mark Ruffalo

Ele já concorreu ao Oscar (três vezes!), mas ganhou popularidade mesmo como o irascível Hulk, de "Os Vingadores". Nas telonas em "Truque de Mestre 2: O Segundo Ato", Mark Ruffalo fala sobre família e o interesse em política

Por Mariane Morisawa (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 11h46 - Publicado em 28 jun 2016, 18h52

Ele é um dos atores mais versáteis de sua geração – com dramas, suspenses, comédias românticas e aventuras no currículo. Só no último ano, o americano Mark Ruffalo, 48 anos, dividiu seu talento entre o gigante super-herói Hulk, de Os Vingadores: Era de Ultron, e o seriíssimo papel do jornalista investigativo que ajuda a desvendar um esquema de pedofilia na Igreja Católica em Spotlight – Segredos Revelados, pelo qual foi indicado ao Oscar (de coadjuvante). Agora, ele volta às telas com o suspense Truque de Mestre 2: O Segundo Ato, de Jon Chu.

Na trama, que teve a primeira parte lançada há três anos, o galã vive de novo o agente do FBI Dylan Rhodes, responsável por investigar um grupo de ilusionistas que rouba dinheiro de milionários e o distribui para os pobres. Em entrevista exclusiva a CLAUDIA, o ator – com a voz calma de quem acabou de acordar – diz enxergar alguma semelhança entre a ficção e a realidade: “A revelação desses Papéis do Panamá (documentos que expõem um esquema global de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro envolvendo chefes de Estado, banqueiros e celebridades) é sinal de que alguém está interessado em fazer as vezes de um Robin Hood moderno”. E continua: “Cada vez mais pessoas estão se arriscando para lutar contra a corrupção. Queremos justiça. Se antes a elite comandava a portas fechadas, agora podemos acompanhar tudo”. A mudança, avalia, é fruto das redes sociais. “No início, via atores usando-as para contar o que tinham comido. É muito narcisismo!”, critica. “Foi quando acompanhei de casa, em tempo real, as revoluções no Irã, em 2009, que notei que as redes são uma ferramenta poderosa da democracia.”

Apaixonado por política, o ator não é brando ao declarar suas posições – chegou, inclusive, a gravar um vídeo de apoio à então candidata Marina Silva, durante a corrida presidencial brasileira (para depois voltar atrás). Na atual campanha americana, apoia abertamente o democrata Bernie Sanders. Para Ruffalo, essa conexão mais próxima entre as pessoas é uma oportunidade de descobrir o que temos em comum mesmo com quem vive distante. O interesse pelas relações humanas, diz ele, vem desde jovem: “Não que eu tenha amado a escola católica, mas aprendi ensinamentos básicos que se repetem na maioria das religiões: justiça social, decência, bondade, compaixão”.

O papo sério, porém, não o torna um homem sisudo. Filho de uma cabeleireira e de um pequeno empresário, chegou a ser eleito o mais divertido da classe no ensino médio. Até hoje, é reconhecido entre colegas pela personalidade pateta. A mesma irreverência marca a vida pessoal: conheceu a esposa no meio da rua e assegura que soube imediatamente que se casaria com ela – embora outro amigo também tenha se interessado pela loira. Isso foi 16 anos atrás. Hoje, Ruffalo e a atriz Sunrise Coigney são pais de um menino e duas meninas: Keen (que quer dizer esperto, curioso), 15 anos; Bella Noche (bela noite, em espanhol), 11 anos; e Odette, 8. Curiosamente, nenhum deles saiu da maternidade com nome definido.

Divulgação
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Com Jesse Eisenberg (em pé), Mark Ruffalo em cena do longa Truque de Mestre 2.

Ruffalo, que já tem alguns fios de cabelo grisalhos aparecendo nas têmporas, fica ainda mais charmoso ao falar da família. Conta que, como pai, se preocupa em passar valores, criar consciência e incentivar o espírito de luta. “Quero dar o exemplo. Meus filhos veem que sou falível, como qualquer um, mas sabem que estou sempre tentando fazer o correto.” Aí, inclui não deixar que suas crianças experimentem as dificuldades que ele viveu ainda pequeno: o ator assistiu à família se desmantelar quando o pai foi à falência. Anos mais tarde, quase desistiu da carreira por não conseguir ser aprovado nos testes e precisar de dinheiro. Nesse período, se sustentava como garçom.

Após estourar em Conte Comigo (2000), Ruffalo sonhou que tinha um tumor no cérebro. Desconfiado, marcou uma consulta para tirar a prova. O médico confirmou o diagnóstico, que ele escondeu da mulher, grávida, até o nascimento de Keen. Algumas semanas depois, passou por uma cirurgia que deixou sua face parcialmente paralisada. Recuperou-se quase totalmente, a não ser pela audição do ouvido esquerdo. Retomou a carreira em alguns anos, estrelando filmes como Zodíaco (2007) e Ensaio sobre a Cegueira (2008), dirigido por Fernando Meirelles e gravado em São Paulo. “Foi uma experiência extraordinária. Os cineastas brasileiros são muito irreverentes na forma de fazer filmes”, diz ele, que já tinha participado de Voando Alto, com Bruno Barreto, em 2003, e está conversando com José Padilha para uma parceria em breve. “Tenho muita simpatia pelo povo do seu país, seu destemor, sua alegria de viver, sua inteligência.”

Em dezembro de 2008, quando tudo parecia mais calmo, outro baque: o irmão mais novo de Ruffalo, Scott, foi assassinado, em casa, com um tiro na cabeça – caso que permanece sem solução. Foi justamente uma homenagem ao caçula que rendeu ao ator sua primeira indicação ao Oscar. Paul, o bon vivant de Minhas Mães e Meu Pai, lembrava Scott. A segunda, em 2014, veio com o lutador olímpico de Foxcatcher: Uma História Que Chocou o Mundo. O trabalho, aliás, o devolveu, temporariamente, aos campeonatos de luta livre, que frequentara na adolescência. Esse espírito desbravador e o anseio por desafios, Ruffalo diz, são fruto das reviravoltas por que passou. Com elas, aprendeu que, a qualquer minuto, tudo pode desmoronar. Melhor aproveitar, intensamente.

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