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Apendicite pode ser tratada sem bisturi

Mais de 70% dos pacientes melhoram com antibióticos, revelou estudo. Será que a retirada cirúrgica do apêndice vai virar coisa do passado?

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 14h39 - Publicado em 2 jul 2015, 14h05

Uma das cirurgias mais realizadas no mundo e também no Brasil foi colocada em xeque: a apendicectomia. Num estudo publicado em 16 de junho no JAMA, Jornal da Associação Médica Americana, 73% dos pacientes responderam tão bem ao tratamento com antibióticos que não precisaram “entrar no bisturi”. Os demais (27%) tiveram que ser operados no decorrer de um ano. Nenhum teve complicação por atraso na realização do procedimento. Este achado contraria a tradição: há mais de cem anos a conduta médica para a inflamação do apêndice é a cirurgia e em caráter de urgência.

Semelhante a uma estreita bolsa, de cerca de 8 cm de extensão, presa ao intestino grosso, o apêndice produz células que atuam na defesa do organismo. Quando se inflama e sofre infecção, o maior perigo é estourar e as bactérias contaminarem o abdômen, o que pode evoluir para infecção generalizada e levar à morte, caso atinjam o coração ou o pulmão.  Daí a justificativa para operar sem demora. Nos Estados Unidos são feitas mais de 300 mil apendicectomias por ano. No Brasil, esse número pode passar de 400 mil. “Agora sabemos que apenas uma pequena porcentagem de pacientes com apendicite necessita de cirurgia de emergência”, disse a líder do estudo Paulina Salminen, do Hospital Universitário Turku, na Finlândia. “A maioria apresenta uma forma branda da doença, que retrocede com antibióticos”.  

Tratamento conservador

Pesquisas anteriores conduzidas na Suécia e na Inglaterra já haviam sugerido que antibióticos podem curar apendicite e a remoção cirúrgica ficar restrita aos casos de maior gravidade. Mas dessa vez os dados foram mais consistentes. A equipe de Salminem acompanhou 530 pacientes de 18 a 60 anos de idade com apendicite aguda. Metade foi submetida à apendicectomia tradicional (em que se faz um corte no abdômen) e a outra metade à administração de antibióticos potentes durante 10 dias: três dias de ertapenem por via intravenosa no hospital mais uma semana de comprimidos de levofloxacina e metronidazol em casa.  Três a cada quatro dos tratados com antibióticos escaparam do bisturi.  Os que tiveram que ser operados depois não apresentaram mais complicações do que os submetidos à cirurgia imediata.

           

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Possíveis candidatos

O tratamento com antibióticos pode ser cogitado quando a apendicite é descoberta na fase inicial”, informa o cirurgião Aníbal Bogossian, conselheiro da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. “Para isso, o órgão tem que estar apenas inflamado. Se já houver obstrução do intestino ou infecção com a presença de pus, a recomendação ainda é cirúrgica”. Segundo o médico, a grande maioria dos pacientes só recebe o diagnóstico nessa fase tardia ou quando já existe complicação como perfuração do apêndice, o que inviabiliza a abordagem conservadora.

 “As crianças, em geral, respondem bem aos antibióticos”. O médico explica, porém, que o tratamento deve ser feito em regime de internação para que o paciente possa ser monitorado e avaliado de 6 em 6 horas para identificar se está surtindo efeito e se há qualquer sinal de complicação. “A maioria das mortes por apendicite decorre de falhas no acompanhamento e demora no diagnóstico”, explica o cirurgião.

Atenção aos sinais

Embora a apendicite ataque em qualquer idade, até na velhice, os mais atingidos são crianças e jovens entre 10 e 20 anos de idade. O principal sintoma é dor que começa em volta do umbigo e se desloca para a direita, em direção ao pé da barriga. Quando o médico aperta o local, o paciente repuxa a perna direita. “A dor é persistente e não melhora com analgésicos normais”, explica Aníbal Bogossian. “Pode vir acompanhada de febre, náuseas, falta de apetite, diminuição na eliminação de gases e fezes e distensão abdominal”.

 

 

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