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A nova carreira da atriz italiana Isabella Rossellini

A atriz e ex-modelo Isabella Rossellini conta que não se apertou quando viu os trabalhos rarearem conforme avançava a idade: descobriu novos interesses e talentos

Por Mariane Morisawa (colaboradora)
Atualizado em 31 out 2016, 11h32 - Publicado em 20 jun 2013, 22h00

Para Isabella Rossellini, a maturidade trouxe leveza 
Foto: Getty Images

Isabella Rossellini desculpa-se, mesmo sem ter se atrasado. “Vocês estão com cara de quem está esperando há muito tempo!”, diz, sorrindo, ao chegar para uma conversa com CLAUDIA e três jornalistas de outros países. É uma manhã fria no Festival de Berlim e ela veste preto dos pés à cabeça. Apesar do figurino circunspecto, as risadas vêm fáceis, mais até que os sorrisos. Filha de dois ícones, o cineasta Roberto Rossellini e a atriz Ingrid Bergman, Isabella agora segue os passos de ambos ao mesmo tempo: dirige a série Mammas – que estreia no Sundance Channel, nos Estados Unidos, neste mês – e também atua na produção. É um conjunto de nove bem-humorados curtas sobre o comportamento materno dos bichos, baseados em pesquisas da bióloga Marlene Zuk, da Universidade de Minnesota. “Ela ficava ofendida com a ideia de que era da natureza feminina sacrificar-se por seu bebê”, diz. Marlene recolheu exemplos como o do hamster, cuja fêmea, ao ter uma ninhada grande demais, pode comer os mais fracos para ter energia para os fortes. Mammas junta-se a Green Porno e Seduce Me, séries sobre sedução e conduta sexual dos animais, e confirma o novo rumo tomado pela modelo e atriz desde que ela viu as ofertas escassearem à medida que envelhecia. Aos 60 anos, a mãe de Elettra, 29, e Roberto, 19, fala sobre a leveza trazida pela maturidade, humor, filhos e fama.

Você certamente se sacrificou um tanto para criar seus filhos. Diria que isso diminuiu o ritmo da carreira?

Acho que é o problema de todas as mulheres. E o conflito de ter carreira, criar filhos e cuidar da família foi o maior da minha geração. Minha mãe trabalhava, mas era diferente. Ela dizia: “Eu não escolhi a atuação, a atuação me escolheu”. Era como se fosse uma freira. Já eu sempre encarei mais como uma carreira mesmo: queria ser independente financeiramente. Mas hoje penso: por que a escola termina tão cedo? (risos) Não pode funcionar no mesmo horário dos escritórios?

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Você é uma espécie de David Attenborough, o naturalista britânico, um dos pioneiros nos programas de TV sobre animais, só que com mais humor.

Ele é meu herói. Quando os trabalhos de modelo e de atriz começaram a minguar, só por causa da minha idade, voltou essa ideia, de quando eu era adolescente, de fazer filmes sobre animais. Robert Redford, uma pessoa maravilhosa, me deu um pouco de dinheiro, e dirigi os primeiros episódios de Green Porno. Decidi que, se ia expressar algo no mundo dos animais, seria com senso de humor. Porque todos os documentários são excelentes, mas muito sérios.

De quem herdou o senso de humor?

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Tanto meu pai quanto minha mãe eram muito engraçados. Todos gostam de rir na minha família. Além disso, quanto mais velha você fica, mais ri. Todo mundo fala de envelhecer como uma coisa ruim, quando, na verdade, a vida fica tão mais leve! A mulher do meu advogado viu meus primeiros filmes de animais e disse: “Ah, só uma pessoa de 50 anos poderia fazer isso!” Você se permite ser boba quando tem essa idade (risos). Simplesmente não se leva mais tão a sério.

Você era muito séria?

Eu era! Acho que é da idade. Trabalho com muita gente jovem e todos têm o próprio curta-metragem: sobre assassinato, massacre… É incrível! Tão sombrio! (risos)

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Em Hollywood, não se sabe o que você anda fazendo. Por que mudou o rumo em vez de continuar em filmes?

É difícil dizer por que tomei essa decisão. Além de atriz, era modelo, saía em capa de revista e tinha contrato com uma marca de cosméticos. Porém, à medida que você fica mais velha, vai tendo cada vez menos trabalho, até ele se reduzir a nada. Ocorre o mesmo com a atuação. Claro que eu poderia fazer teatro – nele a carreira é mais longa. Mas ficar na estrada, em turnê, era sofrido. Sempre gostei de arte e apenas entrei em um mundo que me interessava.

Está mais realizada agora do que como atriz e modelo?

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Vejo como uma evolução. Fico feliz de estar fazendo isso porque gosto muito de trabalhar. Além do mais, como modelo ou atriz você tem de esperar ser contratada. Agora eu mesma me contrato! (risos) Mas não dá muito dinheiro.

Ainda mora numa fazenda?

Sim, em Long Island. Vivi em Nova York muitos anos, e é um lugar difícil, caótico. Eu tinha uma casa no campo, e meu filho ficava triste aos domingos, quando tínhamos de voltar para Nova York. Quando ele foi para o ensino médio, decidimos que nos mudaríamos para a fazenda. Meu medo era sentir falta da cidade. Mas não aconteceu.

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Seus pais são ícones. Sua filha, que é modelo, também tem mãe ícone. Qual o impacto disso?

Elettra tem 29 anos. Está naquela idade em que quer ter sucesso por si mesma, sem tirar vantagem do sobrenome. Foi meu problema. Quando você fica mais velha, percebe que ter um bom sobrenome não basta para trabalhar. Na verdade, a imprensa às vezes é brutal com a segunda geração. Vi muita gente indo para a terapia e tentando se recuperar de um filme fracassado. Ninguém os incomodaria se não fossem ninguém. Como têm sobrenome famoso, porém, tornam-se o foco. Minha filha é bem-sucedida. Mas acho difícil ver que atravessa o mesmo processo pelo qual passei, e não há muito o que eu possa dizer.

Mas ela ouve você?

Ouve os bons conselhos. Quando começou como modelo, um agente falou que ela deveria fazer plástica, aos 18 anos! (risos) Graças a Deus, tinha a mim como mãe.
 

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