Dias de Caça
Três amigas, uma viagem louca e um objetivo ousado: conhecer o maior número possível de homens interessantes. Como termina essa aventura?
Como termina a aventura dessas três
amigas solteiras e caçadoras?
Ilustração: Ana Bento
Havia uma euforia explícita naquela manhã de quarta-feira na frente da minha casa. Era janeiro e eu e mais duas colegas – Vera e Anna – finalmente transformaríamos em realidade o sonho que por tanto tempo acalentávamos: viajar juntas de férias. No tão cobiçado momento de entrar no meu carro e partir, um tremor de excitaçãotomava conta de nós. ‘Naty, essa será a maior loucura que já fizemos na vida. Nunca imaginei que iríamos levar adiante a ideia maluca de viajar até o Nordeste de automóvel!’, comentou Anna.
Nem eu. Havíamos planejado aquela aventura de duas semanas no ano anterior. Um dia, enquanto aguardávamos nossa vez no salão de beleza, Vera comentara a respeito do seu desejo de sair pelas estradas do Brasil afora. Eu e Anna revelamos ter a mesmíssima vontade. Pronto! Entre um corte de cabelo e outro, decidimos: vamos realizá-la!
Escolhemos a quarta-feira, coincidentemente o terceiro dia desde o início de nossas férias no trabalho, para iniciar a emocionante jornada rumo ao desconhecido. Eu sempre fora uma boa motorista, mas confesso que estava com receio. ‘Que tipo de gente e situações vamos encontrar no caminho?’ pensava. Afinal de contas, três mulheres dentro de um carro poderiam ser alvo fácil para criminosos ou algo assim. Guardei minha Bíblia dentro do porta-luvas e pedi por proteção divina para que tudo corresse bem na viagem.
Como éramos as três solteiras e desimpedidas, não houve resistência alguma para que fizéssemos a viagem. Nossos pais bronquearam no início, mas sabiam que todas tínhamos mais de 30 anos, podíamos nos virar bem. Maduras, decididas e valentes. Era assim que nos sentíamos naquela manhã enquanto guardávamos nossas coisas dentro do meu carrinho popular, estacionado diante do meu prédio. ‘Naty, você acha que só seis pares de biquínis bastam?’, indagou Anna. Eu ri. Não foram só as peças de praia que entraram em meu carro, mas mochilas e mais mochilas estufadas de roupas, perfumes, livros, comidinhas, maquiagem, absorventes e um monte de outras coisas que mulher costuma carrega numa viagem. ‘Pronto, agora podemos ir!’, declarei assim que acomodamos a última bagagem no apertado porta-malas.
Nas mãos, meu mapa rodoviário. Na cabeça, desejos passionais. Não estávamos atrás apenas de lindas paisagens, praias paradisíacas ou lugares ermos e desconhecidos. Tínhamos uma intenção maior em todo esse projeto. Lógico, não comentamos com nenhum amigo sobre elas. Para eles e nossos parentes, as três malucas cruzando parte do país de carro queriam apenas fazer turismo exótico e relaxar da dura vida que levavam na cidade. Mas, na verdade, não era bem assim…
Quatro horas de estrada depois de nossa partida, paramos num posto para abastecer o carro e comprar mais algumas coisas – quem resiste às lojas de conveniência?. Anna, que vestia uma blusinha leve, transparente, quase libertadora, foi a primeira a comentar sobre o real objetivo que nos levava àquilo tudo. ‘Como eles serão, hein? Bonitos, feios, simpáticos, jovens, coroas, ricos, pobres…?’ Imediatamente caímos na gargalhada. Ora, no fundo, tínhamos exatamente a mesma pergunta em mente.
Portanto, prepare-se, querida leitora, pois aqui começa o diário de bordo de Naty, Anna e Vera. Três mulheres que decidiram pegar a estrada atrás de um único objetivo: conhecer o maior número de homens interessantes possível uma única viagem.