Larguei a prostituição e hoje sou mãe de família
Encontrei o grande amor da minha vida numa boate, engravidei, construí uma família e me tornei uma dona de casa feliz e dedicada
No começo fui rebelde, mas o amor
me deu forças para superar os vícios.
Aprendi que ser feliz é algo simples
Foto: Edson Ruiz
Ele me levou pro quarto, me jogou na cama e me despiu como se estivesse rasgando uma roupa velha, sem nenhum cuidado. Eu pedia pra ir com calma, mas ele logo dizia: ”Não reclama que eu estou pagando!”. Era um sexo doloroso e violento. Foi assim a minha primeira noite de prostituição: como um estupro.
Revivi essa cena quase todos os dias. Ficava apavorada, me sentia um objeto qualquer quando tinha o meu corpo violado por homens brutos e asquerosos.
Tinha medo de morrer em serviço. Uma vez, um cliente ficou tão enfurecido que jogou o carro contra mim. Não me acertou por pouco. Outro quis enfiar a mão dentro da minha garganta porque eu me recusei a transar sem camisinha.
Mas naquela época me vi sem opção: eu precisava muito do dinheiro e não queria voltar pra casa, pois estava brigada com o meu pai. Cheguei a trabalhar como garçonete ganhando R$ 15 por noite, o suficiente para não passar fome, mas acabei voltando às ruas.
Consegui R$ 400 no meu primeiro programa, nunca tinha visto tanto dinheiro junto na minha vida! Faturava R$ 4 mil em um mês. Pagava o meu aluguel, minhas roupas, o cigarro, a bebida, e levava uma vida confortável. Mas vez ou outra eu tinha que segurar bandejas de cocaína para outras colegas usarem. Eu nunca, nunca tive coragem de experimentar drogas. Tinha muito cliente que pagava o programa só para eu ficar observando-o se drogar. Me sentia no inferno.