Vida de mecânica tem seus
inconvenientes, como as unhas sujas
Foto: Arquivo pessoal
Minhas clientes não acreditam quando eu digo que não é difícil consertar eletrodomésticos. Imagina, é só prestar atenção na hora de desmontar o aparelho para depois recolocar todas as peças e fios no mesmo lugar. Aliás, o conserto muitas vezes não passa da troca de uma peça.
Eu trabalho com eletrodomésticos desde os 15 anos. Comecei como balconista na assistência técnica do meu pai. Depois que a loja fechava, ele ia pra oficina e eu ficava observando.
Curiosa, aprendi logo a desmontar os aparelhos. Quando meu pai se deu conta eu já sabia consertar ferro, secador de cabelo, liquidificador, batedeira e todos os outros eletrodomésticos portáteis, que são os mais simples.
Fiquei nos bastidores até os 17 anos, quando abri minha própria loja, no nome da minha mãe. Lá eu fazia de tudo: atendia, consertava, limpava… Quando tinha alguma dúvida meu pai me socorria, pois eu nunca fiz curso de mecânica.
Vaidosa, trabalho toda arrumada, de jeans, blusinha, escova e unhas feitas. Muitos clientes só descobrem que a mecânica sou eu quando lêem meu nome na ficha do aparelho já consertado. Aí já viu, né?
Desconfiados da minha capacidade, vários homens pedem para testar o aparelho. Outros reclamam que se soubessem que eu faria o serviço eles mesmos teriam dado um jeito. As mulheres, pelo contrário, acham o maior barato a minha habilidade, pois a maioria delas morre de medo de mecânica e eletricidade.