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Editora lançará livros escrito apenas por mulheres

Por Maddie Crum (colaboradora)
Atualizado em 11 abr 2024, 20h10 - Publicado em 22 jun 2015, 11h41

Em 2014, apenas 27% dos autores destacados no The Times Literary Supplement foram mulheres. No caso da revista literária Paris Review, 40% foram mulheres, e do semanário The Nation, apenas 29%. Esses números foram obtidos graças à contagem anual VIDA, em um esforço para iluminar a desigualdade de gêneros no mundo literário ocidental.

A contagem, que vem sendo feita há cinco anos, já incentivou mudanças positivas: o New York Times está ampliando constantemente a cobertura de escritoras mulheres, e em consequência disso a escritora Joanna Walsh declarou 2014 o Ano das Mulheres Leitoras. Mas ainda resta muito a fazer, como as estatísticas acima começam a indicar. Os livros sobre mulheres ainda não conquistam prêmios importantes, e os livros escritor por mulheres ainda tendem a ser vistos como pouco sérios.

Para começar a combater essas discrepâncias, a escritora Kamila Shamsie publicou “uma provocação” no The Guardian este mês: propôs que 2018, ano em que se celebra o centenário do sufrágio feminino no Reino Unido, seja declarado o Ano de Publicar Obras de Mulheres.

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A escritora Kamila Shamsie, finalista do Prêmio Baileys de Ficção Feminina em 2015 por A God in Every Stone (Bloomsbury). (Foto de Tristan Fewings/Getty Images para DIAGEO)

Shamsie iniciou seu apelo lembrando uma mesa-redonda sobre o estado da ficção americana à qual assistiu. Apenas homens faziam parte, e só foram discutidos autores homens –Marilynne Robinson e Eudora Welty não foram mencionadas. Mas a culpa não era dos autores presentes nessa mesa-redonda específica. Shamsie escreve: “Como em qualquer sistema eficaz de poder – e, ao longo do tempo e do espaço, o patriarcado é o sistema de poder mais eficaz do mundo –, os meios para manter intacta a estrutura de poder são complexos”.

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Para ilustrar a complexidade do sexismo no mundo literário e fora dela, Shamsie usa o exemplo do Prêmio Booker, um dos troféus literários mais prestigiosos do mundo, historicamente dado a um escritor do Reino Unido ou da Commonwealth e recentemente ampliado para abranger escritores de todos os países. É tão comum que o prêmio seja dado a livros escritor por homens ou que tratam de homens que, em reação, foi criado um prêmio só para mulheres, para o qual a própria Shamsie foi indicada recentemente.

O problema do Prêmio Booker pode dever-se ao fato de seus júris no passado terem sido compostos quase apenas de homens. Mas não é só isso. A jurada Sarah Churchwell explicou no ano passado que simplesmente leu os livros que lhe foram mandados da seleção inicial, dominada por escritores homens. Assim, conclui Shamsie, “o quadro que começa a emergir dessas estatísticas indica jurados que avaliam os livros sem um viés de gênero, mas que são limitados em suas opções por editoras que propõem como candidatos ao prêmio sobretudo livros escritos por homens.”

Se a culpa é pelo menos em parte das editoras, uma solução possível seria que elas publicassem mais livros escritos por mulheres, certo?

Uma editora já deu ouvidos ao chamado de Shamsie. A editora And Other Stories lança cerca de dez títulos por ano, e seu publisher reconhece que nos últimos anos favoreceu autores homens. A editora anunciou que em 2018 vai lançar unicamente títulos escritos por mulheres.

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Resta a ver se alguma editora americana seguirá o exemplo. Isso não significa que já não existam esforços literários que estão fazendo um ótimo trabalho com a paridade de gêneros ou em focar unicamente escritoras mulheres. O projeto editorial Dorothy – que no ano passado lançou The Wallcreeper, de Nell Zink – se dedica a publicar unicamente livros de mulheres. E a Emily Books, um serviço por assinatura comandado pela escritora Emily Gould, recomenda a seus assinantes principalmente títulos escritos por mulheres.

Vamos torcer para que algo semelhantes se repita no futuro muito próximo!

Matéria publicada em Brasilpost.com.br

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