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Em Cannes, filme com sexo oral explícito chama a atenção pela misoginia

Abdellatif Kechiche, o mesmo diretor de "Azul é a Cor Mais Quente", teve seu mais novo trabalho classificado como misógino e nojento pelos críticos.

Por Júlia Warken
Atualizado em 15 jan 2020, 17h18 - Publicado em 24 Maio 2019, 16h53

Exibido nessa quinta-feira (23) no Festival de Cannes, o filme “Mektoub, My Love – Intermezzo” é o mais criticado do evento esse ano. O novo longa do diretor Abdellatif Kechiche – o mesmo de “Azul é a Cor Mais Quente” – está sendo classificado como “misógino”, “nojento” e “voyeurista”. 

O filme de 3 horas e 28 minutos gira em torno de um grupo de jovens que curtem momentos na praia, fazem muita festa e flertam entre si. Quem assistiu ao filme diz que salta aos olhos a objetificação dos corpos femininos e que a cena mais controversa mostra sexo oral de maneira explícita durante 12 minutos. Nas imagens, um casal está no banheiro de uma boate e a genitais da garota que recebe sexo oral é mostrada em close, bem como suas nádegas.

(Mektout, my love - Intermezzo/Reprodução)

Críticos apontam que o longa beira o pornô e que as cenas de sexo são gratuitas. Para Bruno Ghetti, correspondente do UOL em Cannes, há uma “dicotomia entre o enfoque machista, mas ao mesmo tempo reconhecedor da emancipação feminina sobre o próprio desejo”. Mesmo assim, ele aponta a flagrante objetificação das mulheres em cena: “A câmera de Kechiche paira sobretudo sobre as curvas femininas, em danças sensualizadas, com shorts minúsculos e cabelos molhados de suor”.

A matéria do France Presse publicada pelo G1 traz um relato parecido: “À margem de uma série de diálogos banais, nas três horas e meia de filme, o cineasta se dedica aos corpos das mulheres, sobretudo nádegas, que se movem sem parar ao ritmo da música”.

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O longa exibido em Cannes é a segunda parte de uma trilogia. O primeiro filme da série, “Mektoub, My Love: Canto Uno”, já havia sido criticado pelo conteúdo machista dois anos atrás, no Festival de Veneza.

Os abusos do diretor no set de “Azul é a Cor Mais Quente”

Abdellatif Kechiche é o mesmo diretor por traz de “Azul é a Cor Mais Quente”, que também é totalmente controverso. Apesar da representatividade lésbica presente no filme, ele claramente é retratado sob um olhar fetichista. Isso ficou ainda mais evidente depois que as protagonistas Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux acusaram o diretor de tê-las tratado de maneira degradante nas gravações.

As atrizes relatam que foram forçadas a ficar completamente nuas no set de filmagem durante dez dias. “A maioria das pessoas na vida real sequer se atreve a fazer o que ele nos obrigou e geralmente têm mais respeito umas pelas outras. Ele não”, comentou Adèle na época. A atriz também comentou a respeito do momento em que a personagem de Léa bate nela durante o sexo. “Você pode ver que estávamos sofrendo de verdade. Ela me bateu muitas vezes e ele [Kechiche] gritava: acerte-a! Bata nela outra vez!”.

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Atriz que fez a cena de sexo oral abandona sessão do filme

Jornalistas relataram que a atriz que protagoniza a cena de sexo oral em “Mektoub, my love – Intermezzo”, Ophélie Bau, não ficou até o fim da seção em Cannes – assim como vários outros expectadores. Ela também não estava presente na coletiva de imprensa realizada com a equipe do filme nessa sexta-feira (24).

Ao ser questionado por um repórter sobre a ausência da atriz, Kechiche respondeu: “Acho sua pergunta muito tola, e deslocada dentro de um festival de cinema”. Ele também se recusou a responder perguntas sobre o processo de filmagem.

“Não quero responder a perguntas sobre como ou por que fiz esse filme. Tenho passado por momentos pouco saudáveis relacionadas ao modo como meu trabalho é feito. Pedi aos meus atores que não se pronunciassem mais sobre esse assunto”, declarou na coletiva.

A atriz Ophélie Bau esteve no tapete vermelho, mas não assistiu ao filme até o final e ausentou-se da coletiva de imprensa (Stephane Cardinale - Corbis/Corbis/Getty Images)
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