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EUA poderá vender salmão transgênico: até onde o desejo por carne vai nos levar?

Produção e venda de salmão com DNA alterado para crescer mais rápido são aprovadas nos EUA. Você comeria um animal transgênico?

Por Stefanie Silveira (colunista)
Atualizado em 21 jan 2020, 16h49 - Publicado em 27 nov 2015, 08h06

O FDA (Food and Drug Administration), órgão governamental dos Estados Unidos responsável pelo controle de alimentos, aprovou, na última semana, a produção e a comercialização de um tipo de salmão geneticamente modificado. O DNA do peixe é modificado para que ele cresça mais rápido, atingindo o peso ideal para abate antes dos animais que vivem nos criadouros, garantindo assim mais lucro e produtividade para a indústria da carne.

Esta é a primeira vez que um bicho geneticamente modificado é aprovado para venda e consumo nos EUA. No entanto, a comida transgênica é uma realidade comum e constante no prato das pessoas. Consumimos milho e soja transgênicos há tempos e, por pouco, este ano quase perdemos o direito de ver nas embalagens o “T” indicativo deste tipo de produto. Nos vegetais, as mudanças são feitas basicamente para que eles se tornem mais resistentes a pragas e herbicidas, mais uma vez, garantindo o lucro e a produtividade.

Nos EUA, o mesmo FDA já aprovou a venda de maçãs e batatas modificadas geneticamente. A empresa responsável pela produção do salmão transgênico afirma que ele cresce duas vezes mais rápido que a espécie selvagem, necessitando cerca de 25% menos comida para atingir o peso de abate.

Um dos argumentos utilizados para a defesa da aprovação do salmão frankenstein foi de que a humanidade corre o risco de enfrentar uma crise de alimentos nos próximos anos, e a escassez de carne está entre os problemas, já que sua produção é cara e profundamente insustentável.

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E aí está uma das grandes falácias desta busca da indústria da carne por mais produtividade. O mundo já enfrenta uma crise de alimentação. Milhões de pessoas passam fome, enquanto o mundo ocidental sofre com obesidade, diabetes e colesterol alto. O problema na verdade está na quantidade imensa de terras que servem unicamente para produção de grãos que não servirão para consumo humano, mas sim para virarem ração que alimenta uma enorme quantidade de gado que ocupa mais uma área de terra.

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A carne é cara e insustentável. De produção poluente, desmatadora e antiética, a carne é produto excludente cuja presença na totalidade dos pratos do mundo é irreal. A criação de animais toma 3/4 da terra disponível para agricultura no mundo, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Também segundo a FAO, um terço da produção de cereais é usado para alimentar animais.

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De acordo com um estudo publicado na revista científica Science of the Total Environment, se trocássemos a carne pela soja produzida para alimentar os animais, a destruição de vegetação cairia 94%, levando em conta o mesmo fornecimento de proteína. A produção de carne bovina requer 32 vezes mais terra do que a produção de soja.

Dados divulgados pelo jornal The Guardian sobre a produção local de carne indicam que a América Latina se tornou um império da soja para alimentar animais da indústria da carne. Parte desse império pertence à brasileira JBS, maior empresa de processamento de comida do mundo, que faturou 38,7 bilhões de dólares em 2012. Os dados também mostram que a venda de antibióticos para serem dados aos animais ultrapassou de longe a venda desses remédios para uso humano.

A carne que você consome vem do desmatamento, do uso irrestrito de terras e da poluição de rios. Além disso, ela é contaminada por hormônios e antibióticos. Agora, ela também pode ser modificada geneticamente. Sem nem mencionar a questão ética da morte dos animais: vale a pena colocar este bife no prato?

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