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Por que a Betty Faria não merece xingamentos

Calma! Eu também achei um absurdo ela ter falado que tem horror a gordo, mas não dá para justificar um preconceito usando outro

Por Ju Romano (colunista)
Atualizado em 21 jan 2020, 18h47 - Publicado em 18 set 2015, 08h07

Lembro lá em 2013 quando Betty apareceu felizona saindo do mar com seu biquininho e corpo de uma senhora de 72 anos à mostra. Os dedos maldosos de plantão caíram matando na rede mundial em cima e Betty dizendo que ela deveria “tomar vergonha na cara” porque estava com o corpo “de velha”. Ela, então, fez um comentário que jamais vou esquecer e que, na época, fiquei orgulhosa de ver mulheres pensando como ela. Betty disse: “Então querem que eu vá à praia de burca, que eu me esconda, que me envergonhe de ter envelhecido? E a minha liberdade? Depois de tantas restrições alimentares, remédios para tomar, exercícios a fazer, vícios a evitar, todos próprios da idade, ainda preciso andar de burca? E o prazer, a alegria, meu humor?”. Esse comentário abriu incontáveis vias de discussão sobre aceitação corporal e autoconfiança. Foi um marco na época e eu defendi com garras e dentes a liberdade da atriz de usar o que quisesse com o corpo que tivesse.

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Que tristeza, para mim e para todas as outras gordas que a admiraram há 2 anos, vê-la se voltando contra seus próprios argumentos de felicidade e aceitação e dizendo que tem aversão à gordos. “Eu, por exemplo, não gosto de mulheres gordas. Elas me incomodam profundamente. Tenho repulsa, rejeição. Sempre batalhei para não ser uma velha gorda. Jamais compraria um quadro do Botero”, disse em entrevista à revista Joyce Pacowitch.

Talvez sem saber, Betty continua a reproduzir o mesmo discurso de ódio que lhe foi repassado pelas gerações anteriores e pelas críticas maldosas, o mesmo que fez com que outras mulheres julgassem seu corpo lá em 2013. E, talvez, o mesmo que fez com que ela tenha passado a vida inteira com um verdadeiro terror de ser gorda sem o menor motivo, apenas por “repulsa”.

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Talvez ela nem tenha se dado conta que essa pressão corporal faz parte de um ciclo ao qual ela pertence e ajuda a manter rodando com esse tipo de comentário, cujo único propósito é massacrar a autoestima das mulheres. E se esse é seu verdadeiro pensamento e ela realmente não consegue se livrar das amarras desse ciclo de infelicidades, que bela chance que a atriz perdeu de ficar calada e respeitar também a liberdade do próximo.

Mas, apesar de tudo, uma coisa é fato: Betty já foi massacrada a vida inteira pela pressão de ser magra, depois pela pressão de ser jovem e não merece mais julgamentos, assim como nenhuma outra mulher, porque não se rebate um preconceito com outro. Isso é mesquinharia. O que ela e todas as gordas que foram ofendidas com o seu comentário merecem é o apoio de todas as outras mulheres, para que elas saibam que não estamos umas contra as outras e sim todas em favor da liberdade. Mas, cuidado, não confunda liberdade com direito de sair ofendendo os outros por aí!

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