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Por que o ovo de Páscoa é mais caro do que a barra de chocolate?

Há muito mais do que chocolate envolvido na existência dos ovos de Páscoa

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 16 jan 2020, 16h32 - Publicado em 23 mar 2018, 18h50

Todos os anos, com a proximidade da Páscoa, surge um questionamento misturado com indignação: por que os ovos de Páscoa custam (muito) mais que o peso equivalente de chocolate em barra? O chocolate não é o mesmo?

Sim, a matéria-prima é exatamente a mesma, mas a produção, o armazenamento, o transporte e o esquema de vendas, além da quantidade de pessoas envolvidas nisso tudo, são completamente diferentes para ovos de Páscoa e barras de chocolate. Quando entendemos isso, a diferença de preço faz todo o sentido. Vamos lá!

Milhares de empregos temporários

Para que os ovos de Páscoa estejam expostos nos supermercados a partir de fevereiro, é preciso que eles comecem a ser feitos bem antes. Em geral, as indústrias iniciam a produção entre agosto e setembro, de acordo com Ubiracy Fonseca, presidente da ABICAB (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados).

Você deve ter percebido que, de agosto ou setembro para cá, a oferta de barras de chocolate não diminuiu nas prateleiras dos mercados e lojas em geral, né? Isso significa que os empregados de indústrias e empresas de distribuição que trabalham com esse segmento da produção de chocolates continuam atuando exatamente ali, sem serem deslocados para a divisão de ovos de Páscoa. É preciso contratar mão-de-obra temporária para fazer os ovos.

(margouillatphotos/ThinkStock)

Nesta temporada 2017-2018, as indústrias brasileiras contrataram 23 mil empregados temporários. “Eles são muito necessários nas indústrias, já que a concepção do produto é completamente diferente. A barra de chocolate é feita de forma quase totalmente mecanizada, enquanto o ovo de Páscoa é em grande parte manual, principalmente na parte da embalagem, do laço. Mas a mão-de-obra temporária também está presente na logística e nos pontos de venda”, afirma Fonseca.

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Aí já temos um fator que diferencia os chocolates da barra e do ovo e que começa a justificar a diferença de preço. Mas não é só isso.

Delicadeza para armazenar e para transportar

Os ovos de chocolate produzidos no ano passado precisam estar bem conservados para serem vendidos neste ano. Pense só: eles passam pela primavera e pelo verão brasileiros, não tem como ficarem ok se forem deixados em qualquer lugar. Fonseca esclarece que “as indústrias precisam ter, durante todo esse período, ambientes de armazenamento controlados, que mantenham a temperatura em torno de 18°C e a umidade do ar em no máximo 50%, o que implica em custos extras”.

E, quase por fim, há a questão da distribuição dos ovos de chocolate das fábricas até os pontos de venda em todo o Brasil. São necessários de três a quatro caminhões para transportar o mesmo peso de ovos de Páscoa que um caminhão leva em barras de chocolate, segundo o presidente da ABICAB. Não é difícil matar a charada dessa diferença: barras de chocolate podem ser empilhadas sem que acabem quebradas, e os ovos, com seus formatos delicados, têm limitação de peso de empilhamento para não correrem o risco de chegarem às lojas em caquinhos.

O formato delicado do ovo de Páscoa exige transporte especial das fábricas até os pontos de venda (AND-ONE/ThinkStock)

Ufa, bastante coisa, né? Ainda tem mais uma: em muitos casos – e cada vez mais, de alguns anos para cá –, as indústrias precisam pagar royalties pelo uso de personagens nas embalagens dos ovos de Páscoa. Se houver brinquedos como brindes, também devem providenciar a aprovação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Você paga um adicional quando escolhe um ovo com essas características.

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O fator emocional ligado aos ovos de Páscoa

Sabendo ou não destas justificativas práticas para a diferença de preço do chocolate de um ovo e de uma barra, milhões de pessoas continuam comprando seus ovos de Páscoa todos os anos, principalmente para presentear familiares e amigos queridos. Pode ser que muitas delas até já tenham postado comparações indignadas no Facebook, mas, na hora do vamos ver, pagam o valor pedido.

É que nossa complexidade humana é muito maior do que cifrões. Quando se trata de datas comemorativas especiais como aniversário, Natal e Páscoa, existe um fator emocional grande envolvido.

“Não raro, os benefícios emocionais como segurança, status, afeto e reconhecimento têm maior peso na decisão de compra. Isso explica por que consumidores pagam um preço bem mais alto por produtos de marcas consagradas”, explica Evange Elias Assis, coordenadora do curso de pós-graduação em Marketing no Varejo do Senac Francisco Matarazzo.

Ela continua: “No caso do ovo de Páscoa deve-se lembrar, ainda, do significado simbólico atrelado a essa compra. Do lado do consumidor, há o envolvimento emocional, impulsionado pela comunicação, que propicia o consumo e traz consigo aquela sensação gostosa de presentear pessoas queridas.”

Na opinião de Fonseca, da ABICAB, os ovos de Páscoa valem cada centavo pago. “A gente compra um produto especial para presentear alguém que ama, uma vez por ano. Tudo que o ovo de Páscoa simboliza em nossa cultura traz o brilho nos olhos de uma criança, o sorriso de um namorado ou namorada, marido ou mulher. É mais do que chocolate, é um presente”, finaliza.

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