3 transtornos de aprendizagem que podem atrapalhar os estudos das crianças
Nota vermelha nem sempre é culpa da preguiça, e alguns distúrbios podem estar por trás do problema. Veja como ajudar seu filho a ter boletim azul.
Foto: Getty Images
Quando o boletim vem repleto de notas baixas o motivo é a famosa preguiça de estudar? Nem sempre. Às vezes, a criança pode estar sofrendo de um transtorno de aprendizagem, e é importante identificá-lo desde cedo para evitar prejuízos maiores. No caso de dificuldades comprovadas, a escola é obrigada por lei a oferecer condições especiais de ensino e avaliação. Conheça os distúrbios mais comuns que afetam a aprendizagem e saiba como agir para facilitar a vida do seu filho.
Dislexia
O que é: dificuldade de ler e escrever. O cérebro do disléxico tem um problema na identificação de sons, ou seja, ele não consegue associar as letras que formam uma sílaba a um som. Como consequência, ao ler um texto, há dificuldade também na compreensão do conteúdo. Em compensação, quando ouve outra pessoa ler, a criança entende perfeitamente o que está sendo dito.
Principais sinais: atraso na alfabetização, troca de letras, dificuldade parafinalizar palavras compridas tanto na leitura quanto na escrita, leitura lenta e demora para copiar da lousa.
Como diagnosticar e tratar: a dislexia não é considerada uma doença, mas uma dificuldade de aprendizagem. Entretanto, é difícil detectá-la, porque ela pode ser confundida com outros problemas. O diagnóstico deve ser feito por uma equipe de vários profissionais, como neuropsicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos. Instituições especializadas, como a Associação Brasileira de Dislexia (www.dislexia.org.br), fornecem orientações para pais e professores. Geralmente, o tratamento é feito com acompanhamento conjunto dos profissionais citados.
Como ajudar a criança: “Os pais podem incentivar a leitura e ajudar o filho a ler e compreender os textos. É bom levá-lo ao cinema, teatro e a museus, que são ótimas fontes de conhecimento”, diz a psicopedagoga e neuropsicóloga Adriana Fóz. Na escola, peça que os professores repassem a seu filho, em particular, os pontos estudados em classe. Solicite à coordenação que as avaliações sejam orais ou que deem um tempo maiorpara a prova escrita.
Depressão infantil
O que é: tristeza profunda, perda da vontade de viver, desmotivação, isolamento e humor instável são as características dessa doença. A depressão infantil traz muito sofrimento para a criança e, quase sempre, vem acompanhada de piora no desempenho escolar.
Principais sinais: a criança, antes alegre, passa a ser tristonha. Não quer comer ou come demais, tem muito sono ou insônia. Ela chora com frequência e se queixa de estar entediada. Suas notas caem e ela perde a vontade de estudar.
Como diagnosticar e tratar: procure logo ajuda médica. Se na família há casos de adultos com a doença, a chance de o seu filho desenvolver o problema é maior. Portanto, se suspeitar de depressão, converse com o pediatra ou leve seu filho a um psiquiatra infantil. Os quadros leves costumam ser tratados com psicoterapia e orientação aos pais e professores. A prática de esportes é indicada, porque ajuda o corpo a produzir mais noradrenalina e serotonina, substâncias que reduzem ossintomas da doença. Casos graves precisam de medicação.
Como ajudar a criança: um lar mal estruturado piora a situação. Portanto, tente manter a harmonia na família e ser carinhosa com seu pequeno. Na escola, os professores devem ser compreensivos e pacientes, já que ter explosões de raiva e se meter em brigas são atitudes comuns em crianças com depressão. Tenha uma conversa com a coordenação pedagógica e explique o que está acontecendo.
TDAH
O que é: o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma condição que faz com que a criança seja muito agitada e não consiga se concentrar nos estudos. A impulsividade é outra característica que pode estar presente.
Principais sinais: a criança raramente termina uma tarefa e não gosta de fazer grande esforço mental. Quando sentada na carteira, mexe as mãos e balança os pés. Tem dificuldade de focar a atenção em um único assunto e, muitas vezes, fica “desligada” da aula. O estudante também é desorganizado e tem tendência a perder livros, cadernos e outros materiais.
Como diagnosticar e tratar: o TDAH é classificado como um transtorno de comportamento e seu diagnóstico é difícil. “Há muita desinformação sobre o TDAH, facilitando diagnósticos equivocados em crianças que são apenas desatentas”, alerta Fausto Flor Carvalho, presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). O ideal é conversar com o pediatra da criança, que pode encaminhá-la a outro especialista. O tratamento, em geral, inclui o uso de medicamentos que ajudam a melhorar a atenção e reduzir a agitação. Terapia também é indicada.
Como ajudar a criança: procure se informar sobre o transtorno. A Associação Brasileira do Déficit de Atenção (www.tdah.org.br) tem cartilhas sobre o tema. Os professores também precisam entender bem o TDAH paraconseguir lidar com ele. Converse na escola e leve material que ajude a coordenação a montar um esquema especial para seu filho. Colocá-lo parasentar na primeira fileira de carteiras, por exemplo, é essencial. Em casa, ajude-o também a se organizar e a ter uma rotina diária de estudo.
* Esta reportagem faz parte do Projeto Educar Para Crescer. Saiba mais em www.educarparacrescer.com.br