Assumi cinco filhos que não são meus
Tenho seis filhos. O primeiro é só do meu marido, e os outros quatro são sobrinhos órfãos. Até que engravidei da minha menina...
Meu marido disse que havia saído uma única vez com a garota dias antes do nosso casamento. E ela engravidou
Ilustração: Andrea Carvalho
”Tenho uma coisa pra contar, Carla, mas quero que saiba, antes de tudo, que eu amo você demais.” Lá vem bomba… O que você pensaria se ouvisse isso do seu marido um dia antes de completarem um ano de casados? Coisa boa é que não é. Meu coração disparou e, na mesma hora, comecei a chorar. Tinha certeza de que meu marido ia dizer que iria me deixar por outra mulher. Mas era ainda pior.
Eu tinha 24 anos, dois a mais do que ele, quando fomos morar juntos. Em seis meses nos casamos. Estava tudo bem até ele me chamar para a conversa reveladora.
Meu mundo caiu
Ele começou a se explicar: ”Dias antes do nosso casamento os rapazes do futebol me apresentaram uma garota. Saí com ela aquela única vez. Uns meses depois ela me ligou e disse que estava grávida.” Meu mundo caiu.
O Evandro disse que nunca teve coragem de me contar porque um dia me perguntou, ”de brincadeira”, o que eu faria se ele tivesse um filho fora do casamento. ”Eu nunca mais vou olhar pra sua cara!” Mas agora o filho dele com a outra já tinha dois meses…
A traição me feriu como uma faca. Ainda assim, como o Evandro se mostrou arrependido, decidi dar uma chance. Acreditei que não passou de uma despedida de solteiro com consequência e que eu assumiria as rédeas da situação a partir dali. No dia seguinte, fui conhecer o filho do meu marido.
Resultado da despedida de solteiro
Desde a primeira vez que o vi, o filho do meu marido me conquistou. O Jean tinha dois meses e era uma graça! Depois, achei melhor conhecer a mãe dele. O Evandro me apresentou à mãe da criança como esposa. Fui clara com ela: ”Agora, o que você e o Jean precisarem, fale comigo.” Ela entendeu o recado: foi um deslize, ele é pai do filho dela, mas o marido é só meu. |
A criança precisava de cuidados
Poucos dias depois de ser apresentada ao Jean, a mãe dele, Jaqueline, me ligou. Ela disse que ele tinha pediatra, mas que ela precisava sair para trabalhar e não tinha quem levá-lo. Ela, então, me pediu que eu fosse com ele ao médico. Cuidei dele como se fosse meu filho. A partir daí, meu apego pelo Jean só cresceu. Confesso que no começo eu fazia por amor ao meu marido, mas depois nasceu um amor de mãe em mim.
Foi por conta de uma série de crises de bronquite que eu e o Evandro fomos ao Conselho Tutelar pedir que o Jean ficasse na nossa casa. Conosco, a saúde dele tinha condições de melhorar. Conseguimos a guarda do menino e a Jaqueline passou a visitá-lo sempre que quisesse. Para o Jean, é como se ele tivesse duas mães.
Quatro meninos e uma boneca
Quando o Jean tinha 1 ano, a irmã do Evandro faleceu. Ela criava quatro filhos – Carlos, de 4 anos, Daniel, 5, Vanderson, 6, e Bruno, de 8. O pai dos meninos disse que não podia cuidar deles e meu marido decidiu acolher a garotada.
E eu, aos 26 anos de vida e dois de casada, me tornei mãe de cinco meninos que não eram meus! Não podíamos deixar os garotos abandonados. Eles precisavam de família, e nós demos nosso lar e nosso carinho a eles.
Há cinco anos, engravidei. Como se não bastassem cinco crianças em casa, né? Mas faz parte da fantasia feminina gerar um bebê! E a minha felicidade foi ainda maior quando descobri que aquela casa lotada de homens ganharia um toque cor-de-rosa! A Aylana é a princesa do nosso lar.