Meu filho de 9 anos me salvou de um estupro
Gritei para que corresse, mas ele saltou sobre o bandido e mordeu a orelha dele
Meu menino me defendeu. O invasor desistiu
de lutar e saiu correndo da minha casa
Foto: Rodrigo Ferrari
Quando acordei naquela segunda-feira, diferentemente do que faço todos os dias, não fui até o portão de casa para dar uma olhada na rua. Como eu estava com um pijama meio curto, preferi observar da porta da cozinha o movimento.
Quando retornei para dentro, percebi um vulto passar por trás de mim. Meu marido deve ter voltado mais cedo do serviço e, agora, está tentando me assustar, pensei. Tão logo me virei, porém, dei de cara com um estranho. Nunca havia visto aquele sujeito. Na certa ele estava ali para me assaltar.
O bandido me levou ao quarto
Levantei as mãos e fiquei calada, pois sabia que não adiantaria reagir. Por ser época de férias, meu filho de 9 anos ainda estava dormindo. Meu maior medo era que aquele estranho machucasse meu garoto. O homem veio para o meu lado e começou a me agredir. Ele me empurrou para dentro do meu quarto e arrancou minha blusa. Desesperada, gritei para o meu filho: ”Corra e chame alguém para ajudar a mamãe!”.
Mas ele não correu. Para meu espanto, ele entrou no quarto, saltou nas costas do agressor e começou a atacá-lo. Gritei novamente para que meu filho corresse, mas ele continuou a lutar contra o bandido.
Tive muito medo de que o invasor fizesse algo de ruim ao meu menino. Comecei também a lutar contra o homem, até que, de repente, ouvi um grito de dor. Alguns minutos mais tarde, fiquei sabendo que meu filho havia dado uma mordida forte na orelha do invasor.
Gritei, mas ninguém veio ajudar
O bandido ficou irado e começou a berrar, dizendo que iria nos matar. O pior de tudo é que, mesmo com os gritos, nenhum vizinho aparecia para nos ajudar. Na hora, pensaram que era uma briga de família. Até parece: sou casada há 14 anos e nunca tive um bate-boca com meu marido!
Continuamos brigando até que o invasor desistiu de lutar e correu para a rua. Meu filho foi atrás dele, na esperança de agarrá-lo. Embrulhei-me em uma toalha que estava no varal e também fui ao quintal. O bandido havia fugido. Mais tarde, ele acabou sendo encontrado e preso pela polícia.
A casa dele fica em um bairro próximo ao meu. Embora eu saiba que ele está na cadeia, tenho medo de que volte para se vingar do meu garoto. Há dias não consigo pôr os pés para fora de casa. Meu filho também anda assustado. Tenho a impressão de que ele acha que o bandido pode voltar para me machucar.
Apesar do medo, fiquei muito orgulhosa do meu filho. Ele é uma criança amorosa, quase nunca arruma confusão na escola. Adora brincar de bola na rua e diz que, quando crescer, vai se tornar jogador de futebol. Nunca esperei que ele pudesse ter uma atitude daquela em uma situação de perigo. Ele é muito tranquilo. Quer dizer: não é de dar o primeiro tapa, mas não oferece a outra face a quem o agride.