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Nova mocinha da Globo é diferente de tudo o que você já viu

Feminista e uma espécie de Maria Bonita moderna, a personagem de Alice Wegmann é o trunfo de "Onde Nascem os Fortes".

Por Lucas Castilho
Atualizado em 16 jan 2020, 15h07 - Publicado em 23 abr 2018, 11h59
Maria (Alice Wegmann) - Onde Nascem os Fortes
Alice Wegmann como Maria, a mocinha de “Onde Nascem os Fortes”. (Estevam Avellar/TV Globo)

Quando você imagina uma mocinha da Globo, qual imagem aparece nos seus pensamentos? O quê, nada? Ok, vamos dar uma ajuda: provavelmente ela tem os cabelos longos, não? E ela é morena, já que os fios loiros normalmente são reservados para as vilãs… E magra, sem dúvida, ela é magra. E quanto a personalidade? Quer dizer, a falta dela, não é mesmo? Porque, assim, heroína de telenovela não é aquele poço de carisma, não, e, bem, muito por causa disso, o público sempre parece torcer muito mais pelas malvadas.

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Felizmente, apesar dessa imagem da santa imaculada sem sal ainda estar forte no imaginário da brasileiro, nos últimos tempos, existe, sim, um esforço para uma representação mais tridimensional da mulher na indústria do entretenimento como um todo, algo mais próximo do real. A protagonista não espera mais dentro de um castelo pelo príncipe encantado que nunca vai aparecer, tampouco oferece a outra face para quem deixou ela dentro de um manicômio, pelo contrário, ela vai para a guerra e leva as próprias armas – sejam elas espadas, inteligência, o laço da verdade ou dragões. O sucesso absurdo da problemática “O Outro Lado do Paraíso” é a prova de que o público não quer ver uma protagonista passiva, quer ela também como uma agente do caos.

Essa é a pretensão de “Onde Nascem os Fortes”, nova supersérie global que estreia nesta segunda-feira (23), fazer com que o telespectador esqueça tudo o que ele sabe sobre heroínas e embarque na jornada de Maria, personagem defendida pela sempre ótima Alice Wegmann. “Ela tem uma força, uma potência que eu nunca vivi. Essa personagem em si já é um acontecimento, já traz um ineditismo. É uma mulher enfrentando o machismo, o assédio e peitando tudo isso. É uma heroína feminista”, disse a atriz para o MdeMulher, que visitou as locações da produção em Lajedo do Pai Mateus, no Sertão do Cariri, na Paraíba, e em Boa Vista, município a 173 km de João Pessoa.

Mas, espera aí, como assim?

Maria (Alice Wegmann) e Nonato (Marco Pigossi)
Maria (Alice Wegmann) e Nonato (Marco Pigossi) (Estevam Avellar/TV Globo)

Bem, para entender os motivos dela ser tão excepcional é preciso conhecer toda a história criada pelos autores George Moura e Sergio Goldenberg, e executada pelo diretor José Luiz Villamarim – mesmo trio de “Amores Roubados” (2014) e “O Rebu” (2014). Na trama, a fictícia cidade de Sertão, na Paraíba, é a escolha da jovem Maria, que sai do Recife, para praticar bike cross ao lado do gêmeo dela Nonato (Marco Pigossi).

Lá, ela conhece Hermano (Gabriel Leone) e, claaaaaro, acaba por se apaixonar. O grande problema, no entanto, é o irmão – um baita de um babaca, aquele típico playboy insuportável que acredita ser o centro do universo – que, simplesmente, arranja uma treta completamente desnecessária com o pai do boy dela, por acaso, a pessoa mais poderosa da região. Pedro (Alexandre Nero interpretando ele mesmo e não é uma crítica, ele é ótimo nesse papel) trata de dar um sumiço no rapaz e, ó, é aí que a história começa a ficar interessante.

“Ela vai tentar fazer justiça com as próprias mãos, com os próprios pés para descobrir o que aconteceu. E, durante toda essa trajetória dela, ela vai virando outra pessoa, fazendo coisas que ela nunca imaginou fazer, ela pega em uma arma, por exemplo, e acidentalmente mata uma pessoa e precisa ficar foragida. Então, ela vira quase como uma cangaceira do sertão moderna”, explicou Alice.

Maria Bonita versão 2018

Maria (Alice Wegmann) e Hermano (Gabriel Leone) - Onde Nascem os Fortes
Maria (Alice Wegmann) e Hermano (Gabriel Leone). (Estevam Avellar/TV Globo)

A gente assistiu ao primeiro episódio, já disponível desde o dia 18 na GloboPlay, e, então, a heroína é mesmo incrível e tudo isso aí. Como a equipe disse repetidas vezes, ela é o coração da novela e é quem, de fato, faz todas as engrenagens girarem nessa busca pelo paradeiro do irmão.

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Alice Wegmann (se pronuncia végman) é um achado! Aos 22 anos, esse é o oitavo trabalho dela na Globo e ela aparece completamente confortável na personagem. A atriz, que aceitou o papel de última hora (para se ter uma ideia, ela recebeu o convite do diretor num sábado à noite e na segunda-feira já estava em um avião para a Paraíba), está entregue – e até demais porque durante os mais de quatro meses de gravação do projeto ela já foi diagnosticada com estafa, por causa da rotina e da carga emocional diária, e com dengue. Não façam isso em casa, pessoal.

E é perceptível o carinho e orgulho dela pela personagem – algo difícil de ver nos atores de novela. E é claro que uma dedicação assim se reflete no trabalho.

O único porém, sempre existe um porém, minha gente, é o mais importante: a história, à primeira vista, não convence. Sim, o texto é inspirado, a fotografia é linda, os cenários naturais são deslumbrantes, mas tem algo que não clica e é exatamente a motivação da mocinha.

Claro, é muito justo você ir atrás de respostas para o desaparecimento do seu irmão, não importa qual o caráter dele. Mas as novelas, assim como qualquer outra produção do entretenimento, trabalham com identificação, o público precisa torcer para algo, é isso que vai fazer ficá-lo até o fim.

E, olha, não tem como torcer por Nonato, o irmão dela. O cara é um babaca – longe disso justificar a possível morte dele, mas será que alguém quer esperar cerca de 53 capítulos, a duração estimada da trama, para descobrir o que rolou com ele?

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Por mais que a motivação da heroína seja legítima, os autores precisam de muitas outras cartas na manga para fazer o telespectador ficar na pontinha do sofá e vibrar com a saga dessa Maria Bonita moderna. A gente já está torcida para que isso aconteça porque é refrescante ver alguém como a Maria na tela da TV. Uma personagem com personalidade, que faz acontecer, uma agente do caos. Chega de clichês.

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