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Fernanda Montenegro “Prêmio não altera em nada a minha vida”

Ao participar da série Depoimentos para a Posteridade, do Museu da Imagem e do Som do Rio, Fernanda Montenegro relembrou momentos marcantes de seus 64 anos de carreira. E ainda falou sobre o romance com Nathalia Timberg na próxima novela.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 05h27 - Publicado em 26 abr 2014, 21h00

A atriz contou com amigos no evento, que serviram como entrevistadores. Gilberto Braga e Jacqueline Laurence foram alguns dos nomes presentes
Foto: Divulgação

Quando Arlette Esteves Pinheiro da Silva pisou pela primeira vez em um palco, ela tinha somente 8 anos. Moradora do Campinho, na zona norte do Rio de Janeiro, a menina participava de uma peça na igreja de seu bairro. Naquela época, ninguém poderia imaginar que, anos mais tarde, aquela criança se tornaria a primeira (e única!) atriz brasileira a ser indicada ao Oscar, o maior prêmio de cinema do mundo. E muito menos pensavam que a vida dela seria totalmente dedicada ao mundo das artes. Aos 15, a jovem artista deu seus primeiros passos na carreira, como locutora e atriz na Rádio Ministério de Educação. No entanto, a estreia oficial no teatro aconteceu em 1950, aos 20, com o espetáculo Alegres Canções nas Montanhas, de Julien Luchaire. O nome Arlette saiu de cena e ela passou a ser conhecida desde então como Fernanda Montenegro.
 
Dona de muitas histórias ao longo de seis décadas de atividade profissional, a veterana, de 84 anos, foi convidada para participar, pela segunda vez, da série Depoimentos para a Posteridade, do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Algo incomum na instituição, porque os artistas não costumam voltar depois que já gravaram seu relato. O novo encontro aconteceu na quarta 16, na sede da entidade, 43 anos após seu primeiro depoimento. Antes de começar a sua fala, Fernanda, emocionada, quis homenagear o falecido parceiro, Fernando Torres, com quem ficou casada por 56 anos. “Da outra vez, o meu marido estava presente. Se não fosse esse companheiro de vida, não seria quem eu sou. Tudo foi por causa do encontro que tive com esse homem”, disse a atriz, que por mais de quatro horas relembrou sua trajetória.
 
Os primeiros anos no palco
O início da carreira foi marcado por encontros com grandes nomes, como a atriz francesa Henriette Morineau. “Foi a primeira pessoa que vi que tinha um comprometimento com o palco. Ela era do tamanho do teatro. Aprendi com a Henriette que é preciso ter respeito mútuo em cena”, explica. Fernanda permaneceu no grupo de Morineau por dois anos, até a companhia dissipar-se logo após a mudança para São Paulo. Lá, ela e o marido foram contratados pela companhia de teatro de Maria Della Costa. “Pagava-se uma miséria, comia-se mal, mas estávamos todos na mesma sintonia de fazer teatro”, relembra a estrela, que teve seu primeiro papel de destaque na peça A Moratória (de Jorge de Andrade), em 1955. “A Maria não pôde fazer e quis o destino que eu protagonizasse a peça. Sou muito grata a ela, que me deu aquela chance. Foi um acontecimento na minha vida”, conta a veterana, que passou ainda pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) até fundar, em 1959, a sua própria companhia.
 
Amigos para a vida inteira
O Teatro dos Sete foi uma criação em conjunto com o marido, Fernando Torres, e com Sérgio Britto e Ítalo Rossi. Além deles, estavam ainda: o ator e diretor italiano Gianni Ratto, a esposa deste, Luciana Petruccelli, e Alfredo Souto de Almeida. A companhia produziu diversos espetáculos e permaneceu em atividade até 1965. “É um tipo de encontro que muitas vezes a família não dá. Foram mais do que amigos. É uma eterna falta”, lamenta a atriz, que ressaltou a importância dos trabalhos sob a direção de Ratto: “Agradeço a violenta disciplina que me deu”.
Fernanda Montenegro "Prêmio não altera em nada a minha vida"

A atriz com o amigo Sergio Britto na peça A Morta sem Espelho, de Nelson Rodrigues, em 1964
Foto: Divulgação

Ela também é da TV e do cinema
Em paralelo aos trabalhos no teatro, Fernanda começou a fazer TV. Em 1951, tornou-se a primeira atriz contratada da TV Tupi do Rio, onde encenou centenas de espetáculos no programa Grande Teatro Tupi. Na década seguinte, atuou em novelas na extinta TV Excelsior, como A Muralha (1968) e Sangue do Meu Sangue (1969). No mesmo período, começou a escrever o seu nome no cenário do cinema brasileiro, protagonizando A Falecida, de Nelson Rodrigues. Na Globo, sua estreia nos folhetins aconteceu em 1981, quando participou de Baila Comigo, de Manoel Carlos. “Fui contratada com um bom salário para fazer o papel principal. Só que dois diretores optaram por escalar a Lilian Lemmertz. O Manoel disse que teria que mudar o meu papel. Perguntei: ‘Meu salário vai mudar? Não? Então, está bem’. Não teria feito melhor que a Lilian. Mas, na trama, não tinha o que fazer”, relembra.
 
Reconhecimento no Brasil e no mundo
O talento de Fernanda Montenegro não conquistou apenas os brasileiros. A atriz ganhou diversos prêmios por suas atuações no exterior. Central do Brasil (1998), por exemplo, lhe rendeu a indicação ao Oscar. “É uma guerra sem pólvora (a indústria do cinema). Você fica assustado com os jantares que precisa ir, com o número de entrevistas que tem que dar… É exaustivo!”, lembra. Em 2013, foi a primeira brasileira a ganhar um Emmy, prêmio da TV norte-americana, por sua atuação em Doce de Mãe. “Prêmio você recebe quieto e volta para a sua casa. Não alterou em nada a minha vida”, diz. A MINHA NOVELA aproveitou o encontro para fazer algumas perguntas sobre seus próximos projetos, como a direção de um espetáculo com o ator Otávio Augusto, que terá textos de Nelson Rodrigues. E, claro, a sua volta às novelas em 2015, quando viverá uma relação gay com Nathalia Timberg.
 
Só agora estreará como diretora teatral. Como será esse desafio?
Tenho muito cuidado em usar a palavra diretora, prefiro dizer que estou fazendo uma organização cênica. Não é que queira driblar a responsabilidade. Fui dirigida a vida inteira, são quase 100 peças. Outra coisa é organizar um espetáculo.
 
Você já está escalada para a novela de Gilberto Braga. Conseguirá descansar?
Vou ter um tempinho. Acabei de gravar a série e, agora, estou preparando o Nelson Rodrigues (a peça). Lá para dezembro é que devo me enfronhar na novela.
 
Seu papel terá um romance com a personagem da Nathalia Timberg?
Não sei muito. Corre por aí é que vou ter um casamento com a Nathalia, mas nós já temos uma união cênica de muitos anos. Somos de uma mesma geração. Se querem nos casar, a gente casa, não tem problema (risos).
 
São muitos projetos, não?
Os convites aparecem e são excelentes. E penso: “Meu Deus, vou ficar parada em casa, olhando a parede?”. Vou lá e faço. Mas não sou fominha, não fico atrás de trabalho.

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