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Luiza Possi analisa: “Não tem como sair na rua com uma placa: ‘Procura-se um namorado legal'”

15 quilos mais magra, a cantora fala sobre o preconceito que sente na pele e seu novo jeito de viver

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 10h02 - Publicado em 13 jan 2014, 21h00

“Quando vão parar de perguntar se sou gay? Se fosse, assumiria”, diz, bem-humorada, na piscina do Renaissance São Paulo Hotel
Foto: Lailson Santos

Luiza Possi, 29 anos, está em reestruturação. “Não bebo, não fumo, não como alimentos com carne, nem glúten, nem lactose, estou solteira e não fico beijando carinhas na balada para suprir carência. E você não imagina o quanto eu ouço por causa disso!”, diz a cantora soltando uma sonora gargalhada. Luiza dá de ombros para qualquer tipo de rótulo e segue firme no seu “garimpo”. Criteriosamente, ela peneira tudo e todos que a rodeiam. “Pessoas, músicas, até os alimentos. Tenho reavaliado o que entra na minha vida. E só há espaço para o que me faz bem”, diz a cantora, que, nesse processo, perdeu aproximadamente 15 quilos em um ano e meio. A mudança começou em 2008, quando terminou um relacionamento de três anos com o ator Pedro Neschling, 31. “Passei quase dez anos da minha vida casada (antes de Pedro, ela permaneceu seis anos com o publicitário Nelson Rubens Filho, 33). Tive dois caras legais, um na sequência do outro, e achava que era só virar a esquina para dar de cara com o próximo amor. Mas descobri que não é assim.”

Após o rompimento, ela ouviu boatos de que teria engatado um romance com a cantora Maria Gadú, 31. “Sofri o preconceito na pele. Eram olhares, cochichos, risinhos… Se fosse algo relevante, se eu tivesse namorada, com certeza assumiria. Mas, cara, será que daqui a 20 anos, todo o disco que eu lançar ainda vão me perguntar se sou gay?!”, diz a cantora, que tem divulgado o sétimo trabalho de sua carreira, Sobre o Amor e o Tempo. A obra é a mais romântica de sua trajetória. “É um paradoxo, porque nunca estive tão solteira. Acho que cada pessoa é um terreno e a gente colhe os frutos do que planta. Quero semear o melhor tipo de amor.” A seguir, o cultivo e a colheita de Luiza.

Faxina na vida

“Não houve exatamente um fato, um acontecimento específico, mas sinto que, especialmente nos últimos dois anos, comecei a ser mais seletiva e cuidadosa com minhas escolhas. Faço terapia desde os 9 anos e, há dois, comecei a praticar Ho’oponopono (técnica de meditação originada no Havaí) e a estudar Kabbalah (filosofia milenar sobre o sentido da vida). Tenho buscado o bem-estar e o equilíbrio. No budismo, isso se chama ressignificar. Por exemplo, antes, uísque para mim significava reunião com amigos. Hoje, expressa pagar mico, ganhar 3 quilos em uma noite por causa de inchaço e passar mal. Cortei o uísque, como tirei da minha vida alimentos, lugares e pessoas que não me acrescentam.”

Corpo ideal

“Minha ‘parada’ não é só estética, faz parte desse processo de ter consciência, de cuidar mais de mim. Na infância, minha mãe (a cantora Zizi Possi, 57) cuidava da minha alimentação e dizia: ‘Se você comer isso, seu estômago vai gostar de você’. Mas sou de família italiana e sempre amei massa, vinho… Há dois anos, consultei uma endocrinologista e soube que tenho intolerância ao glúten e à lactose. No início, não estava nem aí e comia mesmo o meu macarrão à carbonara, chocolate, tomava uísque… Com o tempo, cansei da rebordosa, de me sentir como uma meia-calça retorcida, uma estranha dentro de mim mesma. Então, essas delícias passaram a ser uma ‘não-escolha’. Já cheguei a colocar um chocolate na boca e cuspi-lo em seguida, depois de lembrar da dor de barriga que isso me causa. Dia desses, durante um almoço com o Daniel (cantor, 45), ele me perguntou: ‘Por que você não come este pudim?’ E respondi: ‘Porque quero muito! Se quisesse menos, comeria’. Percebi a importância da restrição, de ter o controle sobre impulsos e desejos. Passei a entender meu corpo. Posso tomar vinho, champanhe, mas duas taças. Como sou compulsiva, passo a noite toda com uma garrafinha de água. Antes de comer, rezo para que a energia daquele alimento me faça bem. Dia desses, uma amiga comentou: ‘Esse é o corpo que você precisa ter. Senão, fica insuportável, nem você se aguenta’. E ela estava certa.”

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Luiza Possi analisa: "Não tem como sair na rua com uma placa: 'Procura-se um namorado legal'"

A cantora possui oito tatuagens: quatro combinações de nomes cabalísticos no pulso, uma borboleta na lombar, uma fada no ventre, uma estrela nas costas e um mandala na perna. “São para trazer alegria, proteção, cura e inspiração”, diz no The Spa at Renaissance
Foto: Lailson Santos

Casamento

“Levei uma vida de casada dos 15 aos 24 anos e, quando terminei com o Pedro (Neschling), quis saber quem eu era. Eu não sabia se aos domingos eu assistia futebol porque queria, se eu deixava de acordar cedo para caminhar no parque porque a preguiça era minha… Quando terminei, fui morar no Leblon e viver minha vida. Fiquei solta. Foi um momento ótimo, porque tive vários namoradinhos, paquerinhas… Mas, depois de um tempo, acabou a graça.”

Preconceito

“Quando fui morar no Leblon começaram a me fotografar. Maria (Gadú) tem uma turma muito legal de compositores novos e eu andava com eles. Era uma galera enorme, mas sempre focalizavam em mim e na Gadú. Então, vieram os boatos (de um romance entre as duas) e o preconceito. Nunca foi algo explícito, as pessoas me olhavam e falavam de mim como se eu não estivesse lá. Nunca reagi. Em 2009, saí do Rio e voltei para São Paulo, onde fui criada. Senti que meu ciclo no Rio havia terminado, quis ficar perto de meus amigos de infância, de meus empresários, da minha mãe. Mas o preconceito melhorou mesmo no ano passado, quando o Marco Feliciano (deputado federal e pastor evangélico, 41) veio com a proposta da cura gay, uma discriminação tão absurda que virou um avanço na luta contra o preconceito. Hoje, socialmente, ser homofóbico se tornou um comportamento negativo. E que bom! Na vida e na música, eu levanto a bandeira do não preconceito.”

Solteira

“Claro que penso: ‘Estou perto dos 30 anos, quero muito ser mãe, minhas amigas estão tendo filhos…’ E, às vezes, isso me dá um ataque: ‘É isso mesmo?! O tempo vai passar e não aparecer nenhum cara legal?!’ Então, caio em mim: há coisa que eu controlo, como sono, comida, bebidas, amigos… Outras, realmente não dá para controlar. Não tem como sair na rua com uma placa: ‘Procura-se um namorado legal’ (risos). Não consigo mais ficar com um cara e não pensar no amanhã, refletir onde esse relacionamento vai me levar. Claro que sinto falta, tenho vontade, mas, cara… Para mim, sexo está diretamente relacionado à afetividade. Não precisa ser o homem da minha vida nas primeiras 24 horas, mas… A verdade é que há mais de um ano não tenho encontrado caras que valham a pena no dia seguinte. Às vezes, sento, choro, fico triste, sinto solidão, mas, no final, fico bem, porque estou sendo coerente comigo. Acho que a solidão é muito maior quando você tenta mascará-la ficando com alguém que não tem nada a ver. A carência não me vence.”

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Futuro

“Em dezembro, fiz um retrocesso da minha carreira. Acho que só consegui seguir porque acreditei. Quando comecei, na adolescência, as gravadoras queriam que eu lançasse uma obra teen, mas eu levava uma vida adulta, estava casada, não fazia nenhum sentido para mim. Insisti na MPB e estou aí. Lancei um disco independente que já se pagou e é bem-sucedido. Como todo mundo, tenho medos, claro: de uma possível economia frágil em um ano de Copa do Mundo e eleições, se o mundo será tomado pelos ritmos populares, se a MPB terá espaço… Mas tenho de contar com o próprio taco e sigo batalhando, otimista. A gente tem de acreditar!”

ESTA MATÉRIA FAZ PARTE DA EDIÇÃO 2000 DA CONTIGO!, NAS BANCAS EM 15/01/2014.

Luiza Possi analisa: "Não tem como sair na rua com uma placa: 'Procura-se um namorado legal'"

“Aprendi que ninguém morre por não ter alento. Morre de doença”, diz Luiza, que teve de lidar com a doença dos pais. Zizi Possi se recuperou de uma listese (escorregamento da vértebra) e passou por três cirurgias entre 2010 e 2011. Líber Gadelha, produtor musical, enfartou em 2005 e ficou três meses em coma. “Foi difícil entender que eles, como todo o mundo, são frágeis”, conta Luiza
Foto: Lailson Santos

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