O amor não tem tabus: a diferença de idade nos relacionamentos da TV
Até hoje, os envolvimentos entre personagens mais velhos com outros mais novos nas tramas ajudam a debater essa questão
Leleco (Marcos Caruso) troca a mulher por Tessália (Débora Nascimento) em Avenida Brasil
Foto: João Cotta
Homem mais velho com mulher mais nova nunca foi especificamente um tabu, principalmente pelos padrões machistas que dominaram a sociedade por muitos anos. Mas, quando esse tipo de relacionamento vem embalado por um real sentimento de amor, o preconceito costuma despertar nos outros que questionam a escolha, como se uma ligação dessas só se desse por interesse. O tema foi apresentado nas novelas em Pecado Capital (Globo, 1975) por meio de Lucinha (Betty Faria, 73), que troca o namoro instável com Carlão (Francisco Cuoco, 80) pela segurança de seu rico admirador, Salviano Lisboa (Lima Duarte, 84), por quem acaba se apaixonando. Nesse caso, a diferença de idade foi acentuada pela caracterização dos personagens, e o romance da jovem suburbana com o empresário viúvo com seis filhos adultos conquistou a torcida de parte do público. Trinta anos depois, em América (Globo, 2005), a questão voltou à teledramaturgia com uma roupagem mais moderna com a trama que envolvia Lurdinha (Cleo Pires, 31) e o pai de sua melhor amiga, Raíssa (Mariana Ximenes, 33), Glauco (Edson Celulari, 56), que era chamado maliciosamente pela lolita de “tio”. Aqui, as cenas vieram com uma pegada mais sexual em comparação ao romantismo de histórias passadas e a polêmica ganhou um novo fôlego na TV.
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Edson Celulari foi Glauco em América, o “tio” que é seduzido pela ninfeta Lurdinha, papel de Cleo Pires
Foto: Leonardo Marinho
Agora, quando o relacionamento em questão envolve uma mulher mais velha com um homem mais novo, aí o tabu mostra sua cara e a teledramaturgia entra na luta para vencê-lo. Baseada na tragédia grega Édipo Rei, Mandala (Globo, 1987) contava a história de Jocasta (Vera Fischer, 62), que se apaixona por Édipo (Felipe Camargo, 53) sem saber que é seu filho. Mas, antes de ser lembrada pela questão da idade e pelo incesto, a novela ficou marcada pelo tumultuado romance que os atores iniciaram na vida real e pelo tema musical da protagonista, O Amor e o Poder.
Quem ganhou fama interpretando jovens que se envolvem com mulheres mais velhas foi Rodrigo Santoro, 35. Logo em seu primeiro grande trabalho em novelas, em Explode Coração (Globo, 1995), seu personagem, Serginho, se apaixona pela fotógrafa Beth (Renée de Vielmond, 60). Em O Amor Está no Ar (Globo, 1997), seu Léo tem um romance com Sofia (Betty Lago, 58), e em Suave Veneno (Globo, 1997), há uma atração com Eleonor (Irene Ravache, 69).
Lima Duarte interpretou o viúvo Salviano, que se apaixona por Lucinha, vivida por Betty Faria em Pecado Capital
Foto: Divulgação
Saída criativa e bem-humorada para essa questão ocorreu em Avenida Brasil (Globo, 2012), quando Leleco (Marcos Caruso, 62) troca Muricy (Eliane Giardini, 61) por Tessália (Débora Nascimento, 29) e sua mulher assume um romance com seu admirador, Adauto (Juliano Cazarré, 33). Mas o casal maduro não consegue ficar separado e deixa seus jovens amores para voltar à velha e boa rotina.
Na próxima edição, na série sobre tabus, tema do 16º Prêmio Contigo! de TV, vamos focar as pessoas especiais retratadas nas novelas.
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Rodrigo Santoro como Serginho e Renée de Vielmond como Beth em Explode Coração
Foto: Andre Lobo