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Relembre a impressionante trajetória de Gugu Liberato

Gigante da TV durante décadas, Gugu cravou seu nome na história como um dos maiores comunicadores do Brasil. Faleceu cedo demais, aos 60 anos.

Por Júlia Warken
Atualizado em 22 nov 2020, 15h45 - Publicado em 22 nov 2019, 21h14
(Paulo Fridman/Getty Images)

Gugu Liberato, icônico apresentador que fez história na TV brasileira, morreu no dia 21 de dezembro de 2019, aos 60 anos de idade. Ele sofreu um grave acidente doméstico na casa que tinha em Orlando, nos Estados Unidos.

Gugu caiu de uma altura de quatro metros enquanto tentava consertar um ar-condicionado. Foi prontamente socorrido e encaminhado ao hospital, mas acabou não resistindo a um grave ferimento na cabeça e acabou vítima de morte encefálica. Gugu deixa a esposa, Rose Miriam Di Matteo, e três filhos: João Augusto, Marina e Sofia. Atendendo à vontade dele, a família autorizou a doação de todos os órgãos.

Sem dúvida nenhuma, Gugu foi uma das figuras mais emblemáticas e polêmicas da nossa televisão. A seguir, você encontra uma breve biografia da trajetória do apresentador, baseada no livro “Comunicadores S.A.”, de Fernando Morgado. Todos os números publicados aqui – como os que revelam cachês, por exemplo – e informações de bastidores foram retiradas desse livro.

Antônio Augusto Moraes Liberato, nasceu no dia 10 de abril de 1959, na cidade de São Paulo. Seu primeiro programa de sucesso na TV chamava-se “Viva a Noite” e foi lançado em 1982. A atração era veiculada pelo SBT, emissora pela qual Gugu consagrou-se como um dos mais poderosos comunicadores do Brasil. Antes disso, ele já havia trabalhado no programa “Sessão Premiada” e foi jurado do “Programa Raul Gil” por um tempo.

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No “Viva a Noite”, Gugu inicialmente dividia o palco com outros apresentadores, mas acabou comandando a atração sozinho depois de um tempo. A audiência da atração começou a melhorar nessa época, pois foram introduzidos quadros que seriam uma espécie de laboratório para o que veríamos no antológico “Domingo Legal” – o maior sucesso de Gugu.

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Com quadros inusitados como o concurso para escolher o “Rambo brasileiro”, o “Viva a Noite” passou a dominar as noites de sábado em meados de 1983. Nessa época, o programa chegou ao primeiro lugar da audiência com 32 pontos, contra 14 da Globo na mesma faixa de horário. A atração tornou-se tão importante que o grupo Menudo fez sua estreia no Brasil através dele, em 1984.

Gugu tinha apenas 25 anos na época e resolveu lançar um grupo brasileiro aos moldes do Menudo. Assim nascia o Dominó – que vendeu cerca de 6 milhões de discos. Curiosamente, o Dominó foi oficialmente apresentado ao público no “Fantástico”, da Globo. Depois disso, o grupo se apresentava em todas as emissoras do Brasil, mas dava prioridade ao SBT.

O boom do Dominó fez com que Gugu se aventurasse ainda mais na cena musical, com foco no público infanto-juvenil. A empreitada deu certo e rendeu hits como “Pintinho Amarelinho”. Com isso, o apresentador também passou a atuar em filmes da Xuxa, dos Trapalhões e da Angélica. Ele nunca foi um apresentador infantil, mas teve um sucesso inusitado em meio a esse público. Surfando nessa onda, Gugu viria a lançar diversos brinquedos com seu nome – como a famosa Toca do Gugu.

Outro fruto colhido através desse sucesso com a criançada foi a proximidade com João Batista Sérgio Murad – o Beto Carrero. Foi Murad que deu o pontapé inicial nas negociações para que Gugu fosse contratado pela Globo. Na época, a emissora sofria nas tardes de domingo, sem encontrar uma solução para competir com Silvio Santos.

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Nesse cenário, Gugu era uma boa alternativa e assinou um contrato de dois anos com a Globo. O apresentador chegou a viajar para os Estados Unidos e para a Alemanha para ver o que estava sendo feito na TV de lá – e também para deixar sua imagem mais glamourizada. Ele iria estrear na nova emissora em 1988, mas Silvio – que inicialmente não se opôs – acabou por lhe fazer uma contraproposta.

Tratava-se do maior contrato já assinado por um artista brasileiro até então. Ele passou a receber um salário de 5 milhões de cruzados do SBT, contra os 700 mil que haviam sido oferecidos pela Globo. Além disso, ganhou outras regalias polpudas – referentes a merchandising, por exemplo.

Nesse estágio, Gugu continuaria apresentando o “Viva a Noite” e passaria a comandar alguns segmentos do “Programa Silvio Santos”. O combinado era de que, posteriormente, ele passaria a dominar as nove horas da programação encabeçada por Silvio nos domingos – mas isso nunca chegou a acontecer.

Ao aceitar a contraproposta, Gugu ficou com medo da represália da Globo e, reza a lenda, Silvio foi pessoalmente falar com Roberto Marinho logo após ter fechado o acordo da permanência do apresentador no SBT. Existe mais de uma versão para os pormenores dessa reviravolta toda, mas uma coisa é certa: Gugu já havia assinado contrato com a Globo e desistiu no meio do caminho. Tempos depois, a emissora tiraria Fausto Silva da Bandeirantes para concretizar o projeto voltado às tardes de domingo. Nasceria, assim, o embate ferrenho entre o “Domingo Legal” e o “Domingão do Faustão”.

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Antes disso, porém, em meio a nova fase no SBT, Gugu expandiu sua área de atuação. Na mídia impressa, lançou o gibi Revista do Gugu e a revista Sabadão Sertanejo – que daria nome ao outro programa do apresentador nas noites de sábado. Também intensificou a agenda da Caravana do Gugu, que fazia shows por todo país. Nessa época, o apresentador lançou a banda Polegar – que virou febre.

(Revista do Gugu/Reprodução)

Curiosamente, Gugu também passou a investir num negócio bem inusitado: suco de banana. O produto primeiramente era vendido em Portugal e depois noutros países europeus, mas a empreitada durou pouco tempo. Mesmo assim, abriu-se uma fase de investimentos diversos para o apresentador – e mais de mil produtos seriam lançados com seu nome a partir disso, com foco no público infantil, como já dissemos.

O sucesso era tanto que ele lançou a Loja do Gugu e, mais tarde, o Parque do Gugu. Esse último abriu suas portas em 1997, tornando-se o maior parque indoor da América Latina. E ele parou por aí? Claro que não. Em parceria com Murad – o Beto Carrero – abriu seu segundo parque, o Fantasy Acqua Club.

Antes de tudo isso, porém, ele já havia estreado o “Domingo Legal” – isso aconteceu em 1993. E a TV nunca deixou de ser sua prioridade.

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O programa dispensa apresentações para quem vivenciou o Brasil dos anos 1990. O tom extremamente apelativo fez com que ele alcançasse muita audiência. Quadros como “Banheira do Gugu” e a “Prova da camiseta molhada” virariam símbolos da várzea que era a televisão brasileira naquela época.  As constantes apresentações do É O Tchan e momentos pontuais, como a ereção de Jean-Claude Van Damme, também.

A erotização – de mulheres, é claro – foi marca registrada do “Domingo Legal”, numa época em que pouco se refletia sobre isso no Brasil. O sensacionalismo também estava bem presente na programação, com destaque para a cobertura da morte dos Mamonas Assassinas e as gravações no presídio do Carandiru. Em 2001, a exibição de uma entrevista com falsos integrantes do PCC gerou muita polêmica – grande até para os moldes do “Domingo Legal”. Mesmo assim, quadros que seguiam uma linha puramente emotiva, como o “Telegrama Legal”, também faziam muito sucesso.

Em meio ao sucesso do “Domingo Legal”, Gugu tentou lançar suas próprias emissoras de TV de rádio. Esse desejo fez com que ele se aproximasse da política, mais especificamente, do PSDB. Chegou a fazer campanhas para o partido, como na candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo, em 1996. Nessa época, quase conseguiu a concessão para lançar uma emissora de TV, através do apoio do então ministro das Comunicações Sérgio Motta. O falecimento de Motta, em 1998, fez com que a concessão não se concretizasse.

A foto tirada em 1999 mostra Gugu em sua casa, em São Paulo (Paulo Fridman/Getty Images)

Movido pelo desejo de ser dono de uma emissora, Gugu trabalhou como produtor independente para a Record ao mesmo tempo em que apresentava seus programas no SBT. “Casa Mágica” e “Escolinha do Barulho” tiveram a assinatura dele na produção. Com o sucesso da “Escolinha”, Gugu inaugurou sua própria estrutura de produção, a GGP, em 2000.

A partir disso, a sonhada emissora finalmente ganhava forma – e foi batizada de Sistema TV Paulista Ltda. Em meados dos anos 2000, tudo estava encaminhado para o lançamento, mas Gugu se deu conta de que o jogo da mídia audiovisual havia mudado muito e que já não valia a pena dar esse passo.

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Pouco tempo depois, outra enorme mudança de rumos surgiu na vida de Gugu: após mais de 30 anos no SBT, ele mudou-se para a Record. Na época, especulou-se que ele recebia um salário de 3 milhões. Surgia assim o “Programa do Gugu”. O contrato estava previsto para durar até 2017, mas foi rescindido quatro anos antes. Com isso, Gugu passou a apresentar programas de temporada, como o “Canta Comigo” – seu último trabalho como apresentador antes de falecer.

Gugu Liberato respirava TV e era apaixonado por seu trabalho, sempre deixou isso muito claro. Apesar das escolhas questionáveis que fez em nome da audiência, seu talento como comunicador era inegável. Ele marcou a vida de todos que vivenciaram o Brasil dos anos 1990 e deixa um grande legado.

Faleceu aos 60 anos e, infelizmente, seu adeus veio cedo demais. Certamente vai deixar saudades e será sempre lembrado como uma figura ímpar da nossa televisão.

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