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“Samantha!”: o que esperar da primeira série cômica da Netflix no Brasil

A atmosfera ~sem lei~ da TV brasileira nos anos 1980 e diversas boas sacadas sobre a cultura pop atual dão o tom dessa série - que merece ser assistida.

Por Júlia Warken
Atualizado em 16 jan 2020, 12h01 - Publicado em 6 jul 2018, 17h00

Nessa sexta-feira (6), a Netflix lança sua primeira série brasileira de comédia: “Samantha!” – assim mesmo, com exclamação. Protagonizada por Emanuelle Araújo, o elenco conta também com outros nomes conhecidos, como Douglas Silva (o Acerola de “Cidade dos Homens”) e Daniel Furlan (o Renan de “Choque de Cultura”) e Rodrigo Pandolfo (o Juliano de “Minha Mãe é Uma Peça”), além de Lorena Comparato, irmã caçula da Bianca Comparato, de “3%”. Ah, e rolam ainda participações da Gretchen (numa sacada genial), Paulo Tiefenthaler e Alessandra Negrini

Como o nome da série entrega, a trama gira em torno de Samantha, personagem de Emanuelle. Nos anos 1980 ela era a criança mais amada do Brasil, pois comandava um trio de cantores mirins chamado de Turminha Plimplom. Hoje, Samantha está no ostracismo, fazendo de tudo para voltar aos holofotes. Mãe de dois filhos, ela é casada com Dodói (Douglas), um ex-jogador de futebol que acaba de sair da cadeia. Detalhe: os dois se casaram em plena penitenciária – e qualquer semelhança com a história de Simony e do rapper Afro-X definitivamente não é mera coincidência.

E a série é repleta de ótimas sacadas, sempre com referências à cultura pop brasileira e ao nosso famoso jeitinho. Essa característica também está presente no primeiro longa metragem brasileiro da Netflix, a comédia “O Roubo da Taça” – e o serviço de straming está simplesmente de parabéns por fazer isso. “Samantha!” tem uma essência esperta e autêntica que se difere de tantas séries genéricas que a gente cansou de ver na TV aberta, tal qual “O Roubo da Taça” quando comparado às comédias nacionais infames que, vez ou outra, ainda fazem sucesso no cinema.

Outro ponto forte de “Samantha!” é a nostalgia envolvida. Não por acaso, quando a Netflix lançou um teaser da Turminha Plimplom no Facebook, teve muita gente achando que tratava-se de um grupo mirim que realmente fez sucesso nos anos 1980. E ao invés de evocar a “inocência infantil de outros tempos”, a série evidencia o detalhe mais peculiar da TV nos anos 1980 e 1990: o fato de que ela era meio que uma terra sem lei. O mascote dos Plimplons é basicamente um maço de cigarro que fala e dança.

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“Eu cresci nos anos 1980, nasci no final dos 1970, e sou da Bahia, quem me conhece sabe. E lá na Bahia esse universo do programa infantil regional era muito forte, o que pra mim foi uma grande inspiração. Eu sempre falo que a minha inspiração é num universo e não exatamente num personagem ou outro. Mas tem uma particularidade que eu presenciei na Bahia de uma televisão feita para criança e que tinha uma relação muito grande com essa coisa das crianças apresentadoras”, diz Emanuelle Araújo.

Mas as boas sacadas de “Samantha!” não se resumem só ao senso de nostalgia. Alternando cenas que se passam em 1985 e nos tempos atuais, a série fala muito sobre a relação do brasileiro com as celebridades. Dodói, por exemplo, é o ex-jogador cheio de malandragem, que continua sendo amado pela torcida mesmo depois de ir para a cadeia. “Eu tenho uns amigos que são jogadores de futebol. O Adriano é meu amigão e eu quis fazer uma homenagem pra ele. Esse lance ‘crazy’ do Dodói eu acho que puxa muito esse lado do Adriano, que é bad boy, mas todo mundo gosta”, entrega Douglas Silva.

Samantha! e Dodói: a ex-estrela mirim e o ex-jogador de futebol que se casaram em plena cadeia (Fabio Braga/Getty Images)

Outros três personagens secundários também são muito bons: o agente picareta de Samantha, uma influencer digital e um cantor que já se casou sete vezes e agora busca uma nova esposa através de um reality show – interpretados respectivamente por Daniel Furlan, Lorena Comparato, Paulo Tiefenthaler, todos ótimos. 

Com sete episódios de meia hora nessa primeira temporada, “Samantha!” certamente merece um lugarzinho na sua lista de coisas para assistir na Netflix. Mas, por mais que tenha uma ótimas premissa e sacadas muito espertas, a série peca em alguns quesitos. O elenco mirim é bem fraco e entrega falas engessadas demais. As piadas da criançada geralmente não funcionam, especialmente as que envolvem os filhos de Samantha e Dodói. Além deles, os três personagens (adultos) que surgem nos últimos episódios deixam a desejar – o escracho que funciona muito bem com o agente, a influencer e o cantor galã não dá certo com eles. Ficou over. 

A influencer Laila protagoniza alguns dos melhores momentos da série (Fabio Braga/Getty Images)

“Samantha!” é uma série que tem ótimos momentos e outros que desapontam, tanto no conceito quanto na execução. O segundo episódio, por exemplo, apresenta uma situação injustificavelmente machista – num momento em que o roteiro tenta ser esperto com um pseudo twist anacrônico e preguiçoso. Mesmo assim, a série diverte e tem muito carisma. Aliás, carisma também é o que não falta a Emanuelle Araújo, que sustenta o protagonismo em todas as cenas.

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Ao final, o gancho do último episódio traz um elemento bem contemporâneo e que pode render muito pano para manga. Lapidando aqui e ali, uma possível segunda temporada tem potencial para ser ainda melhor.

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