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Um drible na censura: como as novelas trataram de assuntos proibidos pelo governo

Com destreza, elas romperam tabus e conquistaram a aprovação popular

Por Paulo Cabral
Atualizado em 15 jan 2020, 04h40 - Publicado em 26 Maio 2014, 21h00
O Jornal Nacional (Globo) de 27 de agosto de 1975 entrou para a história quando Cid Moreira anunciou que Roque Santeiro, que iria estrear logo após o telejornal, acabara de ser proibida pela Censura Federal, órgão do governo militar. Sob a alegação de ser ofensiva à moral e aos bons costumes, a novela de Dias Gomes, morto em 1999, já tinha quase 30 capítulos gravados com Francisco Cuoco, Lima Duarte e Betty Faria nos papéis principais. Essa derrota só foi compensada em 1985, quando a trama ganhou nova versão e se tornou um dos maiores sucessos da teledramaturgia.

Antes disso, no entanto, as novelas já eram craques em driblar a censura e, assim, explorar temas considerados tabus nos anos 1960 e 1970. O mesmo Dias Gomes, logo em sua estreia na teledramaturgia, com Verão Vermelho (Globo, 1969), foi pioneiro em abordar questões como a reforma agrária e o divórcio, que não estava legalizado na época. Sem chamar muita atenção do governo depois de ser perseguido por suas peças teatrais, o autor seguiu ampliando os horizontes da ficção televisiva e fez um contraventor, o bicheiro Tucão, interpretado por Paulo Gracindo, morto em 1995, de Bandeira 2 (Globo, 1971), cair no gosto popular, além de mostrar o morro carioca, até então só conhecido pelo público do cinema.

Um drible na censura: como as novelas trataram de assuntos proibidos pelo governo

A ousadia de Dias Gomes o fez ser observado com mais atenção, tanto que em seu próximo trabalho, O Bem Amado (Globo, 1973), uma crítica bem-humorada ao sistema político do Nordeste brasileiro, os censores implicaram desde a trilha sonora até a forma como os personagens Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) e Zeca Diabo (Lima Duarte), coronel e capitão respectivamente, eram tratados.

Mas, enquanto Dias Gomes usava a criatividade para driblar a censura nos campos político e social, sua mulher, Janete Clair, morta em 1983, escrevia em prol de mudanças comportamentais. E um dos primeiros tabus que rompeu foi provar que homem também gostava de novela. Com Irmãos Coragem (Globo, 1970), Janete atraiu o público masculino com uma trama que misturava bangue-bangue, futebol e romance. Em sua trama seguinte, Selva de Pedra (Globo, 1972), no entanto, foi proibida de casar o protagonista, Cristiano (Francisco Cuoco), com a vilã, Fernanda (Dina Sfat), pois ele era marido de Simone, papel de Regina Duarte, que era dada como morta, mas isso caracterizaria adultério, e com a Namoradinha do Brasil!

Só que Regina Duarte, em vez de protegida, foi alvo da censura ao protagonizar Despedida de Casado (Globo, 1976), que também foi proibida de ir ao ar já com 30 capítulos gravados por tratar dos novos comportamentos conjugais. Mas Regina “se vingou” com a novela substituta, Nina (Globo, 1977), já mostrando a força da mulher emancipada que encarnaria futuramente.

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