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Estilista paulista cria coleção com rendeiras paraibanas

Fernanda Yamamoto dá duplo destaque ao trabalho das rendeiras paraibanas: na coleção que desfila neste mês e em um documentário

Por Luara Calvi Anic
Atualizado em 27 out 2016, 20h01 - Publicado em 26 fev 2016, 10h45

Em agosto do ano passado, a paulista Fernanda Yamamoto, 36 anos, viajou para a região do Cariri, no interior da Paraíba, pela primeira vez. Seu objetivo: encontrar um grupo de rendeiras para ajudá-la na produção da coleção a ser desfilada na edição de inverno da São Paulo Fashion Week, que acontece de 19 a 23 deste mês. Ao chegar lá, topou com mulheres que trabalhavam, sentadas na frente de suas casas – para aproveitar a luz do dia -, bordando a tradicional renda renascença, que tem como marca os motivos florais. Para decorar os casacos, blusas, vestidos, saias e calças com sua característica modelagem ampla, Fernanda pediu uma adaptação às artesãs: o uso de desenhos geométricos criados por ela, como raízes, galhos, rachaduras e outras imagens que remetem ao sertão. “De uma vida muito sofrida que essas mulheres levam, sai esse bordado tão delicado. Só estando lá para ver todo o cuidado com que trabalham”, diz a estilista.
Como nem todo mundo pode visitar o Cariri, Fernanda aproveitou as sete viagens que já fez à região para captar imagens para um documentário que será lançado em 2016. “É preciso que essa renda se torne um patrimônio do país. As mais jovens até aprendem a fazê-la, mas acabam não praticando. A tradição, que era passada de mãe para filha, vai se perdendo. Isso acontece também porque esse trabalho não é valorizado – e as rendeiras ganham muito pouco.” A remuneração, aliás, ganhou atenção especial de Fernanda. Para definir o valor pago pelas peças encomendadas – algumas demoraram até três meses para ficar prontas -, ela contou com a orientação do coletivo feminista Cunhã, que auxilia mulheres nordestinas a fortalecer sua autonomia.
Além do novo desenho, a estilista propôs outra forma de trabalho às rendeiras. Para esta coleção, cada uma delas faria a peça do começo ao fim – não dividiriam as funções, como costumam fazer (enquanto uma borda a frente, a outra costura as mangas, por exemplo). “Queríamos que as roupas tivessem a assinatura e a história de cada mulher”, conta Fernanda. Uma delas é dona Liu, 60 anos, que aprendeu o ofício aos 7 e nele se manteve por paixão. Liu, aliás, não se avexou e fez uma adaptação (muito bem aceita) em um ponto proposto porFernanda para uma blusa. “Elas estranhavam a transparência das peças e os pontos mais abertos, diferentes do tradicional. Mas minha ideia era trazer um olhar novo, plantar uma sementinha. Para mim, tem sido uma experiência transformadora. Espero que para elas também”, diz a estilista. O resultado dessa parceria estará nas passarelas.

 

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