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‘O Tempo Não Para’: nova novela das sete questionará racismo no Brasil

Personagens do século XIX sendo congelados e "revividos" em 2018? Sim, vamos ter essa loucura na próxima novela das sete!

Por Fábio Garcia
Atualizado em 16 abr 2024, 11h29 - Publicado em 13 jun 2018, 16h57

Imagine a cena: estamos em 2018 curtindo uma praia lá no Guarujá/SP quando um grande iceberg se aproxima da praia. Sim, um gigantesco bloco de gelo igualzinho àquele que afundou o navio do Titanic. A diferença, dessa vez, é a presença de um navio do século XIX dentro do gelo, e lá no interior da embarcação estão 13 pessoas daquela época, totalmente congeladas.

O gelo derrete, e os sinais vitais daquelas treze pessoas moradoras do século retrasado são restabelecidas agora no presente. Opa: elas terão de se acostumar a viver num mundo com internet e muitas mudanças culturais. Essa é a premissa básica de ‘O Tempo Não Para‘, a nova novela das sete que virá para substituir ‘Deus Salve o Rei‘ após o final da Copa do Mundo.

É ficção científica?

Estivemos presentes em um evento promovido pela Globo para ouvir um pouco sobre o conceito de uma novela tão doida, mas ao mesmo tempo tão curiosa. Além do autor (Mario Teixeira, de “Liberdade Liberdade’) e do diretor artístico (Leonardo Nogueira), um grupo de atores de ‘O Tempo Não Para’ respondeu às dúvidas de jornalistas e conversaram sobre suas expectativas com essa novela que já promete dar muito trabalho. “Quando comecei a gravar meus cabelos eram escuros”, brincou o diretor artístico mostrando uma cabeleira repleta de fios grisalhos. Também pudera, a equipe da Globo está revirando noites para cuidar dos efeitos especiais da chegada do Albatroz, o navio que foi congelado com treze brasileiros do século retrasado.

Os atores da novela O Tempo Não Para
(Globo/João Miguel Júnior/Divulgação)

Os atores estavam divididos entre os “congelados” e os “contemporâneos“. Edson Celulari interpreta Dom Sabino, dono de mais da metade da Freguesia do Ó que decide viajar com sua família no barco que viria a se congelar, Rosi Campos vive Agustina, a esposa dele; e Juliana Paiva é a protagonista Marocas. Embora tenha nascido no século XIX, Marocas é uma mocinha bem moderna, com valores bem progressistas. Isso se deve a uma educação “de homem” dada por seu pai a todas as filhas mulheres (vamos lembrar que apenas homens podiam estudar naquela época, às mulheres restavam o trabalho doméstico).

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Entre os personagens que vivem em 2018 e estarão diante de uma família do século XIX está o protagonista Samuca (Nicolas Prattes), um jovem gênio e empresário de uma companhia sustentável; a mãe Carmen (Christiane Torloni); e a noiva Betina (Cleo Pires). O mocinho da trama será o primeiro a ter contato com os congelados, e se apaixona perdidamente por Marocas assim que ela consegue sair do iceberg. Sua noiva então se verá na situação de perder o amor dele para uma garota de alguns séculos atrás. Ou seja, é uma viagem, mas ainda assim é bem novelão do jeito que a gente gosta.

Política e racismo

O autor classificou sua novela como “puro nonsense“, ou seja, uma história meio sem sentido. Mesmo assim, apenas o mote tem esse lado mais fantástico, todo o resto conta com uma abordagem realista: “Uma crônica de costumes“, explicou. Com muito humor, ‘O Tempo não Para’ mostrará o processo de adaptação dos congelados às tecnologias do século XXI. Eles descobrirão não só que as cartas e mensageiros foram trocados por WhatsApp e carroças guiadas por animais agora são automóveis, mas também como os costumes estão diferentes.

Leonardo Nogueira explicou como política e racismo serão temas abordados na novela. Dom Sabino é dono de escravos, embarcou no Albatroz dois anos antes da abolição da escravatura pela Princesa Isabel, e se chocará com as coisas de 2018. Ao mesmo tempo, um grupo de pessoas escravizadas que também foi congelado no navio vai aprender a lidar com a vida moderna, em que são livres.

Edson Celulari deu um pequeno spoiler de uma cena com esse tema: seu personagem Dom Sabino dá de cara com Eliseu (Milton Gonçalves), um catador de material reciclável e o vê carregando nas costas manualmente seu veículo de coleta. O congelado não entenderá por que vê um homem negro carregando uma carroça, explicando que nem na sua época alguém colocava escravos para essa tarefa designada aos animais. Assim, Dom Sabino questionará se realmente aconteceu a abolição no Brasil.

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Edson Celulari, Christiane Torloni e Cleo Pires
Edson Celulari, Christiane Torloni e Cleo Pires (Globo/João Miguel Júnior/Divulgação)

A sensibilidade dos congelados é explicada pela própria criação deles. Juliana Paiva, a protagonista da novela, explicou que a família do século XIX já é um pouco moderna para a época dela, por isso eles ficam mais abertos às novidades de 2018. Quer dizer, não todos… Agustina, a personagem de Rosi Campos, é uma tradicional mulher subserviente daquela época e ficará chocada ao “renascer” numa era em que as mulheres conseguem ser independentes e emitir opiniões próprias.

Juliana Paiva e Nicolas Prattes
Juliana Paiva e Nicolas Prattes (Globo/João Miguel Júnior/Divulgação)

No fim, ‘O Tempo Não Para’ vai questionar um pouco também sobre se estamos muito dependentes da tecnologia e das facilidades. Christiane Torloni explicou que se a pessoa não pega o celular ao acordar, para ver o que aconteceu na madrugada e conferir as redes sociais, é como se ela tivesse perdido aquelas 8 horas nas quais o mundo continuou a girar e você foi descansar. Isso é muito ‘Black Mirror‘, mas também é muito ‘O Tempo Não Para’.

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A nova novela das sete tem previsão de estrear no finalzinho de julho, no horário de ‘Deus Salve o Rei’.

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