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Direitos das mulheres: a luta continua

Décadas de protestos e reivindicações resultaram em muitos avanços das mulheres e da sociedade. Mas ainda há muitas bandeiras a ser defendidas

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 31 out 2016, 11h32 - Publicado em 26 Maio 2013, 22h00

“O mundo do trabalho engoliu o pessoal”, diz a pesquisadora Rosiska Darcy
Foto: Getty Images

Desde meados do século 19, há relatos de mulheres que discutiam e protestavam juntas para melhorar o mundo. Essa primeira onda buscava um tratamento igualitário entre elas e eles perante a lei. Culminou, no início do século 20, na conquista do voto feminino.

Na segunda onda, entre os anos 1960 e 1980, brigou-se pelo fim da discriminação, o que nos trouxe mais controle sobre nosso corpo e nossa vida privada.

A terceira, da década de 1990 até hoje, serviria para corrigir ou afirmar aspectos da anterior, levando em conta a diferença entre os gêneros.

Convidamos um time de experts para discutir quais são nossas bandeiras daqui para a frente. Uma unanimidade: precisamos legitimar nossa feminilidade.

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Devemos ocupar mais posições de poder

Rebecca Reichmann Tavares, diretora da ONU Mulheres no Brasil

“Quando estão em posição de autoridade, as mulheres melhoram mais a vida de outras mulheres do que os homens. Empoderadas, elas não só inspiram outras a se tornarem lideranças como mudam a perspectiva alheia com relação ao gênero feminino. Por tudo isso, precisamos lutar por direitos econômicos: as mulheres só têm poder quando têm independência financeira”.

Em busca do trabalho flexível

Toya Lorch, coaching de carreira e sócia da Kampas Coaching e Consultoria, em São Paulo

“Vivemos com o peso de ter de articular interesses contraditórios: por um lado, os psicólogos dizem que os pais trabalham demais e estão ausentes da vida dos filhos; por outro, as empresas exigem cada vez mais resultados. No fim, a família acaba prejudicada. Isso porque as fronteiras entre o setor pessoal e o profissional nem existem mais. Fazemos networking e trocamos informações de mercado até na porta da escola das crianças, conversando com outras mães. E a tecnologia nos permite trabalhar remotamente.

As mulheres de hoje precisam que as empresas aprendam a estabelecer novas relações interpessoais capazes de favorecer o trabalho flexível. Atualmente, funcionários talentosos buscam mais um emprego que se adeque às necessidades pessoais do que cargos no alto escalão”.

A relação sexual pode ser mais feminina

Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos da Sexualidade (ProSex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP

“As mulheres não aprenderam a administrar a liberdade sexual adquirida nos últimos anos. Confundem isso com quantidade e prontidão. Acham que precisam transar muito para ser modernas e não percebem que, no momento em que se obrigam a fazer qualquer coisa, deixam de ser livres. Sugiro que elas digam explicitamente aos homens os seus limites. O sexo deve trazer satisfação emocional.

Outro ponto é lutar pelo sexo seguro. Em geral, as mulheres são negligentes com proteção. Mesmo com informação, não usam a camisinha de forma correta (todas as vezes e durante toda a relação) para não desagradar ao parceiro. Essa decisão ainda cabe aos homens e isso tem de mudar.

Por último, elas devem ter mais consciência sexual, conhecer a própria sexualidade. Precisam se tocar, procurar as zonas erógenas, se explorar física e emocionalmente. Só com mais autoconhecimento é que se conquistará uma vida sexual de melhor qualidade”.

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É preciso valorizar a vida privada

Rosiska Darcy é feminista, pesquisadora e escritora, autora de Elogio da Diferença (Brasiliense) e Reengenharia do Tempo (Rocco)

“O mundo do trabalho engoliu o pessoal. Sofremos uma invasão muito grande da vida profissional na privada. E essa é a realidade para a maioria esmagadora das mulheres dos países ocidentais que trabalham fora.

A solução começa pela identificação e denominação desse problema: essa má organização do tempo a favor do trabalho e em detrimento da vida privada que vivemos hoje é uma questão coletiva, que deve ser amplamente discutida, e não denota o fracasso particular de uma mulher.

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Depois, para haver avanços, é preciso que haja um reconhecimento social do valor da vida privada, que acabou subjugada pela vida profissional. O engajamento das empresas é fundamental para mudar esse quadro”.

Por mais orgulho de ser mulher

Diana Corso, psicanalista e autora dos livros Fadas no Divã e A Psicanálise na Terra do Nunca (ambos pela Artmed)

“Existe um repertório da cultura feminina que renegamos e escondemos nas últimas décadas – e isso prejudicou a chamada transmissão do gênero.

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Portanto, uma meta bacana para as mulheres de hoje é legitimar a transferência da feminilidade ao longo das gerações. Minha mãe e minha avó não me ensinaram a ser mulher. É algo que não acontece com os homens. Eles continuam transmitindo a cultura masculina a seus filhos. Dividem um código de honra – explicando aos meninos que tal coisa é de macho e assistindo a partidas de futebol juntos, por exemplo.

Já nós, mulheres, só partilhamos com nossas filhas as artes da sedução. Falamos de cuidados com o corpo e a imagem: como emagrecer, alisar o cabelo… Isso é reduzir muito nosso repertório. Há tradições essencialmente femininas que deveríamos compartilhar. Nós sempre estivemos nos lugares mais importantes da vida: onde se nasce, adoece e morre. Assim, construímos um pensamento tipicamente feminino, complexo, que precisa ser resgatado. Mas, em geral, não nos orgulhamos de nossas antepassadas, porque julgamos que aquelas mulheres eram submissas. Nós não ocupamos mais um papel de submissão e não precisamos nos envergonhar do passado.”
 

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