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Mulheres brasileiras estudam mais e ganham menos que homens

Estudo Conte com Elas mostra que, quanto mais preparadas, maior é a defasagem salarial em relação aos pares do sexo oposto

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 16 jan 2020, 05h54 - Publicado em 18 dez 2012, 21h00

Mais estudo, mais preparação, mais conquistas e menos reconhecimento salarial
Foto: Getty Images

As mulheres brasileiras hoje estudam mais que os homens, mais que as gerações passadas e representam 60% dos graduados brasileiros, segundo dados da PNAD, a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios. Além disso, são donas de 51,1% dos diplomas de pós-graduação. O quadro é uma resposta ao mercado de trabalho reconhecidamente masculino. E, apesar de serem mais bem preparadas, continuam menos valorizadas que seus pares do sexo oposto. Este cenário é um dos resultados do estudo Conte com Elas, realizado pelo Pensou Mulher Pensou Abril, área da Abril Mídia que nasceu como movimento Habla e tem o propósito de identificar tendências do comportamento feminino.

José Eustáquio Diniz, do IBGE, observa que as brasileiras contornaram a dificuldade de entrar no mercado de trabalho aumentando o nível de qualificação e se preparando melhor para concursos. O problema é que, quanto mais elas estudam, maior é a defasagem salarial – chegam a receber 30% menos que um homem com igual formação acadêmica. Na Alemanha, por exemplo, a diferença é de 22%, como apresenta pesquisa da empresa britânica Mercer.

Dupla jornada

Em média, a brasileira trabalha 39,9 horas semanais fora de casa, no escritório, e outras 23,2 horas, cuidando da casa e da família. O Censo 2010 aponta que 38,7% das casas brasileiras são chefiadas (bancadas) por mulheres. Há 15 anos, eram 25%. Ou seja, as mulheres estudam mais, trabalham mais, têm mais responsabilidades, cada vez menos tempo e ganham menos que os homens no País. Ainda assim, não estão descontentes. É que a brasileira é a mais otimista do mundo, como mostra pesquisa do Centro de Políticas Sociais da FGV, com microdados do Gallup World Poll.

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Enquanto as “irmãs” mundo afora avaliam a felicidade futura em 6.7 (numa escala de 0 a 10), as daqui dão nota 8.6, sendo que as mais jovens acreditam que o futuro será 8.98 no quesito felicidade. Mais: atualmente 95% das brasileiras são fiéis ao empregador e 58% planejam permanecer no mesmo emprego, no mínimo, pelos próximos três anos, conforme dados do estudo A Luta por Talentos Femininos no Brasil, do Center Work-Life Policy, dos EUA. Porém, isso não quer dizer que elas estão bem colocadas nas empresas. No Brasil, quanto maior a empresa, menor é a oportunidade da mulher preparada ocupar um cargo de chefia (presidência ou diretoria). Em empresas com até 50 funcionários, 26,54% das mulheres conquistam a presidência e 26,15% a diretoria. Se há mais de 1,5 mil funcionários, os números são 5,93% e 18,72%, respectivamente.

Para o consultor Reinaldo Bulgarelli, esses dados resumem as características masculina, masculinizada e masculinizante do mercado de trabalho, o que ele chama de MMM. “As mulheres tiram a licença maternidade e se preocupam em como vão ser vistas depois, nessa estrutura MMM. O ideal é que a questão de ser homem ou mulher seja desimportante”, defende. Mas ainda não é. No mundo todo, as mulheres são minoria em cargos e menos remuneradas que os homens. José Eustáquio Diniz, do IBGE, destaca que há esforços para reverter esse cenário. “O Fórum de Davos faz uma campanha junto a empresas para aumentarem a quantidade de mulheres na direção. Existe todo um movimento para aumentar esta participação”, conta.

Mulheres brasileiras estudam mais e ganham menos que homens

Bia, Teca e Marina: geração Y buscando reconhecimento no ambiente de trabalho
Foto: Divulgação

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O que esperar do futuro

De fato, o tema da valorização dos gêneros no mercado de trabalho (gender gap) é cada vez mais recorrente. Assim como o desejo da mulher por empreender. A geração Y tem sede por ser dona de seu próprio negócio e tempo. A estilista Teca e a jornalista Bia (entrevistadas do estudo Conte Com Elas) são bons exemplos dessa parcela. Enquanto Bia decidiu investir em conhecimento para capitalizá-lo junto com o tempo, Teca optou por ter a própria marca de roupas. As duas vivem em São Paulo, onde as mulheres representavam 24% das donas de empresas em 2000.

Em 2020, essa porcentagem promete ser maior que 40%, conforme projeção do Sebrae. Dez anos adiante, em 2030, o pais terá 6 milhões de mulheres a mais que homens – a maioria com idades entre 35 e 59 anos, segundo o IBGE. E elas estarão cada vez mais preparadas para o mercado de trabalho, uma vez que a tendência do investimento em  estudo promete se intensificar, como diz José Eustáquio Diniz. Resta saber se o mercado estará preparado para elas.

 

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Para saber mais:

O movimento Pensou Mulher Pensou Abril realizou o estudo Conte com Elas, em que apresenta o retrato atual da mulher brasileira usando diversas pesquisas e fontes como base. Com o mesmo método, o estudo projeta o cenário e a situação do futuro feminino no país, destacando três aspectos da realidade feminina – talento, tempo e cuidados -, no presente e no futuro.

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